Cioran E. 18/09/2015Aforismos levados à cama.Falando basicamente por meio de aforismos, Pondé volta mais uma vez a tocar nas feridas do politicamente correto. Desta vez, num âmbito pouco discutido da questão, quase privado: o sexo. Mas o faz com a fina elegância e sarcasmo daqueles que conseguem ver além dos jogos políticos que pautam a hipocrisia contemporânea. Essa elegância se apoia em outros grandes mestres do aforismo que são lembrados a todo momento:
"Só gente chique escreve em aforismos. Nietzsche era um deles; Cioran, outro; Karl Kraus, outro." Também encontram-se presentes Nelson Rodrigues, Spinoza, Sade e Freud.
Com textos ainda mais curtos que o seu "Guia Politicamente Incorreto da Filosofia" (muitos com apenas meia página), a prosa aqui não se torna fugaz ou de menor valor. Ao contrário, os insights que surgem são de uma profunda verdade sobre a atual "política sexual" que paira sobre o universo "inteligentinho" e que se alastra como praga por todo o meio social através vírus do politicamente correto.
Evocando grandes pensadores e arquétipos comuns ao cotidiano, Pondé denuncia paranoias e histerias que marcam a crise nas relações afetivas nos nossos dias, estabelecendo paralelos entre o sexo "limpinho" do politicamente correto e o sexo de homens e mulheres "normais", que não foi instrumentalizado pelas teorias de gênero e políticas do ressentimento, aquele sexo cheio de gostos e cheiros, atormentado pelo desejo e pela culpa. Temos aqui, deforma audaz e literal, aforismos levados à cama.