LUA 24/01/2016Missoshiru de ideiasResenha originalmente publicada no Mundo de Tinta:
Olá Pessoal,
A resenha de hoje é sobre o novo livro do autor Felipe Colbert, que para quem não sabe é o editor do Selo Novas Páginas da Editora Novo Conceito.
Eu conheci o trabalho do Felipe através de Belleville (se você não leu, tem resenha no Mundo de Tinta) e achei a maneira como ele escreve tão encantadora que no lançamento de Para Continuar eu quis muito o livro, solicitei pela parceria com a Novo Conceito e o recebi autografado.
E eis que na Bienal do Rio 2016, surgiu uma nova oportunidade. Esbarrarei com o Felipe no stand da Novo Conceito que (diga-se de passagem estava lindíssimo) bati um papo com ele e ainda consegui uma foto e "completar" meu autógrafo.
Depois desse prólogo, onde vocês já devem ter percebido como sou fã dele, vamos a resenha do seu último livro.
"Quando o amor acontece, uma lanterna se acende"
Para Continuar nos conta a história de Leonardo César, o Léo, jovem estudante de Design e Ayako, uma jovem descendentes de japoneses que trabalha em uma loja de luminárias na Liberdade.
Um dia, Leonardo está no metrô e vê uma moça com traços orientais que chama sua atenção. Aquela beleza diferente, escondida sob um véu de cabelos negros e uma calma aparente acaba conquistando Leonardo e ele faz de tudo para se aproximar.Tenta um contato, mas como ela está escutando música não o ouve. Chega a estação a menina desce e ele que só conseguiu trocar duas palavras com ela, fica apenas observando ela se afastar.
Poderia ter sido uma paquera eventual, mas a verdade que Leonardo não a esquece, e memorizou tão bem a menina que chega a desenha-lá.
Então, por mais louco que seja, ele começa a percorrer todos os dias as estações do metrô afim de encontrá-la. (Leonardo não usa ainda o Happn) e consegue. Reencontra Ayako, mas como medo de uma aproximação tem a ideia de segui -la pelas ruas da Liberdade até que a vê entrar em uma loja de luminárias e já sabendo onde encontra-lá, Leonardo começa a se aproximar.
Ayako, é uma jovem de vida simples, que vive no segundo andar da loja de luminárias onde mora com seu Ojiisan(avô) e um rapaz de origem chinesa chamado Ho de quem o Ojiisan é tutor.
Mas nem tudo é tão comum, Ayako na verdade é uma guardiã de um porão de lanternas orientais que aparecem e desaparecem conforme segue a vida dos moradores da Liberdade.
O maior desejo de Ayako é que uma lanterna apareça para ela e quando Léo surge na sua vida, esse desejo está prestes a se realizar...
Eu não tenho outra palavra para descrever esse livro a não ser "fofo".
Embora eu não tenha falado na introdução, esse livro de um é do gênero sick lit, já que Leonardo tem um problema cardíaco congênito que limita algumas de ações e que torna a vida do jovem um pouco tediosa, até que encontra Ayako. Mas, diferente dos outros livros do gênero, ele não se resume a isso. É claro, que o autor explorou a doença de Léo e sua condição limitante para compor a estória e o personagem, sua relações com os pais e amigos, tanto que vem daí o peculiar título do livro, mas isso é só uma parte do todo. Não espere que por ser um sick lit, seja um livro choroso ou melancólico. Tenso, em algumas partes, mas não por conta da doença do Léo, mas de acontecimentos que poderão agravá-la.
Ambientado na Liberdade, o famoso bairro oriental de São Paulo, o livro mostra muitas referências a cultura oriental e suas tradições e nos traz também um pouco de magia na criação das lanternas com relação à seu surgimento e desaparecimento.
Juntando isso tudo, Felipe escreveu um livro de linguagem fácil, atual, jovem e que tem personagem que poderiam ser seus amigos.
Com dois narradores, o próprio Léo nas suas falas e um narrador nas partes de Ayako, a estória vai se sucedendo entre os dois personagem dando uma visão de como suas vidas são diferentes, mas que ao se unirem, acendem uma chama, da qual, eles terão que cuidar a vida toda.
A estória claro, não é só isso. Para manterem essa chama acesa, Ayako e Léo, passarão por algumas dificuldades, criadas por pessoas que também, na verdade, só querem que suas chamas não se extinguam.
Como é costume do autor, nem a doença de Léo, nem a cultura oriental e muito menos a fantasia são "jogados" no livro. A construção de toda a trama e tão bem feita e rica em detalhes, que nenhum leitor se sentirá perdido ao viajar por suas páginas. E eu confesso, que a falta de explicação é um dos motivos que constantemente me fazem abandonar os livros de fantasia. Sou uma leitora que gosta das coisas explicadas e costuradas, coisa que o Felipe faz com perfeição. Tanta que as 224 páginas da trama passaram correndo e quando vi em uma tarde tinha lido o livro.
Depois disso tudo, só posso dizer que mais uma vez, amei um livro do Felipe e mesmo com uma trama um pouco mais "densa" do que Belleville, esse livro me trouxe a sensação de paz e tranquilidade, tão comum aos ensinamentos de origem oriental.
Recomendo o livro a quem gosta de literatura jovem com um romance simples, mas bem orientado. A quem gosta de fantasia "romântica", conhecer novas culturas e a junção disso tudo.
" Também não sei qual o pedido que Ayako enviará para o céu quando nossos bilhetes se desfizerem em cinzas, mas desconfio que tem algo a ver com que nossa lanterna nunca se apague.Só que, creio que se for isso, ela desperdiçou um pedido."
No final,só posso desejar, assim como o Felipe me desejou, uma nova lanterna brilhe em sua vida e que ela não se apague.
Quer criar uma para você? A Novo Conceito criou um site para que você acenda uma lanterna na sua vida. É só acessar o , Para Continuar.
Até mais,
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