PorEssasPáginas 18/11/2015
Resenha: Endgame - A Chave do Céu - Por Essas Páginas
Esse é um daqueles casos raros nos quais o segundo volume, surpreendentemente, é melhor que o primeiro. Sabe aquela história de “a maldição do segundo livro”? Pois é, ela definitivamente não existe aqui. Se em Endgame -O Chamado encontramos um livro inteligente, tenso e emocionante, a continuação Endgame – A Chave do Céu não só manteve o ritmo como deixou tudo ainda mais intenso e, por que não dizer, melhor!
Apesar de ter sido um livro fantástico, Endgame – O Chamado pecava por excesso: muitos personagens e, portanto, muitas histórias, muitas pessoas para conhecer, muitos fatos a apresentar. Em Endgame – A Chave do Céu isso foi superado: apesar de ainda termos vários personagens, já conhecemos a maioria deles, portanto o que se tem é um aprofundamento emocional e, por consequência, o envolvimento do leitor com eles é muito maior. Além de personagens amadurecidos, também existe uma clara evolução na narrativa, que se tornou mais dramática – mas ainda repleta de ação e momentos eletrizantes – e, por fim, um desenvolvimento muitíssimo bem-vindo da trama. O resultado? Um leitor ainda mais grudado nas páginas.
A leitura flui maravilhosamente bem, mesmo frente à densidade da história, os fatos históricos e concretos e as descrições precisas e às vezes até matemáticas de certos acontecimentos. São mais de 500 páginas que praticamente não dá para sentir, devorando capítulo após capítulo. As narrativas de vários pontos de vista dos Jogadores, intercaladas, também foram uma ótima estratégia para manter o leitor focado no livro; apesar de inicialmente frustrante ler o capítulo de um personagem, que inevitavelmente termina em um gancho repleto de tensão, e saber que aquele acontecimento só será desvendado muitos capítulos adiante, a estrutura é inteligente e mantém o leitor na ponta da cadeira, envolvido em diversas tramas e capturado pelas histórias, que se interligam em uma única trama: o Endgame.
“Somos um só. Um povo que pode e ficará unido para superar os desafios de um futuro incerto e inesperado. Somos um só. E vamos precisar contar com nossa boa vontade, nossa caridade, nosso amor, além de nossa humanidade, se quisermos ter uma chance de sobreviver a essa possível calamidade com algum grau de sucesso. Somos um só, meus amigos. Que Deus abençoe cada um de vocês. E que Deus abençoe o planeta Terra.” Página 178
Nesse volume, o jogo continua, ainda mais cruel. O próximo passo é encontrar a Chave do Céu, mas os Criadores foram além, numa jogada brutal contra a humanidade. Alguns Jogadores decidem parar o Endgame, mas quando finalmente descobrem como, percebem também que a solução vai além da sanidade e contra todo seu senso de humanidade. Isso resulta, é claro, numa caçada frenética que não poupará ninguém. Dica: não se apegue a nenhum personagem, todos podem morrer aqui.
Uma das melhores coisas nesse livro, ainda mais acentuada que no livro anterior, é o fato de ser impossível saber para quem “torcer”; todos os Jogadores cometem atos terríveis de violência, mas não é como se pudéssemos julgá-los. Até mesmo os “bons” cometem ações que podem resultar na destruição da humanidade ou ferir inocentes em busca dessa salvação.
A edição da Intrínseca está (quase) impecável: confortável, mesmo com o tamanho da obra, repleta de ilustrações que fazem parte do enigma do jogo e complementam a história (mas dessa vez não tive paciência para procurar, estava focada demais na trama). Mas por que “quase”? Bem, havia vários erros de revisão um tanto desconcertantes: conjugações erradas, palavras repetidas ou a mais, erros de digitação; deu para notar que foram erros de falta de atenção, mas foram em uma quantidade que incomodou um pouco. No entanto, a história estava tão boa, com uma narrativa tão intrigante e imersiva que, olha, nem liguei para esses probleminhas. Da outra vez fui exigente, dei 4,5 estrelas, mas… dessa vez merece 5. Do início ao fim, Endgame – A Chave do Céu foi um livro sensacional, empolgante e dramático, e me deixou numa expectativa sufocante pelo próximo volume. Vale muito a pena.
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