Darkpookie 17/03/2020
Síntese e trechos interessantes
*Retirada da edição Martin Claret*
Nos três livros desta edição, Cícero estuda o significado da honestidade, a ideia de utilidade e, por fim, compara o honesto com o útil.
No livro I, entre outros temas, exalta a natureza e a essência da honestidade, a conservação da sociedade humana, a grandeza da alma, o valor civil e o militar, a tutela governamental, o pudor e o decoro na vida pública, os deveres segundo as idades, o dever do cidadão, a conversação, a habitação, etc.
No livro II, mostra a função do que é útil, que nunca deve ser confundido com o honesto nem com a aparente utilidade que não passa de esperteza. São sempre atuais as páginas sobre a natureza das coisas úteis, a conquista do favor popular, o poder da Justiça, a origem do poder, efeitos da corrupção, liberalidades, lei agrária e abastecimento, virtudes do homem público, etc.
No livro III, confronta o honesto com o útil, considerando que a honestidade deve sempre prevalecer. Exibe os percalços na separação do útil e do honesto. os casos de prevalência nesse confronto, as consequências do juízo honesto com aparência do útil, a oposição de certos prazeres à virtude. Os exemplos que apresenta são merecedores de reflexão.
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"Diz ainda aquele filósofo [Platão] que devemos olhar como inimigos àqueles que fazem guerra à república, e não àqueles que querem que ela se governe pelos seus conselhos, e não pelos nossos."
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"Diz-se que Regulus não deveria recear a fúria de Júpiter, incapaz de fazer mal. Em primeiro lugar, isso não é argumento contra o juramento de Regulus, nem contra qualquer outro. O que se deve levar em conta num juramento é seu valor, e não o temor do castigo. O juramento é uma afirmação religiosa. Ora, o que se afirma dessa forma, tomando Deus por testemunha, é preciso sustentar, não pelo receio da fúria celeste, que não existe, mas pelo respeito à justiça e à boa-fé."
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"Se a deformidade do corpo nos assombra, como estaremos diante da feiura e da perversão da alma!"
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"O alicerce da justiça é a boa-fé, ou seja, a sinceridade nas palavras e a lealdade nas convenções. [...]
Quanto à injustiça, há duas classes: uma que é ação dos que injuriam; outra, que é omissão, quando podendo evitar não o fazemos. Atacar de maneira injusta seus semelantes, por movimento de fúria ou outra qualquer paixão, é como levar a mão à cara do próximo; não impedir uma injustiça, quando tal se pode fazer, é como se abandona seus pais, seus amigos, sua pátria. Uma injustiça premeditada é sempre obra do medo, decidindo-se assim pelo receio, deixando-se prevenir e sendo por isso vítima de si mesmo. Muitas injustiças são cometidas procurando-se o objeto de nossos anseios; poder-se-á afirmar que a ambição é o seu principal móvel."
LIVRO I, capítulo VII