A Casa da Rússia

A Casa da Rússia John le Carré




Resenhas - A Casa da Rússia


5 encontrados | exibindo 1 a 5


Fabio Shiva 15/04/2014

A Revolução da Simplificação
Viajei muito lendo esse livro!

John Le Carré é um autor que realmente soube se adaptar aos novos tempos. E faz jus aqui, mais uma vez, ao título de Rei da Espionagem!

“A Casa da Rússia” é uma autêntica perestroika literária, no sentido de que Le Carré promoveu em sua escrita uma revolução tão profunda quanto as transformações geradas pela era Glasnost no panorama político mundial (“perestroika” significa “reconstrução” e “glasnost” pode ser traduzido como “transparência”).

Percebi essa perestroika literária em dois níveis principais:

1) ESTILO

John Le Carré escreve de forma quase criptográfica, como uma mensagem em código a ser decifrada pelo leitor. É preciso captar os significados ocultos, ler nas entrelinhas, desvendar intenções.

Em “Um Espião Perfeito” (1986), por exemplo, que considero sua obra mais maturada, o ápice de engenhosidade no estilo único de John Le Carré, lembro que cheguei à página 30 tendo apenas uma noção muito vaga do que estava acontecendo. Foi quase como se estivesse lendo o “Ulisses” outra vez.

Já em “A Casa da Rússia” (1989), é surpreendente encontrar um Le Carré direto, transparente, quase simples. E ainda assim continuando a ser Le Carré. Muito bom!

Isso me fez viajar nas transformações da literatura mundial como um todo durante esse mesmo período...

Alguns de meus romances favoritos foram escritos por volta da mesma época que “Um Espião Perfeito”: “Poderes Terrenos” (1980) de Anthony Burgess e “O Nome da Rosa” (1980) e “O Pêndulo de Foucault” (1988) de Umberto Eco.

Todos esses livros têm em comum a exuberância intelectual. Cada um deles é um verdadeiro ‘tour de force’ de erudição. São livros de muita sustança, em minha opinião! Esses livros podem ser considerados “difíceis” hoje em dia, mas acho mais válido seguir a cartilha de sabedoria de meu professor de violão, Idemburgo:

“Difícil é tudo aquilo que não se sabe. Quando se aprende, fica fácil!”

Pois então, fechando essa primeira viagem: “A Casa da Rússia”, com a sua simplificação, preconiza ao meu ver os rumos seguidos pela produção editorial desde então. Todos os livros citados foram ‘Best-sellers’ em seu tempo. Comparando esses com os ‘Best-sellers’ de hoje, fica muito notável esse processo de simplificação.

2) TRAMA

Em termos de história de espionagem mais especificamente, a transformação foi do mesmo tamanho.

Como sempre, qualquer menção à trama de uma história do John Le Carré pode ser considerada ‘spoiler’. Por isso vou expressar a mudança que percebi na trama da seguinte forma: fiquei surpreso – e agradavelmente – ao me deparar com um elemento clichê (ou quase isso) nunca antes encontrado em uma história de John Le Carré!

“Espionar é esperar.
Espionar é preocupar-se.
Espionar é ser você mesmo, porém ainda mais.”

(27/02/14)


***///***
Conheça O SINCRONICÍDIO:
http://youtu.be/Vr9Ez7fZMVA
http://caligoeditora.com/

***///***
ANUNNAKI – Mensageiros do Vento
http://youtu.be/tJhDrVK-BOQ
https://www.facebook.com/anunnakimensageirosdovento


MANIFESTO – Mensageiros do Vento
http://www.mensageirosdovento.com.br/Manifesto.html
José Carlos 29/12/2017minha estante
Ótima resenha! Sou fã do autor! Consegui este livro em um sebo! Estou começando a leitura!


Fabio Shiva 30/12/2017minha estante
Que maravilha, amigo José Carlos! Boa leitura!




RogerBoy 05/10/2019

Poderia ser melhor
Achei o livro interessante e gostei muito do final, contudo acredito que a narrativa tornou o livro maçante. Muitos capítulos são tediosos e repetitivos, desestimulando ou adiando a leitura.
comentários(0)comente



Ricardo Rocha 09/01/2017

dez de dez leitores tendem a responder que entre um filme e um livro preferem o livro.
alguns nem gostam da experiência cinematográfica. outros gostam mas acham uma arte menor - no que estão de certo modo certos. mas se a gente considera algumas coisas periféricas da questão, pode ser que vejamos melhor sob um novo prisma. dez entre dez leitores que se prezam não conseguem ler, por exemplo, tons de cinza, sequer para terem uma opinião a respeito. a opinião termina por ser isso mesmo: é um livro em que é impossível fazer uma leitura decente, que não dá pra ir além da página cinco. é muito ruim. que nem o filme. mas o filme dá pra assistir. porque tem a beleza das cores e da música (e só, mas vamos combinar que é muito). as pontes de madison. é muito ruim. e de onde surgir a beleza inefável do filme? da possibilidade de uma leitura pessoal de ujm diretor que se dá ao luxo de materializar essa leitura, numa obra prima, com atuações esplêndidas e a a tal química entre cliont e meril, que o livro, por óbvio, não tem - não se liberta jamais de sua escrita tacanha. aí a gente encontra a casa da rússia no caminho. a gente não gosta do tema espionagem. não gosta de autores que se especializam, vale dizer: se limitam. e ao contrário gosta das ousadias, por exemplo, de patricia highsmith que saiu do sol e entrou em carol, de simenon, que ficou com maigret fazendo bico e escreveu de verdade em seus pequenos romances assim chamados "duros", como a neve estava suja e o quarto azul (e o mais bacana, sem deixarem de ser eles mesmos na escrita, em suas boas escritas). a gente fica confuso com certo tipo de trama em que não consegue entender (ou demora para) o que é o que e quem é quem. e por aí. pois essa pessoa, ainda assim, amará a casa da rússia, porque essa pessoa viu o filme e o filme, dentre outras coisas, tinha o mais perfeito par romântico do cinema, sean e michelle no auge, e porque os dois protagonizam a mais bela declaração de amor da história do cinema, que no livro, se bobear, passará meio batida, mas não quando envolvem esses dois com esse texto, num filme que conseguiu nos prender apesar de tudo jogar contra (contra esse tal leitor). e de repente, ao ler a passagem, o céu se abre... e as duas cenas estarão ali, a do filme e a do livro, a mesma, duas, juntas, para sempre em nossos corações. no filme, só vendo... no livro:
"Conversa com ela e faz com que use a palavra "conveniente" com o um sinal de segurança. Em troca, inclui a palavra "francamente" na sua descontraída contribuição para aquelas conversas informais. Não discutem nada de pesado; não falam de amor, nem de morte, nem de grandes poetas alemães. Apenas: Que tal vai isso? Diga-me francamente, Katya, a feira não a tem esgotado? Que tal vão os gémeos? E o Matvey? Continua a se deleitar com o cachimbo? O que, traduzido, significa "amo você, amo você, amo você com toda a força do meu coração". (John Le Carré - A Casa da Rússia)
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



5 encontrados | exibindo 1 a 5


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR