Marcos 22/01/2015Resenha feita por mim para o blog PsychobooksComentários
Enredo
O livro começa narrando uma cena em que sabemos que estamos num casarão abandonado na Itália, em 1944 e que em um dos quartos encontra-se um homem com o corpo completamente queimado, sem conseguir se comunicar com ninguém. Também saberemos que há uma pessoa, uma mulher, que cuida dele, mas não sabemos qual a relação entre os dois nem o que os levou àquela situação.
Posteriormente somos apresentados aos personagens principais. Hana é uma enfermeira que serve ao exército de seu país no campo de combate. Em uma missão de deslocamento de uma cidade a outra, ela se voluntaria para cuidar de um paciente que está em condições graves e que não pode seguir viagem junto com a tropa. Para isso, ela habitará um casarão abandonado numa villa, uma espécie de aldeia, no interior do país que está repleta de minas explosivas deixadas pelo exército alemão. À medida que vai recobrando a memória, seu paciente vai lhe contando fatos de sua vida e explicando as motivações que o levaram à situação em que está naquele momento.
O paciente, que é colocado como inglês mas que na verdade tem nacionalidade húngara, começará a narrar o seu passado, o que envolve um tórrido romance com uma mulher casada e uma trama envolvendo o exército da Alemanha no período pré-guerra.
Narrativa
A história tinha tudo para gerar um grande livro, mas é nesse ponto em que há o maior pecado. O autor usa de uma narrativa não-linear, colocando os fatos da trama principal de forma aleatória, sem seguir uma linha do tempo. Ora temos uma cena do passado remoto do paciente, ora temos uma mais recente, e assim por diante, de forma a criar uma série de fragmentos que tem que se conectar na cabeça do leitor para que se crie uma linearidade entre eles. Por isso, a leitura desse livro é extremamente complexa.
O vocabulário usado por Ondaatje também é muito rebuscado. Em alguns momentos ele usa de aforismos demasiados para explicar uma coisa simples, que poderia ser dita com poucas palavras, de forma mais objetiva. Outro ponto que me deixou confuso durante a leitura foi o fato do autor misturar as narrativas em primeira e terceira pessoa dentro de um mesmo parágrafo, às vezes até mesmo em frases sequenciais. Isso fez com que eu tivesse que reler várias vezes alguns trechos do texto para conseguir compreendê-lo.
O romance em si é bem desenvolvido, a história é boa e o final é emocionante, mas a forma como ela foi contada e a escrita arrastada e demasiadamente rebuscada do autor faz com que terminar o livro seja desgastante.
Adaptação para o cinema
O livro foi adaptado para o cinema em 1997, ganhando o Oscar de melhor filme do ano, dentre outras 8 estatuetas. Assisti a adaptação e o que mais gostei foi a forma como o diretor organizou as cenas para que o espectador entendesse a história. Na adaptação se intercalam as cenas do passado do paciente, seu romance e sua relação com a guerra, com o seu momento atual, debilitado e sendo tratado por Hana. Isso fez com que eu entendesse alguns pontos da história que eu não tinha conseguido com a leitura.
Tecnicamente o filme é bem feito, com um excelente trabalho de fotografia e de maquiagem, mas achei a trama toda muito estendida e a duração muito longa. Se fosse encurtado, talvez ele tivesse uma fluidez melhor da história.
Considerações
O Paciente Inglês era um livro para o qual eu tinha boas expectativas com relação ao seu conteúdo, por tratar de temas que eu adoro em tramas de ficção, como as grandes guerras mundiais. Porém, o autor tentou rebuscas tanto o livro que acabou tornando a leitura chata e arrastada. Percebe-se que a história é boa, mas a falta de uma storyline coesa faz com que se perca todo o seu promissor brilhantismo.
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http://www.psychobooks.com.br/2015/01/resenha-o-paciente-ingles.html