Gabriela.Stankiewicz 09/08/2016Susie Salmon, Salmon como o peixe.Susie tem sonhos, tem amigos, tem família. Mora em uma casa simples de um bairro familiar. Vai para a escola e gosta de poesia. É apaixonada por um colega de classe e ainda sabe pouco sobre a vida. Susie morre aos 14 anos. A história que ela vai nos contar acontece após sua morte. Estuprada e morta por um vizinho no milharal, é assim que ela começa.
De longe da Terra, Susie observa sua família, vizinhos, amigos e conhecidos reagirem a sua morte, ela vê o esforço de cada familiar em tentar seguir em frente. Seus dois irmãos mais novos tentando entender o que é a morte e seus pais procurando por algo que nunca vai preencher o vazio deixado por sua precoce morte.
Uma Vida Interrompida é mais do que uma história sobre morte e superação, é a história não contada sobre o íntimo da família que tenta seguir em frente sem um corpo para velar, sem um local de descanso, sem esperanças de encontrar quem a matou. E que mesmo após anos depois de sua morte, insiste em deixar sua lembrança viva dentro de cada um.
De longe um dos livros mais tristes que eu já li, Uma Vida Interrompida me desafiou em diversos sentidos. Dificilmente saio da minha zona de conforto quando se trata de livros, mas abri uma exceção para este que me conquistou pelo filme. Sim, pelo filme. Assisti o filme logo quando lançou, dirigido por Peter Jackson e chamado Um Olhar do Paraíso. Admito que os efeitos visuais e a trilha sonora me conquistaram de primeira e quando eu descobri que havia sido adaptado de um livro tive que pôr na minha listinha de livros obrigatórios para ler. Obviamente demorei um pouco para isso mas aqui estou eu após ter lido o livro e se querem saber de uma coisa... Não assistam o filme!
Eu sei, contraditório, afinal, eu amei o filme. Porém, como muitas adaptações o filme é extremamente diferente do livro. Não estou proibindo de assistir, mas se você quer ler o livro, não assista antes ou vai criar expectativas sobre a obra que não condizem com o que vai encontrar no livro. Em uma breve comparação, o filme retrata muito mais o céu de Susie, enquanto o livro retrata muito mais a Terra para a qual Susie olha. Enfim, questões hollywoodianas. Talvez por isso eu não tenha me apaixonado tanto ao livro, pois eu esperava DEMAIS de algo que na verdade nunca foi escrito.
Mesmo assim, o livro continua encantador. Nos leva dentro de cada coração que habita aquelas páginas e podemos definitivamente sentir a angústia, medo, emoção, felicidade, dúvida e tantos outros sentimentos que são abordados na obra. Alice Sebold escreve de uma maneira peculiar que me prendeu ao livro, mesmo sendo muito triste (pro meu gosto) não pude deixar de ler pelo menos umas 50 páginas por dia. Minha avaliação leva em conta a experiência de ter assistido o filme antes, entendam por favor.