Mah 07/02/2016[3.5 estrelas!]
A princípio, fui atraída por esse livro pelo fato de ele ser uma história aparentemente única - uma vila, dependente da troca de minérios com (e da boa vontade de!) uma cidade na base da montanha para receber comida, uma história com uma cultura oriental e além de tudo - as pessoas são surdas e estão ficando cegas!! Mini-desespero lendo essa sinopse, fiquei bem curiosa..
Richelle Mead foi bem detalhista com as descrições dos ambientes, dos costumes, do dia-a-dia da vila e principalmente, das relações de Fei com seus mestres, colegas de sala e com os demais da cidade. O sistema de castas é simples, designando bem quem é respeitado e quem é inferiorizado, e é fácil perceber quais os problemas sociais da trama. O fato das pessoas já serem surdas e estarem ficando cegas aumentam ainda mais as injustiças entre os cidadãos.
Fei é uma garota comum, sem grandes qualidades aparentes a não ser por sua extrema destreza na pintura e no desenho. Sua vida muda quando ela, como em um passe de mágica, passa a escutar novamente. Ela tem uma irmã (Zhang Jing) e um melhor amigo de infância (Li Wei). A situação fica crítica quando, após a irmã perder o posto de aprendiz e o pai de Li Wei morrer nas minas - ambos por conta da cegueira que está de propagando pela vila -, Fei e Li Wei decidem partir para a cidade no pé da montanha afim de pedir mais comida ao “line keeper” (guardião da linha, TL).
Se você está esperando uma super aventura épica, aviso já que você pode se decepcionar um pouco. A trama em si é bem resolvida, até um pouco previsível. Para os leitores mais “maduros” e mais acostumados com literatura fantástica, o resultado é no mínimo esperado.
Alguns pontos importantes:
- Eles tratarem a surdez como um “defeito”. Richelle Mead poderia ter aproveitado a deixa para explorar um universo onde ser surdo/cego não é um defeito, e não te impede de viver. Apesar de eles viverem “super bem” em sua condição pelas primeiras 50 páginas, o fato da protagonista voltar a escutar já é um sinal de que todos irão querer “melhorar” desse “defeito”. Me incomodou bem pouco, mas achei a oportunidade desperdiçada!
- A comunicação entre eles era descrita como linguagem de sinais, e todas as “falas” eram diferenciadas por estarem em itálico, porém no texto estava escrito coisas como “eu disse”, ou “ele falou”… isso foi bem confuso! Tinha momentos que eu esquecia que eles não falavam e ficava pensando “revisor esqueceu dos travessões!!”.
- Muita gente reclamou do romance, eu achei até que bem explicado. Eles eram amigos de infância, ela sempre teve uma queda por ele - e vice-versa… Eles foram “separados” por terem se tornado de castas diferentes. Quando viram a oportunidade, ficaram juntos! Eu achei tudo bem tranquilo, e a transição entre amigos/namorados foi bem natural.
- Achei que teria mais sobre a cultura chinesa, e senti falta no decorrer da história. Os únicos momentos que senti que estava na China eram quando os “pixius” foram mencionados e quando ela dizia que os escritos eram os mesmos símbolos que ela usava na vila (o que pode ser interpretado de várias maneiras, porque letras do alfabeto romano TAMBÉM SÃO SÍMBOLOS, mas eu quero ser romântica ok?? Ok!)
- O livro tem 272 páginas mas é um livro loooooooongo…. Como eles não falam, existem grandes pedaços de texto, e por vezes isso pode ser bem cansativo.
Em um resumo: o livro é bem bacana, a leitura é agradável e relativamente rápida (li o livro em um dia!!). Apenas algumas coisas me incomodaram, mas a escrita da Richelle Mead me encantou e ainda quero mais!!
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