Micael 06/05/2020
“Eu sou Malala”, é um dos livros de grande destaque da atualidade que nos relata a egrégia história da paquistanesa, que se tornou ícone ativista, ao ser reconhecida como a pessoa mais jovem agraciada com o Nobel da Paz. Sendo que esse posto era ocupado anteriormente pelo físico australiano Lawrence Bragg de 25 anos.
Sua aparição na mídia mundial se deu a partir de nove de outubro de 2012, quando Malala voltava da escola, um pouco mais tarde do que o habitual, pois era época dos exames escolares, por este motivo vinha no ônibus em horário diverso do que fazia habitualmente, “quando dois rapazes com lenços amarrados no rosto saíram para a estrada e fizeram o ônibus parar de repente”.
O trecho acima extraído da biografia da garota descreve o momento crucial, em que o atentado consumar-se-ia, seu relato continua: “não tive chance de responder à pergunta deles: Quem é Malala?”. Nisto a estudante é atingida por um tiro, sendo que os outros dois disparos alvejam suas colegas.
A obra que ora abordo, não faz referência apenas ao momento tragídico da história da jovem, mas, narra à trajetória que culminou no atentado e nos responde as perguntas e questionamentos que levaram o Talibã, regime totalitário que perdia o poder em todo Oriente Médio, a cometer tamanha barbárie.
Aos 13 anos, ela escrevia um blog para a BBC, sob o pseudônimo de Gul Makai. Destarte, ela ganhou notoriedade por expor a vida do cidadão sob o regime opressor do Tehrik-i-Taliban Pakistan (TTP), ainda as lutas para recuperar o vale, uma vez que foram forçados a ir para a zona rural sob o regime militar; além da proibição da educação de meninas que aconteceu entre 2003 e 2009.
Curiosidade acerca do nome de Malala, é que seu pai o escolheu em homenagem a patriota afegã Malalai de Maiwand, a qual inspirou o seu exército a derrotar o britânico na Segunda Guerra Anglo-Afegã, em 1880. A heroína paquistanesa foi morta, mas sua coragem ao marchar no campo, diante das tropas, inspirou os homens a virar a batalha. “Malalai é a Joana D’Arc do pachtuns”, afirma a própria Malala em seu livro.
Além disso, a obra nos oferece várias informações sobre o Islã, que ainda é muito incompreendido pelo Ocidente, a partir do estabelecimento de pré-conceitos. Deste modo, há possibilidade de distinguir a religião islâmica de determinado grupo político-religioso que se utilizou do aspecto doutrinário da fé para atender a propósitos particulares. Há, portanto, uma tentativa de restabelecer o Islã, que não deve ser confundido com o Talibã.
Malala novamente é feliz em sua colocação quando afirma que “Nós pachtuns, somos um povo religioso e amoroso. Por causa do Talibã, o mundo todo anda dizendo que somos terroristas”. Ademais, é necessário reconhecer a força motriz da menina que possui suas convicções enquanto mulher e cidadã, e que estas não geram conflito com o dogmatismo religioso que, inclusive, contribui para as suas manifestações e reivindicações.
Sic et simpliciter é que sua luta foi e continua sendo admirável, sua coragem e autonomia nos faz convite para que não haja alienação por parte da sociedade civil, deixando o alerta com o objetivo de que não se conceba novo exemplo de vítima do mal do mundo. E encerro com trecho de seu discurso, quando na sede da ONU, que “Uma ideia simples que pode mudar o mundo: deixe-nos estudar, ter educação, ter livre arbítrio, livre pensamento”! Isto basta.
site: https://gazetanortesc.com.br/nunc-et-semper%c2%b9-o-legado-de-malala-na-ampliacao-do-direito-fundamental-a-educacao/