Lara 12/05/2020
Uma perspectiva diferente.
Como primeira observação, indico que deem uma olhada no glossário e no capítulo "uma observação sobre os autores" antes que comecem a ler, pois eu não fiz isso e me arrependi amargamente quando descobri só no final da leitura que existia um glossário para além das referências. Ainda sobre as referências, ELAS SÃO MUITAS POR CAPÍTULO, a leitura fica entrecortada e faz com que a compreensão total dos dados seja mais demorada, inclusive, às vezes irrelevante e cansativo ter que interromper todo o raciocínio em que você estava sendo conduzido. Mas tenho ressalvas, nas quais as observações acima, não devem ser levadas em conta. 1º Se é estritamente necessário você entender os termos, no caso DE VOCÊ POSSUIR UMA STARTUP/EMPRESA em que a tecnologia/inovação sejam fatores imprescindíveis. 2º Se você é um ávido estudante/pesquisador de adm/gestão/empreendedorismo ou áreas afins. Fora essa questão, a leitura é fluida. Não era o conteúdo que eu esperava encontrar, mas não posso dizer que a surpresa tenha sido desagradável.
O livro ensina como construir uma base cultural sólida, acreditar nos seus próprios slogans, e também vale ressaltar a excelência, do específico e bem estruturado método de contratação, "contrate pessoas espertas o bastante para propor ideias novas e loucas a ponto de achar que talvez deem certo." (P286), seus funcionários que são chamados de "Criativos inteligentes", e os processos seletivos passam por qualificar os entrevistadores (existe um comitê pra isso e pra regulamentar tudo o mais, você vai entender no livro) também passa por contratar com diversidade: "perspectivas plurais criam inspirações que não podem ser ensinadas." (P155), passa pelo exemplo: "Com essas atitudes, os líderes demonstram sua natureza igualitária — estamos todos juntos e nenhum de nós está acima das tarefas mais humildes que precisam ser feitas. Porém, eles fazem isso principalmente porque se importam com a empresa. Liderança exige paixão." (P92), e também em como mantê-los: "E não se esqueça de fazer as pessoas sorrirem. O elogio é uma ferramenta de gestão subutilizada e subestimada." (P270).
Fazem questionamentos muito dificéis porém necessários, como: "As decisões sobre novas ideias são baseadas na excelência do produto ou no lucro?"(P342), e "Os consumidores gostam dos seus produtos ou estão presos a eles por outros fatores que podem desaparecer no futuro?"(P342).
Entram no mérito do papel do governo no incentivo a ruptura das empresas tradicionais e criação de um ambiente no qual os Criativos inteligentes possam inovar sem o enfrentamento de tantas leis restritivas, que é o caminho natural que um político segue, levando em consideração que as empresas consolidadas tendem a ter muito mais dinheiro do que as inovadoras e são especialistas em usá-lo para subjugar a vontade política de qualquer governo democrático, e ainda sobre o papel dos políticos, destaco um cenário no qual o governo possua uma boa infraestrutura digital assim como uma boa política de imigração. Não é o que nós vemos no Brasil, onde os que criam as regras são os mesmos que amanhã ocuparão cargos executivos no setor privado e que se beneficiarão dessas mesmas regras.
"O futuro é tão brilhante..." é um capítulo encantador bem no estilo "visão poliana sobre o futuro" com soluções tecnológicas que não afetariam na demanda por trabalho "humano" e ao mesmo tempo trazendo algumas prospecções de projetos em nichos específicos que podem ser implementados por qualquer um com criatividade, talento e inteligência, e que irá se encaixar bem no mercado, também tem importante avaliação à luz do futuro mercado, levando em consideração todas as atividades que sofrerão modificação através e pela tecnologia na primeira metade do século XXI.
O último capítulo é ao meu ver, um pronunciamento de humildade e uma declaração, em primeira análise, um tanto antagônica em comparação ao restante do livro (que é em si bastante otimista), e digo antagônica pois ele afirma ter essa "visão Poliana sobre o futuro" acima citada, neste capítulo é projetado um cenário em que o google se torna obsoleto (algo que nós nem ousaríamos pensar) graças aos esforços de novos "criativos inteligentes" esporadicamente usando esse mesmo livro como base para novas ideias e soluções inovadoras para os problemas de amanhã, e a "morte" do google é visto como algo natural e inspirador. Hipocrisia ou não, eu nunca irei saber, mas prefiro acreditar que não.