Discoteca Básica

Discoteca Básica Zé Antonio Algodoal




Resenhas - Discoteca Básica


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Luis 01/05/2015

Os Sons nossos de cada dia
Foi atração à primeira vista. Em um começo de noite de sábado, março de 2015, após um exaustivo dia extra de trabalho, entro na Livraria Cultura do Centro do Rio, procurando pelo livro “Teletema” (Guilherme Bryan e Vicente Villari) então recém lançado e só ali à venda. Enquanto o atendente vai atrás da obra no estoque, fixo a minha atenção em um pequeno mas vistoso volume, com uma capa mostrando o desenho de um disco de vinil e o título em letras grandes, “Discoteca Básica” (Edições Ideal, 2014). Em pouco mais de uma rápida folheada, descobri tratar-se de uma coletânea de textos, onde 100 personalidades escolhem seus discos prediletos, comentando e explicando cada seleção. Como de vez em quando acontece, uma súbita sensação de que aquele livro, pra mim desconhecido até minutos antes, tinha que ser adquirido de imediato. Voltei pra casa com ele. Os leitores compulsivos me entenderão.
Passadas algumas semanas, me aventurei pelas páginas organizadas por Zé Antônio Algodoal e aquela primeira impressão foi de fato confirmada : “Discoteca Básica” não poderia faltar na minha estante.
O primeiro destaque é realmente o capricho gráfico da edição. Capa e papel de primeiríssima qualidade, com todas as ilustrações coloridas, trazendo as artes originais dos álbuns citados. Para os fãs da velha cultura do vinil, esse detalhe é fundamental. Aliado a isso, uma sacada interessante : as capas internas reproduzem os manuais com especificações técnicas de antigos modelos de toca discos. Deu água na boca.
Como todas as coletâneas, há alguma disparidade entre os textos publicados, desde de verdadeiras odes que, sozinhas já valeriam o investimento , como as assinadas pelo chef Alex Atala, pela diretora de TV Anna Butler, por Astrid Fontenelle e pelo próprio autor, até comentários sumários que pouco acrescentam à proposta da edição, como por exemplo, o de Jô Soares. Da mesma forma, um outro ponto poderia ser melhorado : por padrão, foram dedicados inicialmente duas páginas por convidado, para alguns mais prolíficos, cujos textos ultrapassavam esse limite, a continuação seguiu ao final do livro, o que atrapalha um pouco a dinâmica da leitura. O ideal seria ter adequado o espaço ao tamanho de cada texto.
Embora válidas, essas observações não obscurecem a qualidade do trabalho. Cada relato pode representar uma descoberta ou o doce sentimento de reconhecimento de que, aquele disco que tanto fez a nossa cabeça, pode ter tido influência igual ou superior em outras pessoas. Experimentei isso muitos vezes ao longo da leitura e, em especial, quando Clara Averbuck evocou entre suas escolhas o seminal “Ram” de Paul McCartney, uma das trilhas sonoras da minha vida.
O final do livro também reserva boas surpresas. Para os que conseguem segurar a ansiedade, o recomendável é que não pulem páginas, dessa maneira fica ainda mais saborosa a compilação de dados que nos mostram os discos e artistas mais citados pelos convidados. Não vou revelar quais, mas, como aquele velho chavão das torcidas de futebol, poderia levantar um cartaz com os dizeres “Eu já sabia”.
Mesmo não sendo uma proposta totalmente original ( só para citar um da mesma seara, temos o sensacional “Noite Passada um disco salvou minha vida”, de Alexandre Petillo) “Discoteca Básica” cumpre com sobras o papel de registrar em letra de forma as emoções mais distintas que um álbum, tocado no momento certo, pode desencadear.
Uma antiga inscrição que vinha impressa nas capas dizia que “disco é cultura”. Vou além. Alguns deles trazem os sons que enchem de cor as nossas vidas. Faixa por faixa, tanto no lado A, como no lado B.
Sander Karva 29/04/2019minha estante
Ótima descrição. Parabéns.


Luis 03/05/2019minha estante
Obrigado Sander. Um abraço.




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