Bia 30/03/2016Resenha publicada no Blog My Queen SideAdoro contos de fadas, e um dos meus prediletos é Alice no País das Maravilhas. Confesso que nunca li o livro em si, a não ser aqueles contos distribuídos em escolas públicas. Os incontáveis filmes adaptados a partir da história original me fascinam. E, para falar a verdade, sempre achei tudo muito sombrio.
A grande vilã desse conto é a Rainha de Copas. Sempre tive curiosidade para saber mais a respeito dessa personagem e, quando a Fran me ofereceu a obra inspirada justamente nela, fiquei receosa (por pensar se tratar de uma romantização) e animada ao mesmo tempo. Ainda bem que não dispensei, pois a leitura não foi menos que maravilhosa.
Dinah é princesa no País das Maravilhas. Sua mãe falecera e, desde então, o país passou a ser governado exclusivamente por seu pai.
De acordo com as regras do reino, quando o rei ou a rainha morre, o trono é passado para o filho mais velho ao completar 18 anos. O filho mais velho do rei é Charles, o Chapeleiro Maluco, e sua loucura o impedia de assumir o trono. Assim sendo, Dinah seria a sucessora, e faltava pouco para isso acontecer.
Devido a influência dos grandes estúdios de animações, princesa em nosso cérebro é sinônimo de delicadeza e beleza excessiva. Não no caso de Dinah. A personagem é desengonçada, não é tão bonita, é alvo de chacotas dos empregados reais e dos demais moradores do País das Maravilhas. Não bastasse isso, seu pai parecia odiá-la. Não, na verdade ele a odiava, a maltratava e ainda fazia atrocidades com seu psicológico.
Um dia, esse será meu Grande Salão. Todas essas cartas irão se curvar diante de mim, quando eu reinar ao lado de meu pai, e cortarei cabeças de quem rir ou até de quem olhar pra mim. (página 17)
Sua salvação eram Emily e Harrys, os empregados designados a cuidar dela, e seu amigo Wardley, por quem era apaixonada.
Certo dia, o rei convoca a todos e apresenta Vittiore, sua filha, fruto de uma traição. Sendo mais nova, o trono ainda seria de Dinah; porém, ninguém imaginaria a raiva que nossa futura Rainha de Copas sentiu. Além do fato de ser revelado para todos do reino a infidelidade do pai, manchando a memória de sua mãe, ele tratava a irmã de forma diferente. Mais carinhoso e amável. Sem contar que Vittiore agradou a todos do reino com sua beleza e graça, demonstrando ser uma verdadeira princesa.
Reinar o País das Maravilhas não é para os de coração mole, e a coroa pesa, você sabe disso. (página 45)
Eu amei a construção da personagem Dinah. Ela não é hipócrita, tampouco uma princesa carregada de tanta bondade que deixa todos fazerem o que querem. Dinah é determinada, e acaba vendo que a melhor maneira de ser respeitada é se impondo. Esperta, inteligente e muito corajosa. A maldade existente à sua volta; está, de certa forma, influenciando sua personalidade. E não sei se acho isso bom ou ruim, pois algumas vezes gostei muito de ela ter agido com maldade com algumas pessoas.
Quando achamos que a história será apenas sobre uma princesa que não é aceita pelo seu reino, tampouco por seu pai, fatores sombrios e misteriosos tomam conta de tudo, nos trazendo novos rumos e surpresas.
É uma fantasia sombria, que nos traz outros subgêneros como romance e drama. Narrado em terceira pessoa, mostra ao leitor uma visão ampla do reino e de todos os personagens da trama. Acredito que, narrado dessa forma, nos permite tirar nossas próprias conclusões das situações e dos personagens. Sendo assim, foi o primeiro ponto positivo que enumerei.
Praticamente delirava a cada vez que reconhecia um personagem do clássico. O Chapeleiro Maluco, o gato, o coelho... Foi ótimo revê-los sob um novo ponto de vista.
Acho importante ressaltar que se trata de uma série, e não ter o segundo livro em mãos foi a única parte ruim da leitura (rs). Amei a construção dessa nova história, a autora criou algo original e esplêndido, e estou aqui louquinha pela sequência. Foi uma das melhores perspectivas do País das Maravilhas que já conheci, com toda certeza.
Claro que uma futura Rainha de Copas merece meu coração. Favorito .
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