Maria - Blog Pétalas de Liberdade 30/01/2016O teste continua... "A desconfiança e a raiva levaram governos a gritar palavras furiosas. Palavras furiosas fazem com que bombas sejam jogadas. Um mundo destruído." (página 149)
Como é o segundo livro da trilogia, precisarei fazer um breve resumo do primeiro livro, mas fiquem tranquilos que não há spoilers. Sendo uma distopia, a história se passa num futuro onde guerras nucleares e a consequente fúria da natureza mudaram drasticamente o planeta, e a parte da população que sobreviveu precisa restaurar a terra, contando com a inteligência dos formandos da universidade. Para entrar na universidade, alguns dos alunos mais notáveis são selecionados para fazer o Teste na capital, Tosu City, os que são aprovados tornam-se os futuros "cientistas, médicos, professores e oficiais do governo".
Quando tinha 16 anos, Cia (Malencia Vale) foi selecionada para o Teste e ficou muito feliz com isso, já que ir para a universidade era seu sonho, mas o Teste foi algo muito mais cruel do que as provas escritas e físicas que ela esperava. Um teste de uma crueldade que não era de conhecimento de toda a população, já que a memória dos candidatos era apagada após o fim da prova. Ela sobreviveu (afinal, ela é a protagonista e se não sobrevivesse, não teria como a trilogia ter continuação), e o segundo livro começa alguns meses após o fim do primeiro, quando Cia, aos 17 anos, era uma das calouras da universidade.
Mesmo tendo suas memórias apagadas, Cia tinha dúvidas, e uma necessidade enorme de saber se seus colegas e professores haviam realmente sido capazes de fazer as coisas que ela suspeitava. Sua situação ficaria mais complicada ao perceber que após entrar para a universidade, continuaria tendo que enfrentar provas muito mais complexas do que questões sobre ciências, história ou matemática, provas que poderiam tirar a sua vida e a de seus colegas, já que boa parte dos universitários não chegava a se formar. Esse baixo número de formandos estava levantando questionamentos da presidente da Comunidade das Nações Unidas, e talvez Cia pudesse encontrar provas que levassem ao fim do Teste e, consequentemente, impedissem que uma nova guerra acontecesse na Comunidade das Nações Unidas. Mas até onde ela poderia se arriscar? Em quem ela poderia confiar?
Eu amei o primeiro livro e estava ansiosíssima pelo segundo. Há erros de revisão, demorei para distinguir os novos personagens, gostei mais do primeiro, e ainda assim dei 5 estrelas para "Estudo Independente" no Skoob! Por que? Porque ele me fez gostar ainda mais da história escrita pela Joelle Charbonneau! Me tornei ainda mais fã da Cia; uma garota que nasceu e foi criada em uma pequena colônia onde a família, os amigos e a restauração da natureza eram as coisas mais importantes, e que tem que aprender a se adaptar em um novo cenário, onde chegar primeiro, tirar as maiores notas e tentar não sair da obscura linha traçada pelos donos da universidade parece ser o mais importante, e mesmo tento sangue nas mãos, a Cia não abandona totalmente os seus valores.
"- Os líderes não esperam pelos outros - Damone chuta uma pedra e faz com que ela voe sobre o parapeito.
- A Cia esperaria - diz Will. - Os verdadeiros líderes vão além de se esforçar para chegar à frente de todo mundo.
- Ninguém chegue quem chega por último. Você seguiria?
Não sei. A dúvida sobre a minha resposta faz com que eu acelere o passo." (página 102)
Gostei que o segundo livro trouxe algumas respostas sobre coisas que haviam me deixado em dúvida no primeiro: eu havia achado absurdo deixar que parte dos melhores alunos selecionados para o Teste morressem, afinal, por que não deixá-los livres para trabalhar em outras áreas se eles eram inteligentes o suficiente para serem selecionados e o planeta ainda estava em reconstrução? O problema era justamente a inteligência desses candidatos, que os organizadores do Teste não queriam que fosse utilizada sem que estivesse sob o controle do perverso sistema deles. Lendo o segundo livro, ficou mais claro para mim o perigo da autonomia dada pelo governo ao Teste.
Enfim, em "Estudo Independente" temos novos e surpreendentes personagens, temos provas tão difíceis quanto as do primeiro livro (ainda que com uma duração menor), temos a Cia provando que realmente pode ser uma líder, além de muitas surpresas e reviravoltas durante toda a trama. "Estudo Independente" tem um ritmo um pouco menos acelerado e desesperador (no sentido de deixar o leitor com "o coração saindo pela boca") que o primeiro livro, no segundo livro a Cia tem que usar um pouco mais a cabeça, a inteligência, do que a agilidade física e a emoção, mas o final me deixou com muita vontade de ler o último livro, "A Formatura" (já lançado no Brasil), ainda que não me sinta preparada para me despedir dos personagens.
A parte visual segue o padrão do primeiro: a capa traz elementos que tem a ver com a trama, eu achei ela bonita (mas a do primeiro é mais), o título e a imagem central são em alto-relevo, vem um marcador para destacar na orelha. A diagramação está boa, com margens, letras e espaçamento de bom tamanho, as páginas são amareladas e com uma textura porosa e, como dito anteriormente, a revisão poderia ser melhorada.
Por hoje é só, espero que vocês tenham gostado da resenha e que leiam a trilogia se tiverem a oportunidade (alguém aí já leu?). Fica minha recomendação tanto para quem gosta de distopias quando para quem não é muito fã do gênero (eu leio poucas distopias, mas essa é minha favorita até agora), recomendo também para quem gosta de histórias que prendem o leitor, que fazem com que mergulhemos na trama e devoremos os capítulos rapidamente (a escrita da autora é super fluida) e para quem gosta Young Adults e de histórias com personagens femininas inteligentes.
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