A Consciência de Si

A Consciência de Si Louis Lavelle




Resenhas - A Consciência de Si


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Marion 25/02/2024

Consciência espiritual
Todas as formas de consciências relatadas no livro sempre estão ligadas com a consciência espiritual
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samuellima06 21/03/2021

Excelente
O autor trata de questões atemporais e nos leva a conhecer mais sobre nós mesmos. Muito bom.
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Lucio 01/07/2020

Lavelle ecoa Agostinho
RESUMO GERAL: Lavelle propõe uma guerra contra o amor-próprio que nos impede de nos conhecer e de conhecer o mundo. Nos conhecemos pela interioridade iluminada por Deus, que nos revela nossos limites e finitude, pela qual nos ultrapassamos nos unindo a Deus e, então, nos lança à realização de nós mesmos na vocação pela qual construímos nossa vida no mundo e, assim, participamos da criação cósmica. Igualmente pela união com Deus - não uma união panteísta, diga-se passagem - podemos nos conectar em amor aos homens e nessa comunhão iluminada elevar amante e amado. Nota-se que tais atos cognitivos empregam a razão, que é corrompida pelo amor-próprio para fugir do real e produzir o engano em prol de si mesma. É preciso, pois, renunciar-se para alcançar o mundo das ideias e nele arranjar as ideias numa teoria, motivado pelo amor a Deus, que dirige nossa vida - trabalho que os sábios, principalmente por seus bons livros, nos ajudam a fazer. Nossas ações, dessa forma, são inseridas no ato maior que é a vontade de Deus e que flui no mundo. Dessa forma, vivemos de forma feliz contentes com o que nos é dado pela Providência, encarando todas as coisas à luz da eternidade, ao invés de sermos dominados pelo amor-próprio que idolatra as coisas temporais e é arrastada em perene insatisfação. Tudo que nos cabe fazer, portanto, é confiar em Deus e ter o espírito atento às ‘vocatio mundi’ que nos conecta à vontade de Deus nas ações do dia a dia, experimentando a vida normal com um significado totalmente novo e conseguindo o contentamento pleno, que nos escapa em qualquer alternativa.

ARCABOUÇO TEÓRICO: Lavelle não é de citar muitos autores nesta obra. Está lidando claramente com problemas ideias filosóficas de vários pensadores antigos, modernos e contemporâneos, mas poucas são as citações. Vemos aqui e acolá os nomes de Descartes, Spinoza e Pascal. A influência de Platão é inegável, mas não é explicitada. E ele claramente lida com questões da filosofia crítica, abrindo velado diálogo com pelo menos Kant e Hegel. Menciona os românticos, que certamente influenciam sua visão da vida trágica fundamentada no amor-próprio - os chama claramente de iludidos. Menciona negativamente os estóicos, mas mostra clara influência de algumas de suas reflexões ao falar de viver o presente e se submeter a uma certa razão do mundo. Finalmente, o tema do conhecimento de si e de Deus parece iluminado pela filosofia agostiniana, seja ecoada em Pascal ou, quiçá, Calvino, seja em diálogo direto.

RECOMENDAÇÃO: O livro não é para principiantes. A linguagem é belíssima, e é justamente aí que reside a dificuldade para discernir os pensamentos do autor. Está prenhe de conceitos filosóficos elevados e exige um nível de abstração e conexão de ideias semelhante ao que é demandado pela leitura dos filósofos mais difíceis, como Kant, Hegel, Husserl, Heidegger, Van Til e Dooyeweerd. No entanto, todo analista da alma humana se beneficiará com o esforço para compreender esse formidável filósofo.

AVALIAÇÃO CRÍTICA: Lavelle parece dar pouco espaço para a reflexão a respeito do tema da ressurreição. Sua teoria do além mundo parece platônica e anti-corporalista. Talvez a ideia do ato que subsume as ações conectando-as à realidade seja inspiração hegeliana, mas poderia ser ainda mais potencializada pela noção de Reino de Deus. O conhecimento de Cristo, o perdão dos pecados e outros temas caros ao cristianismo, que bem poderiam estar em franco diálogo, só estão sugeridos e, não raro, omitidos. E a explicitação dos filósofos com quem está dialogando e de quem toma os conceitos certamente tornariam a leitura mais fluida e o texto mais rico. Felizmente, a impressão panteísta é corrigida mais ao final da obra, mas em muitas colocações precedentes temos essa impressão. Ele também se redime de um tipo de platonismo anti-corporal ao menos no que diz respeito a esta vida, o que também nos fez apreciar ainda mais seu pensamento. No geral, no entanto, a despeito desses problemas, tornou-se uma obra de referência para o nosso pensamento e certamente será aproveitada pelo resto da vida, pois harmoniza-se em muitos pontos às reflexões agostinianas que dominam e dominarão nossas pesquisas no mínimo pelos próximos anos - para não dizer ‘pelo resto da vida’.
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Segue, abaixo, um resumo o mais breve possível de capítulo por capítulo.
CAPÍTULO 1: A CONSCIÊNCIA DE SI: A consciência - distinta do corpo e do espírito - distingue o ego do Todo, e tenta uni-lo novamente, mas se angustia em não o poder fazer, vendo que tal tarefa só se dá em Deus. Unir-se ao mundo é ampliar a consciência para abrangê-lo, e nos abranger enquanto objetos no mundo, conhecendo-nos por espelho, compreendendo nosso papel no mundo e o verdadeiro valor das coisas, e nos criando no exercício dos poderes, nos realizando desta maneira.

CAPÍTULO 2: O CONHECIMENTO: Descobrimos a verdade graças às luzes lançadas sobre nós que, como o sol, não é ela mesma iluminada, i. e., conhecida. Deus lança essas luzes. O conhecimento começa pelos sentidos - sendo a visão e audição os principais - despertando a inteligência que, então, os guia. Se formos tomados pelo amor-próprio, iremos distorcer o conhecimento. Somos movidos a conhecer pelos afetos, cujo maior é o da realização na comunhão com o real, e quando somos movidos pelo amor-próprio usamos da dialética por pura vaidade, chegando a distorcer o real. A razão, pois, que é o meio de acessar as coisas reais, deve ser guiada por algo superior. O conhecimento, pois, não deve submeter o mundo, mas elevá-lo para que o empreguemos em e por amor aos entes - o que inclui o conhecimento de nós mesmos e a integração de nós ao mundo segundo nossas potências.

CAPÍTULO 3: O NASCIMENTO DAS IDEIAS: Temos controle não dos pensamentos, mas da atenção - o abrir-se à ‘vocatio mundi’ - e ela deve se dirigir mansamente às ideias que se lhe darem, e amadurecê-las, não as abandonando até tê-las explorado por completo, sendo flexível às suas conexões - principalmente aquela ideia amiúde oculta que atravessa nossa vida, explorando a consciência ao máximo e nos conectando ao real, sendo legitimamente abandonada somente se este a pressioná-la. Evidencia-se um equilíbrio de atenção ao mundo e às ideias. A atenção é movida pela intenção, que é potencializada dentro duma maior, sendo a da piedade a superior e que catalisa a atenção para o Todo. Uma inspiração pode nos dar visões ainda mais profundas do mundo, por meio do acesso, pelas palavras, ao mundo espiritual, o mundo mais real das ideias. Por iniciativa, o descobrimos na vivência que visa dar significado ao mundo, e nele descobrimos quem somos e nosso telos. Encontrando-se as ideias, é preciso colher as melhores para compor nosso pensamento.

CAPÍTULO 4: A MENSAGEM DO ESCRITOR: A boa escrita serve para cristalizar e viabilizar os acessos ao mundo eterno pelas experiências, abstraindo-lhes os acidentes, transcendendo sua ocasião - sendo mais profunda do que a fala, não tendo a distração do outro corporal. Os momentos são descontínuos, onde o arranjo teórico se faz necessário. Estabelece um diálogo profundo consigo e com o outro - e este último a torna prolífera, onde se encontra a crítica, que deve ser recebida como colaboração, e o elogio, que pode inflar o ego. Os grandes autores, o gênio, inclusive, são alvo de grande inveja, e sua vida comum é o meio para tentar desmerecê-los - quando, na verdade, é nela que suas qualidades interiores se manifestam -, mas sua morte consagrar sua escrita. Seja como for, cumprem com sua vocação por estar atentos ao dado. Temos nós que fazer o mesmo e discerni-la para explorarmos nosso potencial e nos realizarmos no mundo.

CAPÍTULO 5: A ATIVIDADE: Pela atividade pura superamos o amor-próprio pela construção do mundo, de nossa realidade e de nós. Essa ação pura é perspicaz - notando as nuances e ajudando com os detalhes da execução -, forte - determinada, unificando-nos internamente, moderada - para conter os impulsos sensíveis - e nos coloca no fluxo do cosmos, sendo vinculada à nossa vocação pela atividade comum - que fundamenta as excepcionais e, à luz do conhecimento de si e de Deus, são a fonte dos maiores bens. Com efeito, é a vaidade ou a Providência que nos ocupa com o que não é nossa vocação. E o mesmo amor-próprio gera a distração, pela qual se evade do presente, produto da falha do espírito de se fixar nalguma coisa eterna que ilumina o mais simples e gera o verdadeiro lazer, que é uma atividade satisfatória, regeneradora, despreocupada e oposta também à ociosidade.

CAPÍTULO 6: O CONSENTIMENTO: É preciso que a vontade, que tem o papel de resistir ou conceder, se submeta, negando o amor-próprio, ao fluxo cósmico, atentando-se com perspicácia e prontidão à ação demandada pelo presente, fora da qual tudo se desvaloriza, e que se insere num ato que a envolve, antecede e a ultrapassa - a vontade de Deus -, onde se alcança liberdade e identidade na colaboração criativa, bem como a vincula à eternidade e sublima até o cotidiano, logrando contentamento real. O corpo, com a alma neste fluxo e o espírito agindo sobre si, refletido na matéria, é o instrumento para nos comunicarmos e para criarmos o mundo. A ação pura, vinculada ao ato, que não se prende à finalidade - esta é uma demanda do amor-próprio - é o que ansiamos para a vida feliz ao invés da mera paz inerte ou fruição irracional. O ato perfeito se dá na passividade pura, que pretere os reclames do amor-próprio e se abre para a ‘vocatio mundi’. O ato procede de uma contemplação e gera um produto pelo qual outra contemplação surge e assim por diante, e tudo isso na vida normal sublimada.

CAPÍTULO 7: AMOR-PRÓPRIO E SINCERIDADE: Ao olharmos para nós vemos nossos limites, que estreitam nossas alegrias e nos prende ao ser separado, perdendo o amor. Indo para fora, renunciando-nos, sob iluminação divina, alcançamos amor, conhecimento de si (descobrindo-nos e construindo-nos) e de Deus, e união ao Todo. Pelo amor-próprio nos comparamos aos outros em relação a bens menores, e surge inveja e ressentimento. Também nos distraímos com o passado e o futuro. Perdemos, assim, a doação do presente. A atividade inibe o amor-próprio, mas ele se envaidece nas realizações e se vitimiza nos fracassos. Interessa-lhe, porém, a renúncia que o leva ao amor a Deus, pois é para si prejuízo. Ele nasce da dualidade, mas ela também traz a luz que abrange o ego e o mundo. A sinceridade pode, pela atenção, despertar o mal, mas atenta ao certo, gera a condição para a empatia que se dá no amor, pelo qual penetramos o outro não para descobrir sua miséria, mas para encorajar a superação de si, e fora do qual revelamos só o que agrada, e isso possibilidade a mentira. Deus, porém, vê tudo, e os puros vivem ‘coram Deo’, sendo autênticos sempre, enquanto os falsos tentam enganar até mesmo a si, sem sucesso - pois sabem-se atuando e provam sua competência julgando o outro.

CAPÍTULO 8: SOLIDÃO E COMUNHÃO: A solidão oriunda da decepção com o mundo pode carregar, fomentar ou germinar o amor-próprio, que embarga os bens buscados aí. Deve se renunciar na solidão, e formar uma sociedade consigo e com Deus carregada para o mundo para o transformar, e que gera comunhão - pois fora dessa condição somos um fardo para nós e reproduzimos essa relação conosco no outro. Assim, a espiritualidade não está no enclausurar-se, antes apenas começa aí para calar as solicitações externas, encontrar a Deus e as próprias potencialidades vocacionais. Se não houver receptividade, reciprocidade e sinceridade, não há comunhão - gera-se até mais solidão. Um deve ser para o outro uma mediação para, mediante iluminação divina, o elevar, e isso só se dá longe do amor-próprio. Tal comunhão se dá mediante a participação comum num mesmo objeto de amor e conhecimento, que deve ser elevado o bastante para viabilizar esse ultrapassamento, sendo Deus o objeto máximo para nos levar à comunhão com o Todo.

CAPÍTULO 9: O AMOR: O amor, que produz real satisfação, é um consentimento integral, que não consulta e até surpreende a consciência e abala a vontade, que só resiste pelo amor-próprio. A vontade o serve e o auxilia, mas não o supera por ele ser visceral. Nos cabe preparar o coração para vir amores dignos para a vontade. Não é vivido quando não acolhido. Evolui progressivamente. Nasce e se sustenta pela contemplação ideal imaginada do objeto, que se afasta para nos manter anelantes e não cegos pelo hábito. Está em perene conflito com o amor-próprio, compartilhando seu princípio e o levando ao fim ou à maturidade. A forma mais pobre é a corporal, que se opõe ao espírito que nos une ao mundo no fluxo cósmico, à parte da idolatria - que fenece na posse gerando tédio, fadiga e aversão. O amor aperfeiçoa o amante e o amado. Nos vincula tão intimamente que nos faz conhecer mesmo os pensamentos internos do outro. Possuímos as coisas pela apreensão espiritual de sua ideia, que a constitui, como possuímos o passado por sua abstração profunda ou como amamos alguém com um amor invariável ou tal como quando ela morre. Mas o amor só se satisfaz com a presença real do amado em harmonia com o fluxo cósmico, com Deus. Nele, revelamos o outro, criando-o, e nos descobrimos, criando-nos. Precisamos encontrar um objeto digno para o amor que nos guie e nos ultrapasse, e Deus é este objeto por excelência, nos levando ao amor ao Todo. Devemos o amor devido às coisas, e as amamos mais à luz do todo. O amor dá o sentido à vida e nos entrega ao mundo sem nos dissolver nele.

CAPÍTULO 10: O TEMPO: O tempo é o meio que Deus nos deu para nos criarmos no presente, em contato esvaecente com o eterno e conectado ao passado e futuro, pelos quais nos tornamos miseráveis se nos aprisionam. O passado nos delimita mas nos dá uma posse espiritual da criação e gravidade à vida, bem como fundamenta o agora e nossos desígnios; e o futuro expressa o que nos falta e nos insere na criação do mundo e na responsabilidade de nos constituirmos livremente na síntese do nosso destino e do destino do mundo - de modo que só vivendo no presente podemos salvaguardá-lo. A atividade sob o ato nos mantém satisfeitos no fluxo cósmico do presente e fora do tempo, e quando ela declina surge o impasse entre desejos e acontecimentos - a vivência temporal do amor-próprio. Para a alegria, temos que nos harmonizar ao ritmo do mundo - o que é se dá em união com Deus - e abstrair o essencial dos acidentes no transcurso do tempo, não impondo o nosso ritmo, pois isso só gera tédio ou impaciência. Mesmo nas ideias, fora do seu ritmo perdemos o real. Mas o homem que se fecha para o presente busca evasivas do real pela imaginação do futuro e do passado, ou mesmo sobrecarregando o presente.

CAPÍTULO 11: A MORTE: A morte dá seriedade à vida ao mostrar que as ações têm valor perene, e perder isso de vista nos faz perder a vida. A vida séria transcende o transitório nos fazendo apreciar o dado, conectando-nos ao eterno, e nos preparando para a morte ao considerá-la para o ser separado, nos dando a imortalidade, nos fazendo superar o amor-próprio - a fonte do temor à morte - e alcançar o estado superior a ser confirmado, não destruído, pela morte. Não é um consentimento à morte pelos desgostos do temporal. Os amantes da vida, que vivem á luz do impulso da herança espiritual dos mortos, julgam que a posse que têm se estenderá no além, e familiarizados com a morte se despojam do temporal e guardam o vínculo ao mundo espiritual que buscam - e que será aperfeiçoado na morte apenas para estes.

CAPÍTULO 12: OS BENS DO ESPÍRITO: O espírito individual está imerso no Universal. A alma é mediadora entre o corpo e o espírito, e a consciência nasce dessa oposição, devendo ouvir o espírito para ser feliz, pois nos leva a nos conhecer em relação ao fluxo cósmico, fora do qual nos aprisionamos no amor-próprio, perdendo a nós e ao mundo. É preciso, pois, migrar para o espírito por meio da reflexão que leva ao consentimento e ao ultrapassar-se, recuperando e superando, pelo amor e conhecimento, a unidade perdida pela consciência que gera o amor-próprio ao aprofundá-la. Mas tal elevação sofre quedas pelo apego ao material. Temos que fruir os bens corporais cientes de que imitam os espirituais, e os espirituais pela renúncia de si e compartilhamento, e nos desapegar dos bens para nos apossar de nós mesmos e dos bens internos. Assim vive o espiritual, que preenche a alma da verdade que ilumina e sublima os atos. Mas para isso precisa do estado de graça, que está no nosso interior e se manifesta nas dificuldades, e que não pode ser forçado, mas aguardado e aproveitado em seus efeitos.
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Kaique.Nunes 25/03/2019

A Consciência de Si, é uma obra escrito por Louis Lavelle, filósofo francês, abordando psicologicamente a constituição do eu, a origem das ideias, sobre vícios e virtudes que favorecem ou prejudicam a vida espiritual, sobre o amor, o tempo, a morte e sobre Deus.

Como salienta René Le Senne, existem dois tipos de psicologia, uma que ele chama de inferior e outra de superior. A psicologia inferior é a psicofisiologia: ela espera da reunião contingente de condições materiais a produção de eventos psicológicos, que não seriam senão efeitos. Não investiga e não conhece os movimentos do espírito senão nos traços orgânicos, que lhe ligam as etapas, e nos desenvolvimentos materiais, pelos quais se manifestam no espaço comum a todos os homens.

Na psicologia superior, o homem não tem alma senão onde ele escapa à tirania do mecanismo corporal, e é desta psicologia espiritual que Lavelle trata. O livro dá prosseguimento à tradição dos moralistas franceses, que guardam com a experiência interior esse contato, essa familiaridade entre o eu empírico, separado, inquieto e curioso de si, e o eu divino, a uma só vez impassível e vivente. Relação esta que os psicólogos de laboratório escarneceram sem ser capazes de substituir.

Quando se está a sós, diz-se que se está a sós consigo mesmo, o que implica que não se está sozinho, mas a dois. O ato pelo qual nos desdobramos para ter consciência de nós mesmos cria em nós um interlocutor invisível ao qual perguntamos nosso próprio segredo. Contudo, desses dois seres que nascem em nós assim que a consciência aparece, dos quais um fala e o outro escuta, um olha e o outro é olhado, jamais sabemos qual somos nós mesmos: assim, toda consciência é obrigada a encenar para si uma espécie de teatro no qual o eu não para de se buscar e de fugir de si.

A consciência é uma pequena chama invisível e que tremeluz. Pensamos com frequência que seu papel é iluminar-nos, mas que nosso próprio ser está em outro lugar. No entanto, é essa claridade o que somos. Quando ela decresce, é nossa existência que cede; quando se apaga, é nossa existência que cessa.


site: https://www.instagram.com/leredespertar/
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Nominável 20/02/2023

Leitura bastante importante em que o autor esquadrinha o "eu", ele te dá uma perspectiva muito interessante, como por exemplo quando cita que nossa voz da consciêcia, quando a ouvimos, na verdade não estamos só, mas somos dois. Trata muito especialmente o assunto do transcendental. Leitura essencial.
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Lucas 26/02/2016

O enigma da consciência recebe aqui um tratamento neoplatônico feito com sutileza de linguagem, tranquilidade da alma e doçura de espírito. A questão do conhecimento como um ato de amor espiritual, bem como a definição do ato de escrever, são especialmente encantadoras.

site: alfaritmo.blogspot.com
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