Conhecimento Objetivo

Conhecimento Objetivo Karl Popper




Resenhas - Conhecimento Objetivo


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Filino 19/05/2023

Uma excelente obra para conhecer o pensamento popperiano sobre a ciência
Esse livro reúne artigos e palestras de Karl Popper e traz os pontos mais relevantes da sua filosofia da ciência. A crítica à indução (e à resposta do "problema de Hume"); a questão da verdade; o progresso da ciência (e o papel crucial dos problemas, das teses para resolvê-los, das críticas e do surgimento de novos problemas); a crítica à "teoria do balde" e a exposição de sua "teoria do holofote", esses são os temas mais importantes tratados nessa obra - que serve como uma excelente introdução ao pensamento e ao estilo de Popper. Numa escrita clara, direta e em alguns momentos irônica, o leitor trava contato com um verdadeiro mestre do pensamento e do estilo. Apenas em certas passagens, quando trata muito especificamente de alguns pontos (como a verdade em Tarski e ao utilizar uma linguagem próxima da matemática), pode haver alguma dificuldade. No mais, uma obra importantíssima de um dos pensadores essenciais do século XX.
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Cesinha 20/06/2016

O fundamento da filosofia da ciência de Popper está na forma original dele de demarcar (separar) a ciência da pseudociência em geral (separar da metafísica em particular). Para ele, a questão é distinguir a ciência empírica de outras formas de conhecimento que poderiam ser confundidas com ela, como a matemática ou a metafísica. Identificar essa distinção com aquela de sentido e carência de sentido é apenas uma estipulação verbal arbitrária, porque a demarcação não é clara, nem definitiva: a pseudociência, a metafísica, ou o ‘mito’, como por vezes a chamamos, podem transformar-se em ciência. Com efeito, o progresso geral do conhecimento humano pode ser considerado uma conversão do mito em ciência por sua sujeição ao exame crítico. O problema da demarcação é assim interpretado por Popper como o problema de propor uma convenção adequada, que caracterize o que consideramos ciência e quem deve ser considerado cientista.
O saber começa com a proposta arriscada de hipóteses, para cuja elaboração não podemos estabelecer regras. Uma hipótese será científica se excluir algumas possibilidades observáveis. Para testá-la, aplicamos a lógica dedutiva de modo a derivar dela enunciados de observação, cuja falsidade refutaria a hipótese. Um teste científico consiste, pois, na procura insistente dessas instâncias falseadoras. Algumas hipóteses são mais falseáveis que outras: elas excluem mais e desse modo tem maior probabilidade de ser refutada. Quanto mais falseável for uma hipótese, menos provável ela será, e, ao excluir mais, ela diz mais acerca do mundo, isto é, tem maior conteúdo empírico.
Tudo significa que o método apropriado da ciência consiste em formular hipóteses o mais falseáveis possível e, portanto, as que possuem o maior conteúdo empírico e são logicamente as menos prováveis; e procurar insistentemente por instâncias negativas para ver se alguns dos falseadores potenciais são realmente verdadeiros.
Se uma hipótese sobrevive às tentativas de falseá-la, então, na expressão de Popper, ela ‘provou sua força’ e pode ser aceita – mas nunca estará conclusivamente estabelecida. A sobrevivência às sérias tentativas de refutar a teoria corrobora a teoria, sendo maior a corroboração quanto maior for a falseabilidade da teoria. Popper mostra que há uma diferença de atitude entre aqueles que glorificam as confirmações e aqueles que buscam falseamentos; no primeiro caso, a aceitação é dogmática; no segundo, é crítica. A ciência não é um sistema de enunciados certos e bem estabelecidos. Nossa ciência não é conhecimento: nunca pôde afirmar ter alcançado a verdade, ou mesmo um substituto para ela, tal como a probabilidade de alcança-la. Não conhecemos: somente podemos conjecturar.



A epistemologia biológica
Nos seus trabalhos mais recentes, Popper desenvolver algumas consequências de sua filosofia anterior. Uma delas é que o conhecimento não está fundado em fontes infalíveis, quer coloquemos essas fontes na razão quer nos sentidos. As epistemologias racionalista e empirista convergem em sua tentativa de substituir uma espécie de autoridade (a instituição religiosa ou os textos sagrados) por outra (uma capacidade humana mental). Os dois tipos de autoritarismo intelectual sustentam a opinião incorreta de que a verdade é manifesta e consequentemente de que o erro é um enorme problema e sua propagação se deve a uma conspiração empreendida com o propósito de enganar.
A segunda consequência é que a concepção empirista tradicional de formação de conceitos – em particular, a ideia de Hume de que os conceitos são adquiridos pela percepção da similaridade de conjuntos de impressões particulares – é errônea, porque incorpora o mesmo erro indutivista da teoria de Bacon e Mill. A semelhança não é passivamente apreendida; ao contrário, classificamos as coisas à luz de pré-concepções e expectativas anteriores. Popper acredita que abordamos o mundo da experiência com propensões inatas, em particular, com uma expectativa geral de regularidade que é biologicamente justificável, embora não seja logicamente justificável. A influência kantiana é claramente visível neste ponto da filosofia de Popper. Em certo sentido a proposição de que a natureza contém regularidades, por não uma ser uma verdade lógica, nem uma verdade empírica, pois não é falseável, parece possuir uma espécie de necessidade biológica como característica geral do intelecto humano ativo.
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