Tamirez | @resenhandosonhos 23/08/2018O Último ContatoEstou em uma onda de tentar ler thrillers e resolvi encarar O Último Contato. Ao contrário de filmes, que já assisti vários que falam sobre infecção viral, doenças que se espalham e vírus que devastam a população, nunca tinha tido uma experiência com esse foco em livros. Quando lemos distopias que envolvem uma realidade que sofreu com isso, já estamos sempre no futuro e quase nunca voltamos para saber como tudo começou.
Em O Último Contato vemos como tudo isso pode começar. Como uma organização de pesquisa pode mudar o foco e tentar conduzir a pesquisa que busca uma cura para, na verdade, desenvolver algo letal para a humanidade.
Nossa protagonista, Kate, se vê presa no meio de tudo isso sem memória. Algo aconteceu no passado que os detalhes foram lhe tirados e, é somente quando encontra o irmão gêmeo de Stephen que as perguntas veem a toma. Como premissa de que ela ficou todos esses anos com isso esquecido em sua mente, esse outro cara aparecer se fez lógico. Mas, é claro que estando cara a cara com um amor do passado, por mais que esse não seja exatamente aquele por quem ela se apaixonou, uma chama vai se reacender.
Como vemos as coisas pelos olhos dela, por vezes é bem irritante acompanhar seus pensamentos, pois ela flutua da seriedade da situação para coisas bobas sobre o que ela está sentindo, muito rapidamente. Isso, junto ao fato de que os dois se envolvem muito rápido e sem ligar para a situação complicada que lhes cerca foi basicamente a única coisa que me incomodou irremediavelmente durante a leitura.
“A vida é repleta de momentos assim, de decisões instantâneas, tomadas de forma impulsiva, escolhas para as quais, quando questionados depois sobre os motivos, nossa única resposta honesta é: “Não sei porquê.”
Os personagens são donos de tomar decisões duvidosas. Ela está se divorciando e some com o filho pra outro país, o pai resolve ir para o Reino Unido atrás do filho, e o irmão gêmeo vivo embarca em uma enrascada pra tentar descobrir o que o irmão quis dizer em uma de suas últimas cartas, ignorando sua memória e se envolvendo com aquela para quem o irmão deixou a mensagem. E, no meio de tudo isso temos uma criança birrenta que não está nem um pouco por dentro de tudo o que está acontecendo.
Mas, mesmo com isso o livro não fica caótico ou confuso, parece que todos estão vivendo nos seus extremos o tempo todo, seja mostrando seus pensamentos inteligentes ou suas atitudes questionáveis.
Fora esses personagens do núcleo mais “bonzinho” do livro, temos também aqueles que representam a organização que vai caçar a protagonista e pode estar por trás da sua perda de memória. É aqui que vemos a história pelo ponto de vista de um psicopata completamente desprezível. Ele fantasia coisas sexuais juntas com assassinato, dando um tom bem mais pesado e macabro ao livro do que a proposta se mostrou em um primeiro olhar.
Acho que a leitura apenas se perde por não focar tanto no quesito científico e ficar mais centrada nos dramas da protagonista. Também acho que o final poderia ter sido mais arriscado e ter saído da zona de conforto, surpreendendo o leitor. Mesmo assim tive uma ótima experiência de leitura e me vi imersa no livro e louca pra descobrir o porque de tanto mistério e o que a mente de Kate guardava que precisou ser esquecido.
Não chegamos a ter um pandemônio viral aqui. São os eventos preparativos pra isso e como uma pequena coisa, um pequeno evento, pode desencadear tudo. Acho engraçado pensar que em algum lugar do mundo há guardado uma quantidade imensa de vírus que, sem o devido cuidado, podem causar um dano enorme à humanidade. Infelizmente estamos convivendo com esse risco o tempo todo e não é a toa que ele aparece como alerta também na ficção. De tempos em tempos temos sempre uma nova doença que ameaça a todos nós e há sempre a dúvida de onde ela veio ou se foi criada em laboratório.
Com suas mais de 300 páginas, O Último Contato consegue ser uma leitura rápida por ter a história acelerada e não perder muito tempo em um só local ou com descrições. Para aqueles que querem um thriller com uma proposta um pouco diferente e com esse foco mais científico fica aqui a dica. Pelo que li depois de concluir a leitura, ele não é livro único, mas tem um final fechado, podendo então ser lido dessa forma caso o leitor não tenha interesse em continuar.
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