Literatura brasileira contemporânea: um território contestado

Literatura brasileira contemporânea: um território contestado Regina Dalcastagnè




Resenhas - Literatura brasileira contemporânea: um território contestado


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Toni 19/02/2020

Literatura brasileira contemporânea: um território contestado [2012]
Regina Dalcastagnè (RJ, 1967-)
Editora Horizonte, 2012, 208 p. 📖

Desde que a literatura se entende por gente critérios estéticos de análise têm endossado exclusões históricas. Para uma postura crítica preconceituosa e elitista (v. Bloom), o discurso da universalidade da arte é um disfarce perfeito: afinal, é mais fácil ignorar que tradição, valor e estética são construídos socialmente e respaldados por relações de poder do que reconhecer qualidades literárias na obra de uma escritora negra moradora da favela, por ex. 😓 📖

É preciso, portanto, questionar esses parâmetros e sua validade, sobretudo quando servem apenas para manter às margens do campo literário outras vozes e formas de expressão. Isso não significa excluir a estética de nossas ferramentas de análise de uma vez por todas, mas perceber que a universalidade é uma falácia, e todo valor estético é produto de convicções e preconceitos da realidade social em que surgiu. Tirar o sujeito da obra e cobrir o texto com a aura inefável da "literariedade" é roubar o mundo à literatura. 📖

A proposta deste livro da professora Regina Dalcastagnè visa justamente apresentar uma perspectiva legitimadora mais ampla para os estudos literários (unindo estética, estudos culturais, história, psicanálise etc). Proposta abertamente política porque, como diz a pesquisadora, “a literatura é um artefato humano e, como todos os outros, participa de jogos de força dentro da sociedade. [...] A literatura não é neutra.” Assim como “quem cala escolhe o lado do opressor”, não podemos esquecer que a crítica que não questiona o sistema valorativo também fortalece a exclusão. 📖

Regina analisa as relações entre lugar de fala, autoria, espaços urbanos e autoconsciência crítica do narrador. Traz, ainda, um vasto e detalhado estudo quantitativo sobre a cara do romance brasileiro contemporâneo, um verdadeiro "mapa de ausências". Despido de jargão acadêmico e muito cuidadoso, o texto é um convite para perceber a literatura não como pílula humanizadora, mas como um espaço em constante disputa
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