Vini_Bocato 04/08/2010
A História segundo Eduardo Galeano
“Em Espelhos seu estilo alcança a perfeição.” (La Nacion)
Eduardo Hugues Galeano nasceu em 1940, em Montevidéu. Era um garoto que sonhava em ser jogador de futebol, mas acabou brilhando em outras áreas. Hoje, aos 69 anos, é um dos intelectuais e escritores mais respeitados do continente. Autor de mais de trinta obras (como o clássico As veias abertas da América Latina), o autor uruguaio continua surpreendendo. No livro Espelhos – uma história quase universal (2008), Galeano passa da história para a crônica ou da prosa para a poesia sem pedir licença. É uma obra que transcende as fronteiras literárias.
Conforme diz o jornal espanhol El País, ele “se atreve a contar em 600 textos breves sem gênero preciso a história da humanidade”, combinando a lucidez com o seu típico bom humor. A intenção da obra é dar voz aos anônimos, recontar os episódios da história a partir de outros pontos de vista. Como o das mulheres, dos negros e dos que ousaram abrir a boca em épocas proibidas.
Os títulos dos textos são os mais sugestivos possíveis: Fundação das classes sociais, Fundação do Inferno, O perigoso vício de perguntar, Proibido ser negro, Os direitos civis no futebol… Em Espelhos, Galeano abre janelas que a história oficial não conta, nos faz refletir sobre todos os valores que recebemos prontos desde a infância.
Das origens do ser humano à invasão do Iraque, passando por dezenas de personagens e mitos populares, o autor destila poesia e ironia. Critica o racismo, o machismo, o militarismo e vários outros ismos que o ser humano foi criando ao longo dos tempos.
Apesar da profunda pesquisa histórica, o escritor não cita fontes bibliográficas. “Não tive outro remédio a não ser suprimi-las. Percebi a tempo que iam ocupar mais páginas que os quase seiscentos relatos desse livro”. E fica a dúvida: até onde é uma crônica poética, até onde é história? Melhor que cada um leia e opine sobre esse demolidor de mitos uruguaio.
A obra – de grande sucesso no mundo hispânico – foi lançada no Brasil pela L&PM Editores. Tem 362 páginas e a tradução é de Eric Nepomuceno.