otxjunior 19/03/2015Um Retrato Fatal, Ross MacdonaldDeu fome de noir e fui procurar o que eu tinha na minha estante, quando escolhi esta entrada de uma série clássica de histórias de detetive. Escrito por Ross Macdonald, pseudônimo de Kenneth Millar, discípulo de Dashiell Hammett e Raymond Chandler, Um Retrato Fatal é o último volume da coleção Lew Archer. Li anteriormente apenas o primeiro, publicado pela primeira vez em 1949. Mais de vinte anos depois, o gênero está um pouco diluído. As características principais acabaram por ser substituídas, afinal de contas, a California não é mais aquela dos anos 40. Portanto tive que me conformar com um thriller como os de Agatha Christie, em que o mistério envolve pessoas desaparecidas, intrigas familiares e um passado obscuro.
O caso primeiramente requer apenas que o detetive encontre um quadro roubado de uma mansão. O artista é a celebridade local que desapareceu há 25 anos em circunstâncias desconhecidas. Quando começam a surgir vítimas de assassinato com as mesmas características de uma ocorrência da época do desaparecimento do pintor, Archer encontra-se no meio de um mistério de muitos anos. Apesar da confusão aparente da trama e do número excessivo de personagens, o final já vinha se delineando antes da metade do livro. Apenas para Macdonald puxar o tapete sob nossos pés, praticamente na última página. A reviravolta quando a solução já parecia concluída (e sem graça, apesar de satisfatória) pode ter tornado a história um tanto sem sentido, mas certamente fechou o livro com uma nota positiva. A pulga atrás da orelha aqui tardou, mas não falhou.
Como ponto negativo apenas destaco a facilidade com que Archer obtém suas informações de testemunhas, sem ao menos se apresentar como uma autoridade. É um livro orientado a diálogos e após cada saudação lermos quase que uma breve biografia do entrevistado é no mínimo inverossímil. Noir ou não, série sólida que pretendo ler mais livros. Só espero que da próxima vez que quiser ler algo do gênero, escolha um em que a femme fatale seja menos.. centenária!