Violência

Violência Slavoj Žižek




Resenhas - Violência


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Rafael 20/01/2021

Zizek descasca as camadas
Zizek tem uma maneira de escrever bastante didática, as piadas e anedotas não estão ali sem motivo. Essa é uma das razões pelas quais eu gosto tanto desse filósofo, porque traz questões de certa complexidade fazendo-se entender. Claro que vez ou outra é preciso um esforço pra chegar ao ponto, porque é filosofia, e apesar de didático, o conteúdo de Zizek não é simplista. 


Em Violência, o filósofo esloveno disserta acerca desse conceito de forma ampla, com inúmeros exemplos, mas que é coerente em todo seu percurso. Zizek aponta que experimentamos dois tipos de violência: a violência subjetiva (essa que lidamos cotidianamente nos noticiários, os atentatos terroristas, as guerras internacionais, o crime organizado etc.) e a violência objetiva, sendo esta a forma menos visível - por ser concomitante à "normalidade" -, e que se divide em sistêmica (como o desenvolvimento do capitalismo e suas explorações/entraves) e a simbólica (que fomenta ideologias, como o racismo e várias outras formas que podem se desenvolver através da linguagem). Um ponto fulcral na concepção conceitual apresentada pelo autor é que o estigma negativo da violência é uma operação ideológica com o intuito de "invisibilizar" a forma de violência social provocada pelo sistema capitalista, uma maneira de tornar um caso de superficialidade (que nesse caso reduz tudo à violência subjetiva).


Após abordada a parte mais conceitual, Zizek inicia discussões a partir da relação da realidade e do Real (baseando-se principalmente em Lacan e Marx) e aponta os diferentes movimentos da violência na nossa sociedade a partir de exemplos práticos. O livro todo é interessante, sem dúvidas. Mas a parte que mais me chamou a atenção é a que o autor discorre sobre a violência sistêmica e sua relação diante dos chamados comunistas liberais, como os "novos" bilionários e suas profundas filosofias de compaixão pela humanidade (que nada passa de uma exploração mascarada de humanismo, pois são os que constituem a mais alta elite econômica mundial e isso não é por acaso). Enfim, como já dito, o livro por inteiro é de extrema importância e provoca um profundo interesse pela temática. Isso só me faz crer que Slavoj Zizek continua sendo um intelectual necessário.
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Virgilio_Luna 26/06/2020

Violência: qual?
Essa obra de ?i?ek nos convida a refletir, de modo abrangente e bem humorado, os diversos aspectos, realizações e expressões da violência - o que evita, assim, o convidativo, mas totalmente ideológico, impulso de caracterização de "toda violência é má".

Suas citações, referências e piadas nos ajudam a compreendermos melhor os pontos levantados - por exemplo, ao tentar comparar a ação do "anjo da história" de Bejamin com a cena da bicada sofrida pela personagem do filme "Birds", de Hitchcock - uma introdução ao seu último capítulo acerca da violência divina: uma explosão da ordem do acontecimento, que não pode ser definida ou justificada por um Grande Outro - um amor-ódio expressivo.

Além disso, ?i?ek propõem "reflexões laterais" em problemáticas que persistem até hoje e que nos deixam, em imensa maioria, sem saber o que pensar/fazer. Tal é o exemplo das tão polêmicas caricaturas de Maomé ou os conflitos na Palestina.

Por fim, creio que poderíamos dizer que esse livro reafirma e dá outras perspectivas acerca da violência emancipatória - aquela que se realiza com um projeto e, em grande medida, não é voltada a uma destruição de si.
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djoni moraes 02/01/2021

Violência - de Slavoj Žižek
Vivemos uma realidade que exige que conheçamos mais os intrincados mecanismos nos quais nossa sociedade se fundamenta. Um desses mecanismos é, sem dúvida, a violência. Neste ensaio, o filósofo esloveno (na antiga Iugoslávia) Slavoj Žižek ensina, de forma bastante didática e alguns exemplos contemporâneos (da cultura pop, os tipos de violência que permeiam o constructo social através da óptica marxista: a violência subjetiva, objetiva e de linguagem. Assim, nos encontramos num ponto em que não vemos a violência sistêmica, uma entidade usada pelo capitalismo para desprover de sentido suas ações e embasar a nova corrente de consumo "consciente" ou "correto", para que, assim, ele possa manter seu ciclo de reprodução na sociedade: através do medo. No mesmo tom denunciativo, o filósofo fala sobre a violência de linguagem, raramente abordada nas discussões. Existe a expressão judaico-cristã que fala, por exemplo, que "todas as pessoas são irmãs". Se partirmos desta premissa, todos os que não aceitarem participar desta comunhão (judaico-cristã) são destituídos de humanidade, o que justificaria, antropologicamente, a violência.

Para revisitar um dia, sem dúvida alguma.
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Rubens 16/11/2023

Texto acadêmico
Lendo o livro eu percebi que não tenho muito dos referenciais necessários para a completa compreensão do texto, mas ao mesmo tempo me fez questionar. o livro é voltado para um público acadêmico que já compreende o funcionamento da violência e do estado ou é para o povo que sofre diariamente com a violência implícita e não consegue vê-la? se for direcionado (e deveria) para a última opção, o texto deveria ser mais atrativo e compreensivo para as massas.
como sempre o academicismo que busca emancipar o povo, se distancia do povo.
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Jé Andrade 06/01/2024

Achei um livro bem difícil de ler, bem ruim, terminei a leitura na força do ódio, escrita arrastada, com certeza não é o tipo de livro que eu gosto.
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Canuto 23/04/2020

A antiviolência existe?
Primeira vez que li algum trabalho do autor. Nesse livro ele faz uma discussões rica, crítica e bastante reflexiva sobre o que chamamos de violência. Ele não se limita a chamar de violência atos físicos contra algo ou alguém, mas também, e principalmente, aquilo que está como pano de fundo desses atos e/ou aquilo que sequer é visto como violência, que está invisível.

Excelente!
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wevertonaguiiar 22/02/2021

Ensaios muito atraentes e reflexivos. Zizek é um dos pensadores mais importantes da atualidade.
A sua formação e influência hegeliana fica evidente em diversos momentos dos ensaios.
Os seis ensaios são reflexivos e mesmo que em algum momento pareçam fugir do tema, é justamente nesse momento que ele mais está se aprofundando nas discussões sobre violência.
Essa é uma obra que em alguns momentos pode parecer de fácil leitura, mas na verdade não é. Se o leitor não se dedicar à leitura, deixará trechos e formulações importantíssimos passarem.
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Mateus 25/02/2021

Violência pura e não tão simples.
Todos tem uma visão bem definida de violência, que nos é repassada e culturalmente patenteada. Em nosso mundo capitalista liberal, agredir alguém fisicamente, tomar suas posses ou ofender-lhe com palavras são atos violentos repudiáveis. Mas e as violências que ninguém comenta? Nesse livro, Zizek perpassa com perfeição por diversos aspectos da violência que por muitas vezes são arbitrariamente silenciados, ignorados. Indo além, contesta o próprio entendimento sobre o que é violência. Uma leitura fundamental, num mundo cada vez mais - ou menos? - violento.
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