Gabriel Aleksander 28/08/2016Análogo a uma montanha-russa desgovernada, só que com menos emoção... A Sinopse
Rebecca e Hephzibah são gêmeas, porém as duas possuem muitas coisas opostas que vão além das diferenças físicas, já que a primeira é portadora de uma doença genética que modificou sua aparência, colocando-a em um lugar de alvo para a crueldade de seus pais e das demais pessoas, enquanto sua irmã é dotada de uma beleza admirada por todos.
Inseridas em um contexto de dominação e opressão onde seu pai, um líder religioso, as mantém afastadas de todo o restante do mundo e submersas em uma realidade repleta de punições e sofrimento, tudo muda na vida das garotas quando finalmente elas conseguem encontrar uma brecha na tirania de seu pai, que pressionado por uma vizinha e membro de sua igreja, se vê obrigado a permitir que as irmãs frequentem a escola…
Bom, pelo menos isso é sobre o passado das gêmeas, pois, agora Hephzibah encontra-se morta e Rebecca precisa descobrir como sobreviver em um ambiente tão venenoso sem sua preciosa irmã e guardar todos os segredos e dores as quais carrega consigo, incluindo as reais circunstâncias da morte de Hephzibah, e talvez encontrar forças para gritá-las ao mundo e mostrar o que realmente aconteceu entre as paredes de sua casa.
Narrativas intercaladas
Um dos pontos principais desse livro, sem dúvidas, foi a autora ter subdividido a história entre a narrativa das duas irmãs, dando voz para as mesmas e permitindo a definição de dois diferentes tons para a mesma história, assim, estabelecendo um certo nível de profundidade para o contexto no qual ela estava trabalhando e suas polêmicas temáticas.
Confesso que sem esse artifício utilizado pela autora provavelmente eu teria desistido do livro logo nas suas primeiras páginas, pois, aquilo que me motivou a seguir com a leitura certamente foram os capítulos narrados por Hephzibah, que se caracterizaram como os mais dinâmicos e que trouxeram elementos mais atrativos para a história, levando-me a perspectiva de que a autora na maior parte do enredo focou-se muito mais na construção desses capítulos do que naqueles narrados no presente por Rebecca.
Evolução da narrativa
Se eu tivesse que fazer uma analogia com este livro seria a de uma montanha-russa desgovernada, cheia de altos e baixos, só que com menos emoção. “Corações Feridos” apresenta ao leitor um início completamente insosso, um miolo repleto de mistério e sofrimento, no qual as lágrimas se derramarão e os socos no estômago serão incontáveis, porém, decaindo em um final equivalente aos primeiros capítulos em termos de falta de emoção e impacto.
Opinião Final
Em meio aos seus erros e alguns acertos, a obra de Louisa Reid caracteriza-se para mim como uma criação inexpressiva, dotada de temáticas polêmicas e pouco discutidas em sociedade, como abuso sexual, machismo, pedofilia, maus tratos infantis, fanatismo religioso, preconceito e bullying. Contudo, em meio a tantos elementos com os quais lidar durante a narrativa, a autora em algum momento se perde dentro de sua construção da história ao procurar soluções para os problemas apresentados como temáticos no livro, resultando em um arco mal desenvolvido e um final nada memorável.
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