Gisa 02/09/2009
Eat Pray Love - The Search for pleasure, part 1
Ganhei este livro de minha irmã com a seguinte dedicatória: "Neste mundo de hoje não existem barreiras...". E descobri que ela tem mesmo razão. As barreiras estão na mente... nos medos, culpas, crenças, no mundo imaginário que criamos ao nosso redor. São amarras das quais temos de nos livrar para conseguir o tão almejado sonho - ser feliz.
Em sua jornada, Elizabeth Gilbert cava no fundo de sua alma as razões de suas escolhas e possui um conhecimento tão claro de si mesma que acaba penetrando no íntimo de quem a lê. Quando decidiu largar tudo para se descobrir deu um recado ao universo que, no mesmo instante, abriu com chaves todas as possibilidades - indo além das dificuldades para presentear com um recomeço.
Uma semana foi o tempo que durou meu passeio pela Itália de Liz. O incrível é que, justamente neste período, tinha minha casa cheia de delícias italianas. Porém, antes de me entregar ao prazer, senti - aoavançar nas páginas do livro - a angústia das possibilidades ainda não realizadas e fui também visitada pela sombra da infelicidade. Só que atenta aos detalhes e toques da vida, dei um passo à frente e a mudança começou a tomar forma.
Mudando de fora para dentro, senti a energia pulsar novamente em meu corpo, o sorriso surgir nos lábios e a vontade de viver tornar-se plena. Só assim passei ao prazer do "eat". Fatias de um legítimo pão preto alemão (que você encontra na Padaria São José, próxima ao Largo de Vila Zelina - São Paulo) combinaram harmoniosamente com o patê de azeitonas verdes, a berinjela (coloque na panela de pressão a berinjela com azeitonas, tomate e especiarias - fica uma delícia) e lascas do mais suculento parmesão e queijo gouda.
Como boa tradição italiana, estas foram apenas as entradas. Entre os pratos principais, destaque para o risoto al funghi - acompanhado de frango grelhado e escarola - e o espaguete a putanesca. Tais pratos despertam o prazer de comer e têm a magia de fazer você viajar no tempo e no espaço. Comer passa, então, de necessidade à experiência fascinante.
Voltando ao livro, Liz tem um olhar tão atento à simplicidade da rotina que revela o que faz de um italiano um legítimo italiano, coloca as mammas em sua posição de direito - conhecedoras da arte de cozinhar, enxerga nos homens a sua capacidade de amar e se doar e dá o gosto do prazer sem igual que é caminhar pelas ruas, praças, monumentos e histórias de uma Itália plural.
Hoje retomo a jornada, agora na Índia, e depois volto para contar as buscas e descobertas do meu eu por meio de Liz (e minha irmã), a quem só posso dizer muito obrigada!
Eat Pray Love - The search for peace and bliss, part 2
O que começou como prazer de leitura se revela como uma jornada rumo à descoberta pessoal. No passeio com Liz pela Índia, dei uma volta de 360 graus em meu ser e agora me sinto em paz e renovada, não completamente, pois sei que a jornada está apenas no início - foi mais um 'toc na cuca".
Antes não compreendia o que levava alguém a passar um tempo considerável em templos espalhados ao redor do mundo. Meditar me parecia algo surreal e inatingível, assim como se isolar a fim de conhecer melhor a si mesmo.
No entanto, Liz provou o contrário. Apenas se deslocando do caos, conseguimos atingir a essência, enfrentar nossos medos e bloqueios e encontrar, ou começar a compreender, a razão da nossa existência. Não se resume ao simples filosofar, mas à concepção de que somos muito mais que nossas tarefas e barreiras diárias, muito além das preocupações que nos consomem. Somos vida e viver é se descobrir, para depois se entregar ao mundo aberto, sem amarras.
Há muito tempo, dei os primeiros passos por meio da ioga. Só que aquele representou um dos períodos de maior transição até então, logo não fui capaz de compreender a essência daquela filosofia que é, sim, transformadora.
Partindo para a ação no agora, aprendi a encarar a vida de forma mais positiva, encontrando todos os dias razões para agradecer, não fazendo desta uma missão de busca, mas de vivência plena.
Estou começando a ser grata pelo período que estou vivenciando. Afinal, a vida mostra e prova que não há de fato barreiras - é só querer, acreditar e agir. Abri também meus olhos para os relacionamentos ao meu redor - de amor, amizade, paternal. Estas conexões são fortes e carregam consigo a troca de experiências, de sentimentos, dando sentido e trazendo alegria e desafios. Sou grata por todas elas - pelos que já foram e deixaram marcas, pelos que permanecem e pelos que ainda estão por vir.
Percebi que em minha eterna busca de conhecimento pessoal, acabei sempre buscando fora o que já está aqui dentro. É que muitas vezes, envolta em demasia pelos afazeres, acabo criando desculpas para não conversar com ELE e esta conversa faz muita falta. Estou disposta a retomar o relacionamento. Perguntarei ao universo e ele me dirá como.
O "bliss" experimentado por Liz senti num dia comum, dentro de um ônibus lotado, ao acabar de ler o Código da Vinci. É como ela fala... de repente, parece que toda sua vida faz sentido, você começa a compreender a razão de estar aqui, de ter feito tudo o que já fez (até as coisas aparentemente sem importância) e que na sua relação com os outros, conhecidos ou anônimos, seu papel não é de herói, mas daquele que partilha - como Liz fez em Eat Pray Love.
Eat Pray Love - Finding you(r) happiness
Receber o livro foi um dos grandes presentes deste ano. E pensar que ele também passou por sua jornada... do outro lado do mundo (na Tailândia) para o extremo (no Brasil), do oriente para o ocidente, unindo realidades tão distintas e tão conectadas ao mesmo tempo.
Só que a maior jornada foi para dentro de mim. Cada história, acontecimento, fez transbordar um misto de sentimentos que se revelam em culpas, incertezas, sonhos, perspectivas, passado e presente, os quais fazem rir, chorar, se enxergar, reviver, amar e, principalmente, começar a se perdoar e compreender as fraquezas, os medos, as qualidades, o que há de melhor dentro de mim.
Passei a olhar todos os dias para o espelho com um sorriso - sem cara amarrada. Sorrir é simples, mas tem o poder de transformar.
Cada minuto que dedicava para ler era capaz de tornar o dia diferente, criar uma realidade paralela, não ausente, mas de meditação.
Ver alguém expondo seu viver tão abertamente como Liz permite o encontro dos semelhantes, dá algumas respostas às infinitas questões e abre espaço para a expansão da alma.
Já nas últimas páginas, um ponto me tocou profundamente. Saber da possibilidade de existir o seu eu repaginado, maduro, que te impulsiona a seguir em frente e a promover reviravoltas no seu dia a dia (a metáfora da semente que se transforma em árvore) deixa clara a ausência de limites e de regras. O verdadeiro crescer não se conta pelos anos que passam, mas pela permissão que você se dá a viver cada dia mais e intensamente, seguindo sua intuição, indo atrás do que você acredita. E quando você entra em contato com o equilíbrio, o mundo "tutti" agradece.
Outro é a definição de felicidade... tão fluida e distinta. Está no dinheiro para aquele que precisa de um lar, numa viagem de carro para quem deseja recriar sua terra, na permissão de cuidar do próximo para o que responde ao chamado de seus ancestrais, no simples fato de amar e se amada sem amarras, sem exigências.
Eat Pray and Love traduz o que está aqui dentro, gritando para sair. É o chamado para sua própria descoberta, para a felicidade que você conquista com suas mãos e dando um passo a cada dia.