Resenhas - Origens do Totalitarismo

Cris Lasaitis 15/03/2014

As Origens do Totalitarismo: Antissemitismo, Imperialismo, Totalitarismo
Resolvi atravessar as Origens do Totalitarismo só em razão de chegar nos últimos capítulos, que tratam do clímax do nazismo, quando acontece esse fenômeno que me faz sacar a caneta a todo momento no meio do metrô para sublinhar partes.
O que vejo de mais surpreendente é que a análise da Hannah escancara o poder que as realidades totalitárias têm de atropelar a ficção. Não apenas isso, ela disserta como as ideologias dos sistemas totalitários criam, fundamentam-se e sobrevivem a partir de uma ficção de Estado persistente e permanentemente instável, tão absurda que beira o inverossímil.

A própria ficção esbarra nesse limite: a verossimilhança. Uma história inventada, para ser convincente, não pode se inclinar tantos graus na direção do absurdo.

Não aprendi tanto lendo 1984, Animal Farm, Admirável Mundo Novo, The Handmaids Tale, Farenheit 451 ou nenhuma das distopias que adoro. Não vou dizer que essa constatação mata um pouco da autora dentro de mim, mas esse livro da Hannah Arendt é mais uma das coisas que me levam a perguntar como escrever ficção com esta realidade?

site: http://cristinalasaitis.wordpress.com/2013/12/29/retrospectiva-literaria-2013/

Carol 19/04/2021

Aquela leitura de TCC
Eu e meu orientador quase saímos na mão porque eu não queria ler Hannah Arendt, mas no final esse livro se mostrou bem importante pra minha discussão.

Arsenio Meira 12/02/2013

"As Origens do Totalitarismo" é a obra-prima de Hannah Arendt. Lançado em 1951 (com edição nova na praça em 2013), é a suprema história do povo judeu, analisada século após século, com o desfecho do trágico destino deste povo sob o julgo do Nazismo.

É um autêntico show de erudição. Ao mesmo tempo, Arendt defende o individualismo, em linhas que só a Alta Cltura permite despontar.

Como um triste prenúncio, Arendt enxergou na sociedade massificada, a receita certa para o caldo peçonhento do totalitarismo, em suas vertentes mais cruéis: a Direita, vivificada por Hitler e a Esquerda, protagonizada por Stálin, irmão de Hitler em matéria de matança direcionada à etnias, opções sexuais e políticas e crenças diversas.

LUCAS JFB 27/01/2022

Esclarecedor, cirúrgico e MUITO difícil kkkk
Acabei de finalizar o livro. Sinceramente, foi a leitura mais difícil que já realizei até hoje. Fiz umas 25 marcações de páginas e acho que vou levar um bom tempo para ?mastigar? tudo o que li - até porque muitos pontos eu não consegui entender.
Mas a autora se mostra extremamente competente em filosofia, história, teologia, antropologia, geopolítica, teoria política, entre outros. É, de fato, um dos livros mais icônicos de todos os tempos.


[POSSÍVEL SPOILER]
Para aqueles que querem ler: entenderão a relação íntima e histórica do povo Judeu com o surgimento dos Estados nacionais, e como a relação deste povo com os Estados e outros povos da Europa se desenrolou durante séculos, cuja problemática deu uma das grandes raízes do nazismo; como o Imperialismo surgiu de uma rejeição às fronteiras nacionais ao expansionismo econômico; e por fim, ao meu ver, o ponto mais interessante do livro - como a conversão das classes em massas, a extinção da espontaneidade e da individualidade do homem, a destruição da dignidade humana e a criação/mantimento de uma ?vida em forma de ficção?, foram essenciais para desenvolver e dar vida ao sistema totalitário.

Leonardo.Broinizi 20/08/2022

Jóia da análise política.
Essa é a primeira obra da Arendt que leio e com certeza não será a última.

Pra analisar o Totalitarismo, a obra discorre sobre o imperialismo, faz uma excelente abordagem do o antissemitismo e ataca diversos pensamentos do senso comum sobre a questão judaica no nazismo, investiga as origens dos movimentos totalirarios, define e distingue totalitarismos de outras formas de ditadura... Enfim, é uma obra abrangente. A linguagem é clara (embora quem não tenha o costume de ler livros de análise política ou outras ciências humanas próximas pode ter que ler com mais calma).

Apesar do livro analisar movimentos da primeira metade do século XX, é uma obra importante não apenas para conhecer o passado, pois ainda estamos sofrendo reverberações desses acontecimentos (embora já estejamos em outro momento histórico e as comparações entre o Totalitarismo e os fenômenos políticos atuais devam ser feitas com cuidado e bons critérios). Indico a todos que gostem de conhecer mais sobre o funcionamento das engrenagens do mundo.

Trindade 17/08/2023

Esclarecedor
"O totalitarismo no poder invariavelmente substitui todo talento, quaisquer que sejam as suas simpatias, pelos loucos e insensatos cuja falta de inteligência e criatividade é ainda a melhor garantia de lealdade." (p. 445)

Erika 29/11/2020

Livro para percepção da construção política dos regimes totalitários. Não é uma leitura para ser executada uma única vez, pois demanda uma certa "bagagem" de conhecimento para um melhor aproveitamento de entendimento. E isso leva um determinado tempo.
Entretanto, não é um impeditivo para a imersão nesse fluxo histórico.

Anezio 20/10/2023

Leitura essencial e ainda muito atual
Lamentavelmente esse livro, como também as atrocidades das quais a autora trata em detalhes é terrivelmente atual. Para que se evite repetir um passado tão funesto é essencial a leitura de livros (preferencialmente já provados pelo tempo) que tratem dos assuntos aqui abordados.

Há momentos em que a leitura é um tanto maçante mas no geral, considerando o que temos visto nos jornais, trata-se de um diagnóstico que está sendo ignorado por toda a elite intelectual atual.

Não é nem questão de se 'vale a leitura', mas sim de quando seria o melhor momento, que bagagem intelectual mínima deve-se ter para poder ler e poder aproveitar o que é oferecido por essa obra.

Gabinas 18/05/2020

Uma leitura relevante
Confesso que ler Hannah não é fácil, não porque sua narrativa seja complexa, pelo contrário, mas por todo contexto histórico, social e filosófico que sua leitura implica. A clareza de suas colocações e percepção da humanidade são de emocionar. Um livro que te faz buscar mais conhecimentos, que desperta sua curiosidade sobre a história e a mente humana.

Rafael 14/06/2015

Brilhantismo
De partida, é preciso sinalizar a cabal desonestidade intelectual à pretensão de elaborar uma resenha-resumo de um livro de pomposa magnitude no que tange aos acontecimentos do século XIX e o XX, em especial ao último, sob a perspectiva histórico-filosofia da sociedade e do Estado. Hannah Arendt, nesta incrível obra, faz uma retomada do antissemitismo enquanto movimento político, suas implicações para o povo judeu e seus lamentáveis desdobramentos que desembocaram na "solução final" nazista; apresenta-nos os elementos essenciais do imperialismo e destrincha os movimentos e regimes totalitários (stalinismo e nazismo) como ninguém tinha feito ou, quiçá, será capaz de fazer com tão maestria algum dia. Um livro que - por sua densidade psicológica, filosófica, política e histórica - exige do leitor paciência, intensa atenção e conhecimentos prévios a respeito dos assuntos abordados. Há que ser dito também, assim como muitas outras coisas deste livro, que a obra não estanca no espaço/tempo em que foi elaborada. A facilidade de trazer o pensamento de Hannah aos nossos tempos é característica imanente da leitura de Origens do Totalitarismo. Mergulhamos definitivamente, através desta obra, naquilo que foi a realização da fantasia judaico-cristã (o inferno) na Terra: o Nazismo e Bolchevismo. Hannah cientificamente nos mostra o devastador rumo que a Europa Ocidental, Central e Oriental tomou ao ter sucumbido às duas grandes mentiras do século XX (os regimes totalitários) que, por pouco, teriam levado a humanidade à extinção. Não é obra comestível e nem de leitura corrente, mas inteligivelmente lida por aqueles que apreciam o árduo, aprofundado e inteligente trabalho de um clássico da literatura.

@PinkLemonade 17/06/2020

Leitura valiosíssima para a compreensão dos nossos
ARENDT se propõe a explicar, na visão de alguém que vivenciou em primeira mão, as razões dos movimentos totalitários que marcaram o séc XX.

A autora nos ensina as diferenças entre movimentos totalitários e os ditatoriais, frequentemente confundidos.
A leitura demonstra ainda as últimas consequências do pensamento utilitarista, que desencadeou em uma massa atomizada preparada tanto para atos de assassínio quanto para ser as vítimas de grandes expurgos e genocídios.
Leitura extremamente interessante e profunda.

Gustavo.Querino 01/09/2022

O terror dos pensamentos nazistas/comunistas
Esta foi sem dúvida uma das leituras mais desafiadoras que já realizei, desde a densidade do conteúdo até as diversas referências a acontecimentos históricos que não tinha ideia que desenrolaram-se.

Hanna Arendt desenvolve ao longo de quase 1000 páginas diversas teses que justificam o acontecimento do nazismo europeu e do bolchevismo soviético, ambos, exemplos de governos totalitários. Sua tese principal se concentra em colocar tanto o antissemitismo político como o imperialismo (diferenciando o continental e ultramarino) como etapas preliminares para que o totalitarismo se desenvolvesse nessas nações específicas. Finalizando com sua definição de totalitarismo e seu objetivo, que para a cientista política a aspiração destes regimes é de um domínio absoluto daqueles sob seu jugo, ou seja, o poder puro e simples e a inexistência da liberdade política (e até pessoal). Esta definição foi tão certeira, em parte porque ela utilizou de fatos concretos para o desenvolvimento de sua teoria, não abstrações lógicas, que podemos ver em relatos vivos de pessoas que passaram por esse terror exatamente o que ela demonstra em suas páginas. O arquipélago Gulag, Contos de Kolimá, Anne Frank e primo levi, todos foram relatos de pessoas que presenciaram o terror totalitário alemão e soviético.

A leitura deste livro é muito importante para quem tem interesse sobre a barbárie do século XX e não quer cometer erros muito grandes ao tentar analisar o que é o totalitarismo, o que é o autoritarismo, como a tragédia se iniciou, se desenvolveu e se tornou o que é.

riquelme.lucas 16/04/2024

Apesar de eu achar ela uma escritora medíocre este livro trás bons pontos acho otimo a visao dela sobre o antissemitismo

Gabslareine 20/11/2020

Difícil, mas importante!
Demorei bastante pois se trata de um período do qual não domino, mas me deu respostas suficiente claras, por exemplo: por que os judeus?

A obra foi uma das primeiras a perceber que os regimes de extrema direita (nazismo) e extrema esquerda (stalinismo), eram farinha do mesmo saco, ou seja: ambos governos totalitários. Aliás, as tiradas de sarro da autora são hilárias.

Uma boa leitura, mas depende de muita paciência e atenção.

Deeh 27/05/2024

Então...
Não considero isso uma resenha, apenas um apontamento sobre uma primeira leitura. Tive muita dificuldade devido ao pouco conhecimento histórico que tenho.

Pretendo retornar a esse livro num futuro distante, depois que assimilar um pouco mais de história geral.

Indico, independente do pouco que consigamos absorver, já é de grande utilidade.