Lori 03/08/2010
Por causa do título é possível imaginar que seja um livro sobre um homem específico ou sobre a profissão. Da para se imaginar um bom número de possibilidades, porém não creio que uma delas seja sobre como é ser mulher no Afeganistão. Não que o livro seja focado neste assunto, contudo boa parte dos capítulos conta as experiências das mulheres da família. Penso que fosse inevitável para a autora viver ali e não mostrar como cada uma se sente e vê o mundo. Imagino que seria para qualquer mulher em sua situação. Todavia o livro não se resume a isso. Também trabalhava sobre o cotidiano e a história afegã. E o bom é que a autora desde o início deixa claro que seu livro não é a representação do Afegão, principalmente por que ela vivia com uma família que era exceção em seu meio.
Livros sobre o Oriente Médio me fascinam, a possibilidade de poder conhecer algo tão obscuro. Independe que seja literatura ou não, se foi escrito por alguém que teve a experiência, creio que seja uma forma de quebrar meus preconceitos e ignorância. Só tinha lido um sobre um espião no meio do Jihad, sendo ele um muçulmano, assim pude conhecer um pouco a mentalidade de um guerrilheiro como também seus preceitos. Com esse busquei saber um pouco mais sobre o cotidiano. Novamente, o cotidiano de uma exceção, mas ainda assim pode ser visto de uma forma mais ampla. Como a hierarquia na família, as obrigações da mulher na casa, os costumes orientais.
Seierstad mostra o já conhecido, como a desvalorização da mulher, contudo também mostra outro lado. Aquelas que enfrentam o sistema vigente, como também aquela que se abaixa frente a ele. Mostra mulher felizes no casamento como as infelizes. Revela sobre poesias e músicas de mulheres que sonham com liberdade e igualdade. Lembra de mulheres com sonhos, como também aquelas que são ignoradas embaixo de uma burca. De uma forma, pouco convencional e forte, ela mostra as complexidades de qualquer pessoa.
O livro como trata de seres humanos, faz você ter diferentes emoções sobre as pessoas. Meu caso especial é com o livreiro em si, Sultan Khan. No início, achei-o corajoso por buscar levar conhecimento para o seu país e fascinantes seus objetivos. Depois fui sentindo desgosto pela forma que ele tratava sua família, o homem que queria levar cultura não deixava os filhos irem para a escola. Uma parte resume bem, ele queria liberdade nas ruas, mas era tirano em sua casa. Como todas as pessoas têm atitudes contraditórias e sentimentos complexos. Acho que ver as diferentes faces das pessoas em uma cultura distinta lembra que no fundo somos todos farinha do mesmo saco. Talvez essa seja uma das maiores belezas humanas.
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