JAOS 03/10/2013
Drácula
O primeiro impacto do livro não vem com a narrativa propriamente dita, mas sim antes, com a forma como é passada (tipologia textual, creio): através de cartas, notas, memorandos, registros. Daí a riqueza da narrativa, pois não há um narrador fixo, mas sim vários, o que dá uma roupagem diferente e inteligente ao texto, exigindo sempre que o leitor atente para o personagem e o momento do relato. Tal esforço é recompensado por uma prazerosa impressão de onisciência, que decorre do privilégio de ver o mesmo fato sob várias perspectivas e, também, de ter acesso aos pensamentos, à mente de cada um que fala, induzindo a uma certa intimidade com todos os personagens.
A estória começa com a viagem de ida do jovem advogado britânico Jonathan Harker à Transilvânia, a fim de mediar a compra de uma propriedade em Londres por um nobre, o Conde Drácula.
Ao longo da obra, outros personagens vão se revelando, tais como: Mina Murray, noiva de Jonathan; Lucy Westenra, sua amiga; Arthur Holmwood, noivo de Lucy; Quincey Morris, um americano rico; John Seward, psiquiatra e admministrador de um manicômio; Renfield, um dos pacientes de John; Abraham Van Helsing, ex-professor de John e especializado num lado mais "oculto" da medicina.
É formado um grupo a fim de deter e exterminar o Conde Drácula, liderado por Van Helsing e integrado por Jonathan, Mina, John, Quincey e Arthur, além do próprio professor, cada um contribuindo à sua maneira para atingir seu intento: pôr fim ao rastro de sangue e à maldição vampiresca que ameaça assolar a capital britânica.
Trata-se de uma ficção primorosa, com intervalos de suspense, terror e romance, retratando valores morais e religiosos do fim do século XIX, ocasionando calafrios e aguçando a curiosidade do leitor a todo o momento.