Breve Romance de Sonho

Breve Romance de Sonho Arthur Schnitzler




Resenhas - Breve Romance de Sonho


68 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5


Gustavo Kamenach 03/06/2023

Breve delírio persecutório
A novela que serviu de inspiração para o último filme de Kubrick De Olhos Bem Fechados, tem um tom mais onírico ainda que sua adaptação (como era de se esperar por conta do título). Nunca fica claro se realmente estamos diante de relatos, devaneios ou delírios persecutórios criados por conflitos sexuais e comportamentais (ciúmes/inveja/desconfiança). São diversas camadas que preciso desvendar em uma futura releitura.
comentários(0)comente



Marc 29/08/2015

Schnitzler ganhou notoriedade no Brasil só depois que seu livro foi adaptado por Stanley Kubrick em “De olhos bem fechados”. Antes disso, que eu saiba, apenas algumas poucas edições que não chegaram a entusiasmar os editores. Era vienense, médico de formação e profundo conhecedor de psiquiatria, mas se destacou mesmo como escritor. Foi contemporâneo de Freud e muito já se falou sobre a relação entre os dois, sobre suas coincidências e discordâncias.

Freud tinha uma maneira bastante peculiar de conviver com influências, afirmando que pretendia manter-se isento, mas sendo capaz de citar longos trechos desses autores apenas de memória. Desconfio que aqui também fosse o caso, e que a negativa escondia na verdade uma profunda admiração.

Para Schnitzler havia um estágio em que mesmo acordados não somos capazes de raciocinar perfeitamente. Geralmente tomados pelo desejo, embora outras emoções possam influenciar também, parecemos ver tudo com clareza e raciocinar perfeitamente, mas simplesmente não conseguimos entender o que está se passando. É como se agíssemos de acordo com nossa visão das coisas (como sempre, claro), mas essa visão estivesse embaçada. Não podemos dizer se tratar de uma embriaguez, porque temos total domínio do corpo; parece que é a cabeça, ao contrário, que foge e não quer se deixar controlar. Esse livro é um pequeno estudo sobre esse estágio. Uma noite em que o protagonista não apenas se deixa levar por seu impulso inconsequente de ter relações sexuais com mulheres desconhecidas ou pelas quais não tenha afeto, como não percebe as fronteiras que vai rompendo nessas tentativas. O fato é que a divergência de Schnitzler com Freud em relação ao tema do inconsciente gerou uma riquíssima literatura, porque esse mundo nublado aparece em quase todos os seus livros, fazendo com que seus personagens sofram com a incompreensão dos eventos de que participam e só posteriormente possam avaliar com clareza o que se passou.

E o próprio fato que desencadeia as aventuras de Fridolin está dentro desse território nebuloso: a troca de confidências sexuais durante a intimidade do casal. A confidência de Albertine sobre o impulso de abandonar tudo certa tarde para seguir um oficial durante a estadia do casal em uma estação da costa dinamarquesa, simplesmente tira o chão de Fridolin. Tomado pelos ciúmes, mas principalmente por essa dúvida, do amor que sentia e acredita agora nunca ter sido correspondido, Fridolin vai atender um paciente próximo a sua casa e inicia uma jornada noite adentro. Já está posta, portanto, desde o primeiro instante a questão do desejo e sua relação com a morte (que não precisar ser necessariamente a morte do indivíduo, mas do desejo, porque este, mais do que tudo, teme a sua não realização). O desejo para que seja satisfeito, não pode ter freios, limites ou regras, mas também precisa da entrega do sujeito, ao menos momentaneamente. Essa entrega precisa ser mútua, sob pena de o relacionamento minguar e é essa pena que subitamente Fridolin sente. Seu desejo é cortado porque ele pensa que não há correspondência, que sua mulher o enganava, deitando com ele enquanto desejava outro. E a jornada, noite adentro de Fridolin estampa esse temor. Afinal ele não sabe mais se pode continuar a desejar uma mulher que pode não corresponder.

Falando em termos mais próximos da psicanálise, Fridolin percebe que seu objeto de desejo (sua mulher) também é um sujeito e se abala profundamente com essa descoberta. Daí, sem forçar muito a interpretação, podermos dizer que existe uma incipiente afirmação do feminino, que não quer mais se sujeitar a mero recipiente das fantasias masculinas, mas quer mostrar que também pode ser portador, ter um papel afirmativo. E isso faz com que essa obra seja de uma riqueza impressionante, a meu ver. Enfim, é o desejo de Fridolin que tenta resgatar sua posição, abalada pela afirmação do objeto e parte numa busca desesperada por esse lugar confortável, porque teme que o outro o suplante, que não saiba lidar com essa descoberta.

Portanto, não se trata de devassidão. Aliás, ao contrário, porque ao descobrir que a posição do outro (sua esposa) era a mesma que a dele (ao menos aos olhos da mulher), como continuar? O objeto está partido, o desejo começa a morrer. Fridolin só sabe investir em um objeto passivo, não é capaz de compreender que o outro sujeito pode ser naquele momento um objeto para ele, assim como ele para sua mulher e depois tudo seguir seu caminho normalmente. Mas nada será como antes amanhã...

Esse temor pode ser melhor expresso pela seguinte afirmação: o desejo procura consumir seu objeto. Ora, se Fridolin se reconhecia com prazer uma figura afirmativa, um homem que deseja e decide a posição que a mulher vai ocupar em sua vida ordenada, basta ela lhe mostrar que não é assim, que ela também deseja, para ele sentir vertigem. Sua busca por essa posição dominante, no entanto, é imediatista, não passa de mero impulso. Não há tempo para “maturar” um objeto e consumi-lo pouco a pouco. Tudo acontece rápido demais: ele se surpreende com a confissão de Marianne, que diz ama-lo, esbarra com um estudante na rua (fato banal, mas repleto de significado em sua mente perturbada), logo está na cama com uma prostituta (e não consegue efetivamente nada, porque na verdade não a deseja), depois presencia uma comédia ousada quando vai alugar uma fantasia para a festa e, por fim, na própria festa, não sabe como se comportar. Aqui acontecem os momentos mais absurdos de toda a noite. As pessoas fantasiadas enquanto as mulheres nuas pareciam ser entregues em sacrifício e a insistência de uma delas para que fosse embora porque sua vida corria risco. Tudo poderia ser apenas uma farsa, mas como saber? Todos esses eventos passam rápido demais, a ponto de não ser possível refletir sobre nenhum deles. A noite encerra, inevitavelmente, frustrações seguidas. E não deixo de pensar que Fridolin chega a essa conclusão, mas a evita, sob pena de ter que encarar novamente seu papel de macho dominante em crise.

Essa é mesmo uma noite memorável, que vai mudar para sempre sua visão da vida. O livro termina com uma imensa interrogação, uma dúvida sobre a real natureza do evento secreto de que participou. Mas independentemente disso, Fridolin percebe que existe toda uma outra existência que ele até então não suspeitava. Quem serão aquelas pessoas? As fantasias serviam para esconder sua identidade ou apenas para apimentar a noite? Nesse caso, era uma sociedade secreta de fetichistas, pessoas com poder e dinheiro suficientes para viver suas fantasias, mesmo as mais caprichosas? Se assim o for, sobra ressentimento por não poder usufruir a vida da mesma maneira que todos aqueles cavalheiros...

Mas não é só isso. No dia seguinte visita os mesmos lugares numa clara tentativa de ordenar o que se passou. Inutilmente, é preciso dizer. E quando está começando a aceitar que as pessoas não são nada do que ele pensava, se depara com novos comportamentos. É como se descobrisse que na vida privada, aquela que ele não tinha acesso e nem suspeitava existir, tudo fosse permitido; enquanto na vida social, apesar da contradição inequívoca entre um papel e outro, tudo pudesse seguir normalmente. Gosto de pensar isso, porque sub-repticiamente a novela introduz um tema muito importante: serão os vícios privados, virtudes públicas? É possível que um não resvale sobre o outro?

E embora esse tema pareça não ter relação com o outro, na verdade podemos voltar o olhar para a figura de Fridolin e compreender melhor o que Schnitzler está dizendo. O protagonista se vê como uma figura unidimensional. O que é na vida pública, o médico responsável, pai de família, esposo amoroso, é como se vê na vida privada e ponto final. Não existe, para ele, outro papel, um espaço para outro papel. Jamais poderia imaginar que seu desejo pudesse ser ferido, retirado de suas bases e sua figura impositiva questionada. Ele enxerga a sociedade como uma reprodução perfeita do íntimo das pessoas, não é sem importância o fato de passar a odiar sua mulher depois que ela lhe mostra, sem floreios, que as aparências guardam muito mais do que se suspeita à princípio. Fica atônito com essa descoberta e começa a acreditar que todas as mulheres não passam de umas fingidas, mentirosas. Mas essa maneira de pensar acaba se estendendo a todos e Fridolin pensa que no fundo é a perversidade que dirige o comportamento humano; a mera vontade de enganar, e se é assim, ele também vai fazê-lo.

Importante notar que não é mais a necessidade de se impor novamente como dominante que vai gerir seu comportamento. Depois que se convence da perversidade alheia, é apenas o ressentimento que o move. Como se, depois de ferido, precisasse de uma restituição de alguma maneira. O incidente com os estudantes expressa isso perfeitamente: um simples encontrão e a zombaria de alguns deles, ainda martelava no dia seguinte em sua cabeça, a ponto de imaginar que deveria ter pedido satisfação e desafiado o estudante para um duelo. De preferência de pistola. Enfim, há um grande vazio, uma ofensa gravíssima, mas Fridolin não sabe precisar onde está e seu ressentimento vai espalhando para todos.

Tenho sérias ressalvas a essa maneira de entender todos os livros como uma espécie de autoajuda, como se fossem escritos com o único propósito de fazer o leitor refletir sobre sua vida e modificá-la. Mas a verdade é que Schnitzler acaba nos mostrando um painel das mudanças nas relações entre os sexos e na sociedade de modo geral. Suas personagens femininas são fortes, decididas e inteligentes. Os homens, ao contrário, tentam se manter através da autoridade da tradição, mas sempre se enganam. Até mesmo aqui, onde Albertine, a mulher de Fridolin, quase não aparece, é uma personagem que está segura e confiante. Eu não ousaria afirmar que Schnitzler era um feminista, mas que estava atento às mudanças da sociedade e que as reproduzia em seus livros.

A cena final, onde Albertine atenua os efeitos da aventura de Fridolin, mostra perfeitamente o quanto esse homem se desgastou. Enquanto a mulher pode agora desejar, ser ativa e inteligente também, além de manter seu carinho (o que era sua única característica na visão de Fridolin). O homem está inseguro, frágil, curvado, chora arrependido e deseja apenas o conforto dos braços da mulher para livra-lo de tudo que passou e restituir seu lugar de afeto.


comentários(0)comente



Zé - #lerateondepuder 06/07/2020

Breve romance de sonho
Quando a vida estruturada pode mudar de uma hora para outra, com grandes consequências em um relacionamento e tudo por causa de alguns sonhos. Essa é a história contada no livro ora resenhado, a de um médico bem de vida, com uma boa família, uma linda mulher e uma filha adorável na convencional Viena dos anos 1920, que passará por situações muito inusitadas, não sabendo se tudo será ou não um sonho.
Uma leitura agradável e rápida, a final se trata de uma novela, que usa termos rebuscados e parágrafos um tanto quanto extensos. Começa descrevendo os personagens principais, os colocando direto no mote da trama, um determinado baile de máscaras, no qual o casal compareceu à noite anterior, tendo flertado um com outro, sem que percebessem suas identidades. A conversa segue em casa, com o tema sobre os desejos mais íntimos e perigosos, até que a esposa conta sobre uma certa oportunidade, um poucos antes de se casarem, que teve uma rápida paixão por outro homem e que, se este não a tivesse deixado, poderia ter largado tudo para ficar com ele.
Esta confissão da conhecida como Albertine, irá desencadear em Fridolin, o respeitado médico, uma inquietação na alma, principalmente, no tocante à fidelidade de sua esposa para com seu casamento. A partir desse ponto, o enredo apresenta uma sequência de cenas em que esse médico se moverá com o ímpeto de trair, como forma de reparação à mágoa sofrida.
Os acontecimentos que se apresentam na vida do médico são um tanto quanto nada convencionais, mas ligado ao desejo de reparação, primeiro com uma filha de um de seus pacientes que falece, tendo no momento de atestar sua morte, recebido a declaração daquela jovem de que por ele é apaixonada. Segue às ruas pela madrugada e se depara com uma prostituta, depois em um outro baile secreto de máscaras, onde há mulheres nuas e cenas das mais eróticas, em que o personagem principal quase é flagrado em sua identidade, sendo salvo por outra bela mulher, mas tendo que se retirar.
E assim vão aparecendo várias ocasiões singulares para aquele pacato médico, muitas em consequência daquele encontro secreto, tudo saindo da mais completa previsibilidade, na ânsia de se vingar da quase infidelidade. Em algumas vezes, Fridolin questiona se aquilo tudo não seria um sonho e se, diante do mundo inteiro, poderia ele levar uma espécie de vida dupla, ser ao mesmo tempo o médico trabalhador, confiável e promissor, o bom marido e pai de família ou um devasso, um sedutor, por outro lado.
A história vai se finalizando com outra conversa íntima na cama do casal, quando ao se deitar, Fridolin percebe a máscara usada secretamente no baile exótico, revelando que a esposa havia tomado conhecimento de seus atos de adultério. Albertine, por sua vez, acaba confessando outro sonho de traição ainda mais ousada e o médico aproveita para revelar em detalhes, tudo que aconteceu, a que sua mulher responde: “estou tão certa quanto suspeito que a realidade de uma noite ou mesmo de toda uma vida não representa sua verdade mais íntima.”
Como se espera pelo próprio título, o autor irá questionar os mitos e perspectivas psicológicas que acontecem inconsciente das pessoas, indicando as possíveis interpretações à luz da psicanálise. Há algumas passagens sobre a análise dos sonhos do casal protagonista, em que se questiona se toda a trama é apenas um devaneio e que, quando se acorda, será possível esquecer por completo, nada permanecendo além de um estranho estado de espírito, um misterioso atordoamento. Argumenta, também, se quando lembrada mais tarde aquela fantasia, não é possível saber se foi vivenciada de fato ou se foi apenas sonhada.
De título original é Traumnovelle, o livro foi escrito no ano de 1926, sendo que seu autor é Arthur Shnitzler, um médico de formação, dramaturgo, romancista e um dos maiores destaques da literatura austríaca do final do século XX, autor de outras obras clássicas como: O Retorno do Casanova e Contos de Amor e Morte. Shnitzler é, por vezes, comparado a Freud que privilegiava o inconsciente, sob o aspecto das perversões, enquanto este autor vienense explora o sexo com a morte e as infidelidades, principalmente, das famílias burguesas austríacas.
A edição lida foi uma de formato digital, disponível no site http://lelivros.love/, da Editora Companhia de Bolso de 2008, sendo possível verificar outras quatro edições diferentes. Uma boa publicação é a da Editora Globo/Folha de São Paulo, de 2003, traduzida por Sérgio Tellaroli, com apenas 95 páginas.

Veja a vídeo resenha, em: https://youtu.be/a2BBG0KwYR0. Acesso em: 05 jul. 2020.
Paz e Bem!


site: https://lerateondepuder.blogspot.com/2020/07/resenha-do-livro-breve-romance-de-sonho.html
comentários(0)comente



Cristiane 11/02/2022

Breve romance de sonho
Albertine e Fridoline trocam confidências sobre suas fantasias eróticas. Fridoline fica enciumado com o relato de sua esposa. Ao sair para atender ao chamado de um paciente moribundo ele reencontra um amigo da faculdade que é pianista. Este reencontro dará início a uma sequência de fatos estranhos.
comentários(0)comente



Jacque Spotto 23/02/2020

Onde a realidade e os sonhos se fundem...
Confesso que li o livro, porque descobri que Kubrick inspirou nele para dirigir o filme De olhos bem fechados, também confesso que não assisti ao filme, mas sabemos de sua importância com alguns prêmios na bagagem. Agora sim vou assistí-lo rsrsrs.

A história se passa em Viena, onde Fridolin, um jovem médico, burguês, casado com a bela Albertine, uma típica família rica e bem-sucedida, depois de uma festa a fantasia relatam alguns desejos ocultos um ao outro que teve por outras pessoas no passado. Logo em seguida Fridolin sai para atender uma emergência médica e daí em diante tudo passa a se tornar insólito, o ciúme do médico faz com que ele tenha pensamentos irracionais e lhe coloca em situações de risco e bizarras.

Não conhecia as obras do autor Arthur Schnitzler, sendo esse o primeiro livro que me aventuro desse escritor. E que livro bom! O ambiente às vezes onírico onde acontecimentos reais e de devaneios se misturam de forma que prende o leitor até a última página faz nos conectar com o personagem principal, lembrando muito em alguns momentos os contos de Edgar Allan Poe.

O livro é repleto de simbolismo, o que reflete muito bem a realidade do autor que também era médico psicanalista, contemporâneo de Freud.
comentários(0)comente



Ale 19/08/2020

No mundo insconsciente dos desejos
Leitura super interessante! Uma novela de leitura rápida e de narrativa bem elaborada que aborda de forma literária muitos dos temas que Freud desenvolvia concomitantemente na psicanálise. Após a leitura, diversas são as reflexões realizadas sobre desejo, a força do inconsciente nas visões sobre a realidade, o duplo que há em nós onde exteriorizamos uma identidade e guardamos internamente alguns desejos, medos, etc. Enfim, gostei muito da leitura e tenho curiosidade em buscar outras obras do autor.
comentários(0)comente



Ricardo Rocha 07/07/2011

não muito mais que um longo conto, Breve romance de sonho (Traumnovelle), por meio de uma escrita sofisticada que representa as situações segundo uma ótica singular, se está próximo de um conto de terror, também não está muito longe de uma história de amor. situada entre festas (quase cerimônias) de máscaras, entre a vigília de duas noites de um médico e sonhos, sonhados ou reais – a fronteira é tênue –, talvez introduza a literatura em alguma coisa que quase por definição já lhe deveria ser própria: a realidade ela mesma existe até que ponto? até que ponto o sonho ou nossos simples pensamentos e desejos são essa mesma realidade? ou talvez seja um estudo sutil sobre as várias gradações da realidade e a força maior daquelas que se desenvolvem apenas dentro de nós. Uma pequenina pérola. não, não deveria dizer aqui que De olhos bem fechados, o ultime filme de Kubrick, foi uma adaptação desse texto. o livro tem vida própria e visualmente não funciona da mesma forma. mas isso é uma outra, velha discussão que aqui não cabe.

comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Carlos R. A. Amorim 23/03/2020

Uma história reflexiva
É uma história curta, para ser lida de uma só vez.
A linguagem é bem interessante e tem um aspecto onírico no desenrolar dos acontecimentos que combina bem com o título da obra.
A partir de um sonho de infidelidade há um desencadeamento de emoções e instintos que trazem sérias consequências para um casal.
comentários(0)comente



rosangela 15/07/2010

BREVE ROMANCE DE SONHO

De Arthur Schnitzler; tradução Sérgio Tellaroli. Rio de Janeiro: O Globo, São Paulo: Cia das Letras, 2003


Já nas primeiras páginas de Breve romance de sonho senti alguma analogia com alguma situação vivida, quando resolvi ler as “orelhas” do livro verifiquei a identificação: foi baseado nessa obra-prima que Stanley Kubrick em 1999 criou o filme De olhos bem fechados, com Tom Cruise e Nicole Kidman como protagonistas. A fidelidade dessa criação é primorosa, identifiquei logo a verossimilhança.

Em um monólogo íntimo Fridolin – médico da policlínica e um consultório em casa – esposo de Albertina e com uma filhinha, vivencia, em dois dias, drásticos momentos em que seu subconsciente o atormenta a partir de uma confissão da esposa. Fridolin e Albertina pessoas lindas, inteligentes, educadas e fiéis, no entanto a narrativa se embrenha pelos caminhos nada explicáveis do subconsciente e sonhos ao mesmo tempo circunstanciados em total sexualidade e neutralizado pelo desprezo ao obital.

A trama iniciada com a confissão de infidelidade da esposa vaza pelos momentos vividos por Fridolin a partir dali, mais precisamente quando encontra um velho amigo – músico Nachtigall - que por insistência de Fridolin lhe passa uma senha para um baile de máscaras em uma sociedade secreta de gente da corte, aristocratas, arquiduques, com hábitos de monge, máscaras e mulheres lindíssimas e nuas, em rituais de orgias e penumbra.

A narrativa são sonhos, fantasias do inconsciente que destruía aos poucos a relação de Albertina e Fridolin em crises de ciúmes e possessividade tão somente porque não conseguiam ser transparentes em seus pensamentos mais íntimos, no entanto quando tentavam ser, criavam sentimento de vingança.

Incrível como sexualidade e sonhos íntimos são secretos, são velados, são às vezes inconfessáveis e nessa narrativa, Arthur Schnitzler consegue de forma nada convencional mostrar as crises psicológicas de Fridolin que se diz “médico trabalhador, confiável e promissor, bom marido, bom pai de família e ao mesmo tempo consegue ser em pensamentos íntimos devasso, sedutor, cínico, com homens e mulheres a seu bel-prazer.” Tudo, entretanto se tornava irreal em sua vida, porque nada concretizava desse seu lado libidinoso. São tantos encontros em dois dias, tantos desejos sexuais, seja com Marianne ao lado do corpo de seu pai que Fridolin não conseguiu salvar; seja com a Baronesa Dubieski – a mulher encantadora da sociedade secreta que o enfeitiçou, com a prostituta com quem apenas conseguiu oferecer guloseimas que Fridolin enriquece de forma plena toda a narrativa. O final é dedutivo e cada leitor terá seu final particular.

Para quem gosta de literatura e psicologia é uma deleitosa e primorosa leitura que questiona nossa dupla vida e nossa frustrada e limitada vivência sempre com preconceitos, obrigações e medos. Sempre com relacionamentos nada transparentes. Para quem assistiu e gostou do filme De olhos bem fechados gostará bem mais da leitura. É realmente uma obra-prima.

Quanto à explícita ligação da narrativa com sonhos e sexualidade Freudiana deixo aqui um trecho da carta que Freud enviou a Arthur:

Sempre que me deixo absorver profundamente por suas belas criações, parece-me encontrar, sob a superfície poética, as mesmas suposições antecipadas, os interesses e conclusões que reconheço como meus próprios. Ficou-me a impressão de que o senhor sabe por intuição – realmente, a partir de uma fina auto-observação – tudo que tenho descoberto em outras pessoas por meio de laborioso trabalho. (Freud, 1922)
comentários(0)comente



Keka 17/04/2011

Dinâmico
Gostei do livro, e dinâmico, as coisa acontecem rápido.
Aliás, acontecer é o x da questão. Será que o que quase acontece, aconteceu. Será que quase trair é trair, onde está o limite.
O personagem sente profundo ciúme de um sonho da mulher, de seus pensamentos, o que me fez questionar o que devemos cobrar do companheiro como fidelidade.
Talvez devêssemos simplesmente, sermos capazes de aceitar a sinceridade, e reconhecer no outro um ser humano, tal como nós próprios.
comentários(0)comente



Luis.Gengibre 06/08/2020

D.?
O livro é bem curtinho, o que me deu um tremendo espanto por demorar 3 dias para ler. Os personagens são rasos, exceto pelo protagonista, os acontecimentos seguem um condão temático, e os temas abordados permanecem tão atuais quanto no inicio do século XX. A ambientação e momentos da história são impecáveis, porém ao se parecer muito com um sonho de outra pessoa, o primeiro instinto dos olhos é olhar para qualquer outra coisa mais interessante.
Infelizmente somente entrei em contato com a obra por ser um grande fã do filme americano que adaptou a história. Na ótica genial de Kubrick tudo isso foi traduzido com paixão e talentos únicos, o que em comparação ao livro tem muitos outros méritos pelo formato.
comentários(0)comente



Ronaldo.Dalbianco 06/12/2022

Paranoia?
?????? ??? ????? ?????? ???????? ??? ? ????????? ?? ??? ????? ?? ????? ?? ???? ??? ???? ??? ?????????? ??? ??????? ???? ???????

Esta novela é arrebatadora. Publicada em 1926, ganhou adaptação para o cinema, ?De Olhos Bem Fechados?, que é um verdadeiro complemento da obra.
comentários(0)comente



Miguel.Martins 11/01/2021

Como o nome indica, é um livro bem breve, li em 2 dias.

Apesar disso, está longe de ser uma obra rasa. Schnitzler, além de poeta e escritor, era também médico por formação e profundamente interessado em psicologia/psicanálise. Assim, "Breve romance de um sonho" é mais um tratado sobre psicanálise do que um romance literário.

Estudamos esse livro na aula de Literatura Alemã, o que me permitiu ter contato com uma análise aprofundada da obra que abordou os conceitos psicanalíticos presentes no enredo. Se eu tivesse lido por conta própria, provavelmente não teria gostado muito. E não só por essa complexidade temática, mas principalmente porque o protagonista (o médico Fridolin) é um personagem muito fraco – não em termos de desenvolvimento literário, mas de caráter mesmo. É um homem orgulhoso, arrogante e medroso. Mas compreendê-lo à luz da psicanálise de Schnitzler e de Freud dá uma dimensão totalmente diferente à personagem.

Acho que o ponto negativo da obra (ou ao menos da edição da Companhia de Bolso) é que ela não vem acompanhada de uma apresentação ou uma nota do editor/tradutor sobre essas nuances psicanalíticas. Acho que isso melhoraria em muito a experiência do leitor desavisado.
comentários(0)comente



68 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR