Cíntia Mara 07/10/2016insignificativo.com.brLi O Livro do Amanhã há pouco mais de um ano e foi meu quarto livro de Cecelia Ahern. A autora ficou conhecida pelo sucesso de PS: Eu Te Amo, mas sua marca registrada são as histórias com um toque de fantasia e protagonistas femininas que fogem do padrão "mocinhas".
Embora eu não seja uma grande fã de fantasia, esse foi o primeiro ponto que me chamou a atenção. Desde que assisti Being Erica (aquela série que eu dou um jeito de encaixar no maior número de posts que puder), venho desenvolvendo certa obsessão por histórias que envolvem tempo, decisões, consequências. Porém, achei o início do livro muito lento e o que me prendeu foi o outro ponto que citei, a protagonista.
Eu tenho sérios problemas para gostar de protagonistas, especialmente quando são mulheres, porque o padrão de mocinha/heroína é chato. Mas, como eu disse antes, conhecendo a autora, eu já imaginava que não teria esse problema. Tamara é uma pessoa horrível (e eu amo pessoas horríveis). Ou, pelo menos, ela acha que é, ela diz que é, ela sofre por ser. Eu me identifiquei muito com ela, especialmente quando ela diz que facilita as despedidas ao fazer com que as pessoas a detestem. Só isso já me fez querer pegá-la no colo e tirá-la de perto de qualquer pessoa quisesse fazer-lhe mal - como a tia Rosaleen, que, além de infernizar a vida de Tamara com a justificativa de estar cuidando dela e da mãe, também ajuda a trazer o suspense para o livro.
Ao longo dos capítulos, o suspense acaba se tornando tão importante quanto o aspecto mágico da história. Apesar de ter lido já há bastante tempo, lembro-me de ficar o tempo todo bolando teorias e tentando entender o que realmente estava acontecendo. As coisas chegam a ficar assustadoras em alguns momentos e Tamara teve que ser bastante corajosa para seguir em frente. Acaba que o livro que prevê o futuro nem é tão relevante assim (e convém dizer que nenhuma explicação é dada sobre ele) se comparado a todas as outras revelações.
O Livro do Amanhã é quase uma novela mexicana. Algumas das minhas teorias até se aproximaram do que realmente aconteceu, mas a verdade é que, embora as pontas sejam amarradas decentemente, eu achei tudo muito louco e dramático demais. Não me arrependo de ter lido, não é um livro ruim e, para mim, o quanto eu consigo me identificar com um personagem sempre será mais importante do que os rumos da história. Embora não tenha se tornado um favorito, ainda passa uma mensagem positiva e me deixou com várias citações ótimas.
Aprendi algo importante naquela noite. Não se deve tentar impedir tudo de acontecer. Às vezes, devemos esperar ficar sem jeito. Às vezes, também, devemos aceitar a possibilidade de ficar vulnerável diante de pessoas. Às vezes isso é necessário porque tudo faz parte de você chegar à parte seguinte de si mesma, no dia seguinte. O diário nem sempre tinha razão.
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