Katy 01/08/2016
Sete faces do terror: nostalgia e frio na barriga!
1) Bença, mãe - Júlio Emílio Braz
Esse é um conto sobre fantasmas. Ele conta a história da menina Olivia, que foi assassinada pela própria mãe, uma prostituta fria e cruel. O fantasma da menina ficou então aprisionado na casa que era o antigo bordel onde sua mãe Flô Burnier e as demais prostitutas moravam e trabalhavam e atormenta todas as atuais moradoras na tentativa de encontrar o afeto de mãe que nunca teve.
A história começa quando aparece uma nova compradora para o imóvel, uma moça chamada Laura. Desde que a vê, Olivia julga ser esta a mãe perfeita que sempre sonhou e em diversas vezes essa carência da criança já morta nos faz torcer para que tudo acabe bem.
Não é exatamente uma história assustadora, mas ainda assim considerei um dos melhores e mais impressionantes contos do livro.
2) A marca da serpente - Carlos Queiroz Telles
A marca da serpente conta a história do vampiro Vlad, que se apaixona por uma humana. Não é estilo crepúsculo, pois trata-se de um livro de terror juvenil, mas segue a mesma linha do vampiro que tenta disfarçar seu extinto para proteger sua amada. Entretanto, Vlad diferencia-se de Edward pela forma como se mostrou dissimulado e sem escrúpulos, chegando ao ponto de matar o pai de sua amada para que a mesma cumprisse a promessa de casar com o primeiro homem que lhe pedisse após ficar órfã de pai.
A história também não é assustadora, mas é importante considerar que o livro é para adolescentes e crianças e eu me recordo de ter ficado bem mais impressionada quando li pela primeira vez, anos atrás.
O desfecho do conto é bem elaborado e razoavelmente surpreendente, de forma que vale a pena ser lido, independentemente do nível de terror.
3) Possuída pelas trevas - Flávia Muniz
Em "Possuída pelas trevas" temos uma história sobre bruxas e me arrisco a dizer que trata-se de uma das melhores que já li sobre o tema (apesar de não ser um tema que costumo ler com frequência). Temos a história de um namoro adolescente que está prestes a acabar, contada na perspectiva da namorada insegura e possessiva e do namorado traidor e galinha.
A moça descobre a traição e não aceita bem o fim do relacionamento, então procura uma bruxa para que a mesma faça um feitiço ou maldição contra o rapaz; Mas bruxas não são boas e o mal desejado pode sempre vir em dobro para quem o deseja...
4) Tybi, o guardião dos gatos - Marcia Kupstas
Li este livro com meu marido e esta foi a história que ele mais gostou. Quanto à mim, estou em dúvida entre essa, a primeira e a terceira!
Tybi é uma história sobre múmias. Quando vi o tema, confesso que a menosprezei. Não imaginei que uma história assim estaria inclusa como uma das sete faces do terror, ainda mais tratando-se de um gato mumificado. Sim, a múmia da história é o gato Tybi. Acontece que Tybi não é uma múmia comum: ele é o guardião dos gatos e é capaz de invocar todos os felinos para destruir a vida daqueles que julgar merecedores.
É realmente um conto muito bem escrito e elaborado, que deixa aquele gostinho de querer mais, de querer que a história continue e possamos seguir acompanhando Tybi vingando todos seus irmãos de espécie.
5) Garoto inventado - Julieta de Godoy Ladeira
Esse é o único conto do livro que nem eu, nem meu marido gostamos. Ele fala de Frankenstein e eu já comecei não gostando, pois Frankenstein não é um monstro (sou defensora devota da criatura de Mary Shelley).
Mas, logo que começamos a ler, entendi o que o autor quis dizer: trata-se de uma história de criador e criatura, por isso o termo Frankenstein. Porém, nesse conto, criador é um velho solitário, que tinha seu pequeno netinho como a coisa mais preciosa de sua vida e que não soube lidar com a morte do menininho, acabando por inventá-lo em sua mente.
A narrativa é confusa, mas basicamente a vontade de ter o neto vivo era tanta, que o avô passou a inventar momentos com o mesmo, compartilhando com todo mundo. Na sua mente, o neto ainda vivia, brincava, ia à escola, aprontava... E esse desejo era tão grande, que um dia se materializou.
A história podia ter sido boa, uma vez que a ideia é legal. O que faz não ser foi a narrativa confusa e o final meio absurdo, com uma reviravolta desnecessária e vaga. Não é um conto ruim, apenas deixa à desejar e perde muito em comparação aos demais do livro.
6) Lua cheia de sangue - Jesse Navarro e Márcia Melo
Lua cheia de sangue é uma história de lobisomem que se parece muito com aqueles filmes policiais onde há uma mocinha, um mistério e um romance.
Uma pequena cidade onde um lobisomem tem atormentado a população com assassinatos. Duas meninas que foram atacadas pelo monstro dentro da própria escola e só não perderam a vida por terem sido socorridas há tempo. Uma psicóloga e um delegado que juntam-se para solucionar o caso, ao mesmo tempo que se apaixonam. Um clima de suspense em que você fica chutando qual dos personagens deve ser o lobisomem.
É clichê e não posso falar que o final foi surpreendente, apesar do conto tentar fazer isso. A questão é que Jesse usa a tradicional fórmula de dar pistas descaradas durante todo o conto para induzir o leitor a se convencer que o culpado era um, quando na verdade, era outro.
Entretanto, o fato de ser clichê, não faz de "Lua cheia de sangue" uma história ruim. É um bom conto, ficando no mesmo patamar dos quatro primeiros.
7) Um homem feito de nuvem - Fernando Portela
Um homem feito de nuvem foi para mim a única história assustadora do livro. Não que eu tenha perdido o sono, tido pesadelos ou ficado com medo do escuro, mas ela realmente é bem mais pesada que as demais. Na descrição, o autor afirma tratar-se de uma história de morto-vivo, mas eu descreveria uma história de espíritos e criaturas do inferno.
O conto fala de Jorge, um homem pão-duro, cruel e detestável, que agredia seus familiares física e verbalmente e não era querido por ninguém. A história começa quando Jorge acorda de um terrível pesadelo onde criaturas horríveis, meio gente, meio monstros, lhe perseguiam até um pântano borbulhante e negro onde ele se afogava.
O homem já acorda furioso, irritado pelo horário, porque irá se atrasar e ninguém lhe acordou. Levanta e vai até a sala onde vê seus familiares reunidos, aparentemente sendo consolados uns pelos outros. Começa a esbravejar e então se dá conta que ninguém está lhe vendo, pois está morto.
Pouco a pouco, Jorge percebe o alívio que seus familiares sentem com sua morte e o quão cruel foi em vida e isso se torna ainda mais claro quando as criaturas vistas em seu sonho aparecem para levá-lo ao inferno... E para encostarem-se em seu filho, que vai assumindo a mesma personalidade do pai.
É um conto muito bem escrito e um dos que mais me impressionou quando li. tanto na primeira, quanto na segunda vez.
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