Rita 01/11/2020
Bem escrito e desenvolvido
Quando comecei o conto, não pensei que ia gostar porque as descrições são enormes e eu senti que ia perder metade da história e não ia entender nada.
No entanto, mesmo eu dando umas viajadas e tendo que voltar algumas vezes, a história ficou bem clara para mim.
É engraçado porque logo no começo percebi que ia me lembrar de mais das minhas aulas de geografia física e de geometria e entrei em pânico. Amo geografia política e amo matemática, mas essas coisas de rochas, latitudes e diâmetros eram minhas piores notas na escola.
Mesmo assim, compreendi bastante do livro e lembrei que diâmetro é uma reta que toca dois pontos opostos de um circulo passando pelo centro, e é o dobro do raio. Quase me aplaudi na hora, rs.
No começo, em meio a chegada e as descobertas eu achei meio chato. Sinceramente, só achei a história interessante bem no final e foi ali, bem no final mesmo, que notei o quanto foi importante todo o começo e meio mais chato.
Considero até que consigo ver a história evoluir assim: o começo chato, porque são coisas cotidianas de trabalho, apesar de não ser o meu é o trabalho de alguém; no meio tem um pequeno despertar porque as coisas deram muito errado, mas são coisas que podem acontecer em acidentes de trabalho a gente gostando disso ou não, e vão investigar o que aconteceu; e então, no meio dessa investigação, toda a normalidade vai pro lixo e se torna uma coisa extraordinária demais e alucinada de muitas formas. Juro que senti meu coração acelerar na fuga deles.
Amei como ele fala no finalzinho uma frase mais ou menos assim "o que eles fizeram que nós não faríamos?". Porque, em muitas histórias, colocam seres de outros planetas, animais, ou seres sobrenaturais como seres malignos que querem destruir a humanidade, seja pra ocupar um espaço, pra se alimentar, ou para exercer poder; mas aí vem a questão: não é o que os humanos fazem com tudo que é diferente, até mesmo com outros humanos?
Ironicamente, o próprio autor tinha esse pensamento - porque não é segredo que ele era racista pra caramba. Isso já me deixa bem receosa de ler coisas que ele escreveu, mas sempre vou para minhas leituras com pensamentos críticos e consigo identificar muitos problemas nelas que não concordo - além disso o autor estar morto não me faz sentir tanta culpa assim por gastar com ele.
Enfim, é um conto arrastado, mas bem escrito e construído - vale a pena ser lido e refletido.
Lembrando sempre gente, é muito importante refletir sobre o que vemos e lemos, porque se não pensarmos por nós mesmo, vamos aceitar os pensamentos de outros para nós e não teremos escolha nenhuma que seja realmente nossa.