danilo_barbosa 03/01/2013Incenso, mirra e muita pancadariaVeja esta e mais resenhas minhas no Literatura de Cabeça:
http://literaturadecabeca.com.br
O que faz um autor ser grande não é o fato de o cara ser capaz apenas de criar grandes histórias, mas sim saber escrevê-las muito bem... E quando pensamos em loucas reinvenções, Seth Grahame Smith, entre a nova geração de autores mundiais, na minha humilde opinião, é quem faz isso melhor.
Eu já havia lido Orgulho, Preconceito e Zumbis e mesmo com tantas farpas trocadas pelos furiosos fãs de Jane Austen, amei a hilária homenagem e me surpreendi como o texto dele se casou tão bem com a escrita da consagrada autora. Sua segunda obra publicada aqui, Abrahan Lincoln, está lá na minha estante - só não o li ainda devido ao grande lixo que considerei o filme. Mas as coisas nunca acontecem à toa e um dia antes de eu sair de viagem em férias, chega em minhas mãos o seu mais recente livro: Noite Infeliz (Intrínseca, 270 páginas)... E deixar nas minhas mãos, às vésperas de Natal, um livro que fala do feriado religioso-comercial mais cultuado do Ano era como juntar a fome à vontade de comer. Por isso, nem hesitei em levá-lo comigo.
E com certeza, encerrei 2012 com chave de ouro. Religiosos que me perdoem, mas o livro é excelente. Pensando em encontrar uma comédia, deparei-me com um livro épico, recheado de ação e cenas fantásticas no decorrer de todas as suas páginas. Graças a este ótimo e maluco autor, deixamos de ver Baltazar, Gaspar e Belchior como três grandes reis que viajam pelo deserto em busca do Messias. Vemos três assaltantes, filhos de uma sociedade tirânica regida por Roma e seu mais insano e doente representante, Herodes, em uma constante luta para sobreviver. Fugidos do palácio do Imperador, eles vão parar por acidente no estábulo onde Maria acabou de ter o seu filho, o escolhido de Deus. E, mesmo descrentes, prometem proteger o pequeno Jesus da loucura do imperador doente e aproveitar a oportunidade para chegarem ao Egito, onde Roma não possui poder para puni-los após a morte de Cleópatra e Marco Antônio. Isso, sem contar Pôncio Pilatos, que se junta a Herodes neste caçada, junto de um poderoso mago...
O mundo antigo, que o leitor acompanha pelos olhos de Baltazar, é de tirar o fôlego. Vemos como funcionavam as intrigas e o poderio romano, sem contar as artimanhas que os grandes utilizavam para demonstrar os seus poderes. Além disso, Seth criou um herói aos nossos olhos, que mais que salvar a pequena criança que derrubará todos os reinos, desvenda diante de nós sua história de dor e redenção como poucos personagens podem fazer e assim descobrimos como as pessoas podem perder a fé nelas mesmas e desacreditar em milagres.
A fé? A fé existe em cada pedacinho do livro que, mesmo racionalizando, mostrando homens que diante dos piores momentos, não acreditam na pureza de Maria, passando pelos maiores obstáculos com ações que não conseguem achar explicação. As reviravoltas que o autor coloca na trama destes seres humanos em busca de suas sobrevivências é uma delícia de acompanhar. Outra grande vantagem é o autor escrever suas obras como se estivessem prontas a serem roteirizadas para um filme, dando ao leitor o auxílio visual necessário para montar toda a trama dentro de suas cabeças.
Sendo ficção ou possuindo um certo fundo de realidade, mesmo tendo um bando de invencionices e cenas que muitas vezes você pode pensar que são dignas de um filme de James Bond, o livro sabe onde pegar e fazer o leitor se divertir.
Esta aventura é a pedida ideal para quem deseja começar o ano com uma grande aventura, divertida e cheia de emoções. E que venham mais invenções malucas de Seth Grahame Smith!