Vê 23/09/2013O Azarão é o primeiro livro do autor Markus Zusak que leio, apesar de já ter ouvido falar muito bem de seus outros títulos, A menina que roubava livros e Eu sou o mensageiro. A trilogia Irmãos Wolfe estava na minha lista de desejados e confesso que demorou um pouco para que eu ligasse os pontos que O Azarão fazia parte dessa trilogia no Brasil. Não há uma ordem fixa para ler os três livros, mas preferi começar por ele porque, segundo o Goodreads, ele estava como primeiro.
Nele, somos apresentados a Cameron Wolfe, um adolescente que tem dois irmãos e uma irmã, pais trabalhadores e uma existência errante. Desde o começo dá para perceber que a narrativa reflete um jovem que não tem certeza de nada, com muitas dúvidas, porque as frases são curtas, às vezes repetitivas, como se ele quisesse convencer a si mesmo de que, o que está dizendo, é a realidade de sua vida.
Cameron é bem próximo ao seu segundo irmão mais velho, Rube e, com ele, planeja pequenos atos de vandalismo que nunca são concretizados. Até mesmo quando são, eles logo se arrependem, com medo das consequências. Isso diz muita coisa sobre os garotos dessa família. Eu os chamaria de bananas, mas só acho que são pessoas direitas, apesar das aparências e do desejo de sempre querer fazer algo errado. Eles se preocupam no que seus atos acarretarão, se preocupam com o que seus pais pensarão deles e de tudo o que lhes foi ensinado por eles. No final das contas, são apenas adolescentes querendo encontrar seu lugar no mundo.
A leitura foi rápida, bem prática, mas alguns pontos não me agradaram. O primeiro deles foi a narrativa aos solavancos e, em alguns pontos, repetitiva. Como já disse anteriormente, poderia chamar Cameron Wolfe de banana, mas ele realmente mostra que quer ser uma pessoa melhor, ao mesmo tempo em que, porém, não parece exatamente determinado a dar uma guinada em sua vida. Parece um daqueles personagens monótonos e acomodados com a realidade tediosa que o aguarda.
E com essa incerteza, Cam acabou não me dando qualquer impressão durante o livro. É como se eu tivesse lido apenas uma parte de seu relato, não consegui sentir um começo, meio e fim. Foi tudo no mesmo tom, senti falta de um ápice, algo realmente importante e que mudasse significativamente a vida não só de Cam, mas de sua família também. Talvez isso tenha acontecido, mas foi ofuscado pelo tom da narrativa.
Por outro lado, as reflexões de Cam sobre si mesmo foram o ponto que mais me impressionou. Por trás de toda essa aparência de acomodado, esse jovem era capaz de percepções bem reflexivas e interessantes. Quase adultas. Não fosse a confusão e a insegurança, ele poderia ser um personagem brilhante. Mas é humano, como todos nós.
Outra coisa que gostei foram os sonhos que Cam descrevia ao final de cada capítulo. No começo não entendi muito bem o que eram, mas, aos poucos, fui me acostumando e percebendo que eram os momentos que mais diziam sobre o que se passava dentro da cabeça de Cam. Quais eram seus medos, suas expectativas, sua visão do mundo, além do que ele já contava nas outras páginas. E foi isso o que me conquistou.
Apesar de não ter achado o livro excepcional, foi uma boa leitura e acho que um bom começo para Markus Zusak. Espero que, a cada livro seu que eu pegar agora, seja ainda melhor. Indico O Azarão para quem está em busca de uma leitura rápida, sem compromisso e, claro, para quem for fã do autor e estiver procurando um pouco mais de seu trabalho.
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