Inês Montenegro 06/02/2016
Publicado em 1868, é com este livro que Júlio Diniz retrata o dia-a-dia portuense, na sociedade e no comércio, de uma família inglesa, burguesa de classe. É na primeira parte que tal se mostra mais evidente, com a apresentação quase caricatural das personagens – onde se vê um excesso dos estereótipos da época, como é o caso de Jenny, tão doce, tão angelical, tão santificada, e, no fundo, tão consciente do poder que tal a faz ter sobre a família e felizmente para a dita apenas usa a ser favor –, e o acompanhar que fazemos nas suas actividades diárias, o retrato da “normalidade” antes da grande paixão vir desestabilizar. E o que temos? Jenny, a irmã, o anjo do lar, brotando bondade em todas direcções, sem ninguém que não a ame e admire. Richard, o pai, o respeitável cavalheiro inglês, correcto senhor de negócios, que muito ama os filhos, e sempre acaba por os olhar com uma certa cegueira paternal, por mais dificuldade que supostamente terá a expressar os sentimentos ao filho. Carlos, ou Charles, o filho, o varão, o rebelde que passa as noites em discussões pseudo-intelectuais com os amigos pândegos, crentes que são poetas e livres corações. E o guarda-livros, o pilar do negócio da família, cujos únicos amores serão a filha e o trabalho, e ainda que abanando a cabeça em reprovação à estouvice de Carlos, o faz com um sorriso complacente, de quem conhece o bom coração do rapaz e até lhe acha graça.
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