Resenhas - Que é a Literatura?

Yvanna 19/05/2009

Sartre, um filósofo respeitado, apresenta nesse livro uma visão superficial sobre literatura, impondo sobre a ficção e ao escritor uma função que não lhes pertence: de representante de um grupo social, denunciador social, enfim. Para ele, a ficção tem muitos objetivos, é parte de uma conscientização de leitores.
Creio que, inocentemente, Sartre acredita que, ao ler um romance engajado, o leitor deixe o livro cair e levante bandeiras e armas para a revolução...
Um livro bastante contraditório. Sartre respeita as "outras" artes (pintura, escultura, etc.), afirmando que elas realmente não precisam estar engajadas, e inclui a poesia nisso. Mas não isenta a ficção.
Recomendo apenas para umas boas risadas de um filósofo que, embora genial em alguns aspectos, é incrivelmente arrogante em impor funções e definições para a literatura.

Romeu Felix 11/03/2023

Fiz o fichamento sobre esta obra, a quem interessar:
"Que é a Literatura?" é um livro do filósofo francês Jean-Paul Sartre, publicado originalmente em 1948, e que teve sua edição em português publicada pela editora Ática em 1999, com 232 páginas. O livro é uma reflexão sobre o papel e a importância da literatura na sociedade, a partir da perspectiva existencialista de Sartre.

A obra está organizada em três partes. Na primeira, Sartre discute a relação entre o escritor e o mundo em que vive, bem como as implicações éticas dessa relação. O autor defende a ideia de que a literatura é uma forma de engajamento na sociedade, em que o escritor se coloca diante da realidade e a transforma através da sua escrita.

Na segunda parte, o autor aborda a questão da criação literária, discutindo a relação entre a liberdade e a necessidade na produção artística. Sartre apresenta uma reflexão sobre a relação entre o escritor e a obra, e sobre a forma como a linguagem pode ser utilizada para criar uma nova realidade.

Na terceira parte, o autor discute a relação entre a literatura e a crítica, apresentando uma análise sobre o papel do crítico na interpretação da obra literária. Sartre discute a possibilidade de se estabelecer um cânone literário, e apresenta uma reflexão crítica sobre a forma como a literatura é valorizada e selecionada na sociedade.

A linguagem utilizada por Sartre é densa e reflexiva, exigindo do leitor um certo grau de conhecimento em filosofia e literatura. No entanto, a obra é acessível e apresenta uma reflexão profunda e original sobre a literatura e seu papel na sociedade. O autor é conhecido por sua obra existencialista e por suas reflexões sobre a liberdade humana, temas que também se fazem presentes em "Que é a Literatura?".

Em resumo, "Que é a Literatura?" é uma obra fundamental para quem se interessa por literatura e filosofia, apresentando uma reflexão crítica e original sobre o papel da literatura na sociedade. O livro é indicado para estudantes e pesquisadores que desejam refletir sobre a importância da arte e da cultura na construção da realidade.
Por: Romeu Felix Menin Junior.

Gio 25/05/2021

Ao discutir sobre a situação da Literatura e dos escritores em 1947, Sartre infelizmente nos dá um cenário ainda muito atual sobre os riscos que corre a Literatura e sobre a cegueira politica e ideológica existente. Discorrendo no ensaio sobre a reflexão que o próprio titulo evoca, defende a importância da Literatura como um meio de propagação da Liberdade e dos perigos que corre ao se aliar exclusivamente a metafísica.

Rafa 23/07/2022

Crítica literária sobre a literatura inserida na sociedade
Sartre reflete e pontua com domínio sobre todos os aspectos da literatura, inferindo até mesmo a função e papel dos leitores para o desenvolvimento literário da sociedade.
Quando Sartre fala em sociedade, ele se refere ao contexto em que ele vivia na época em que a obra foi escrita: um mundo recém liberto pós segunda grande guerra mundial.

A sociedade era dividida entre burgueses x socialistas, saxões x comunistas europeus, e o autor pondera sobre onde ele fica inserido dentro dessas esferas, mas sempre recendo precisas críticas.

Sartre teme que a Literatura possa estar morrendo aos poucos, ele supõe que pode ter relação com a banalização de autores ou até mesmo pela falta de interesse da grande massa, pois outras mídias passam à se destacar (rádio, teatro, cinema e a TV ainda não existia).

"A leitura começa à ficar cada vez mais crítica e reflexiva, questionando a forma com que diversos autores acabam se escondendo de suas responsabilidades em relatar os fatos e histórias. Sartre sempre busca relacionar as formas de escrita e os tipos de escritores, com os aspectos predominantes da sociedade."


Em muitos momentos as páginas retratam basicamente antropologia ou sociologia, destacando marcos históricos, que no fim o autor consegue relacionar com o universo dos livros.

Júnior 13/07/2011

Engajar, ou não engajar? Eis a questão!
Para Sartre escrever e desvendar o mundo e propô-lo como uma tarefa a generosidade do leitor, mas não sem engajamento. Engajar e comprometer-se é tomar uma posição frente a algo que se mostra ao homem e isso só é possível através da prosa literária.

Sartre coloca que se tornou elegante dizer que só existe uma arte exprimindo-se indiferentemente em qualquer uma dessas linguagens, mas na verdade artes e escrita são dois campos diferentes de expressão. E dentro da escrita, ainda há que se separar poesia de prosa. Traçando essa linha, podemos observar que para Sartre a poesia está no campo das artes e esse se mostra estético, abstrato, algo subjetivo que pode denotar vários sentidos ou mensagens. Já a prosa é a forma mais clara e objetiva, um canal ideal para se engajar e mostrar com eficácia um ponto de vista. Na prosa o prazer estético só é puro quando vem por acréscimo. O estilo nunca vem antes da idéia, do sentido do que escrever. Por que? O escritor engajado sabe que a palavra é ação e que desvendar e mudar. Por isso ele sabe que não pode ser mais imparcial, há que haver uma tomada de posição, há que se comprometer com algo. Daí surge a responsabilidade, pois como um ser que desvenda o mundo para os outros homens o escritor anseia que estes assumam também esta responsabilidade. A partir daí, o leitor, ninguém poderá alegar ignorância frente ao que foi desvendado. Ninguém é mais inocente diante do mundo que se mostra.

Sartre peca ao enquadrar a prosa literária dentro de um paradigma fechado. Como qualquer tipo de expressão humana, a prosa,também é passível do abstrato, estético e fulgás.

Gustavo 27/01/2016

Que é escrever?
Nesse livro Sartre expõe o seu ponto de vista sobre o que é literatura e o que é leitor. Não entrando muito nos detalhes sobre o autor, o que li me arremetou a muitos outros conceitos até psicológicos. O que Sartre diz sobre o silêncio por exemplo, que o silêncio é um consentimento porque até na falta, há linguagem, é uma percepção incrível que naturalmente não poderia vir a aflorar, digo, sem uma carga cultural que viesse a esse pensamento. Quanto à quem lê e à restrição de obra feita para todos, obra lida por todos e obra entendida por todos, é um conceito muito maduro sobre leitor em foco. Claro que o entendimento de uma obra não se faz somente por vontade, há de se selecionar o leitor.