Assim que vi o livro entre os lançamentos da Rocco sabia que ia ler. Primeiro porque sempre leio novas séries da Rocco e segundo porque a história pareceu diferente da maioria do que já havia lido. Não falava muito, mas era fantasia e assim que o livro chegou pela parceria com a editora comecei a ler. A maior surpresa foi constatar no começo que não era apenas fantasia, mas uma mistura dela com steampunk. Caitlin Kittredge criou um universo sombrio, rico, misterioso e que ousou ao unir diversos seres em um único cenário.
A história começa com Aoife no hospício em mais uma visita a mãe, que está mais delirante do que nunca. Aoife teme a data que se aproxima. Ninguém de sua família escapou da loucura depois dos 16 anos. Como tutelada do estado ela sabe que não foi pouca coisa conseguir estudar na Academia. Se não ficasse louca teria uma carreira no Engenho, mas quando uma misteriosa carta de Conrad chega Aoife se vê mais distante desse futuro. Seu irmão está desaparecido, sempre em fuga. A carta diz para ela ir à Arkham, e encontrar o "alfabeto da bruxa". Aoife não tem ideia do que isso significa, mas a simples sugestão de conhecer a casa do pai e descobrir mais coisas sobre a própria família a anima. Sair de Lovecraft é arriscado, existem criaturas soltas fora dos limites da cidade e existe o risco de ser pego pelos corvos mecânicos confundidos com heréticos. Aoife sabe que é um caminho sem volta. Depois de se arriscar consegue um guia. Dean, um rapaz esguio e astuto. Seguindo por caminhos tortuosos eles chegam a Arkham, a casa é sombria e majestosa. É lá que conhecem Bethina, a empregada da casa, que está apavorada desde que "sombras" levaram Conrad. Aoife tem que encontrar respostas e ainda lidar Cal, que não para de dizer que tudo é impossível e com o misterioso Dean.
A partir dessa premissa a história se desenvolve, mas seria estupidez dizer que o parágrafo acima resume bem a história toda. A viagem de Aoife até Arkham, por exemplo, é repleta de acontecimentos e a situação na casa do pai de Aoife é mais complicada ainda. O que encontra na casa é o contrário de tudo o que sempre acreditou. A narrativa da autora é rica em detalhes e mitologia criada por ela é fascinante. O ar sombrio e o ambiente desolador parecem sempre frio, escuro e sempre tenso, com algo a espreita, mas é vívido. Fiquei surpresa com o tanto que gostei dos elementos do steampunk. A cidade de Lovecraft é interessantíssima. O ferro e o vapor lado a lado, a forma como ela descreve a cidade e os contrastes quando ela começa sua viagem.
A trama e os personagens não ficam atrás. O mistério por trás da casa do pai de Aoife é ótimo, mas aliado a possível loucura de Aoife e ao sumiço de Conrad fica impossível largar o livro. O ritmo é cadenciado, alternando momentos de ação e momentos tensos. Pistas, novidades e novas informações surgem a todo o momento deixando a trama mais instigante. Dean, o guia de Aoife e Cal é um mistério, com personalidade forte, foi muito bem concebido e ao contrário de Cal não espera normalidade das pessoas. Cal é um garoto padrão da sociedade, achando tudo esquisito e contradizendo tudo o que Aoife encontrava. Ele só não foi um completo chato porque quase caí dura nas páginas finais com uma reviravolta impensável.
O final surpreende e encerra a história em um ponto crítico. O que só me deixou mais curiosa ainda. A autora me pegou de surpresa com a sequência final. Realmente não estava esperando nem pela metade. Com a maldição do campo de lírio quebrada todo o mundo de Lovecraft está para ruir. A verdade vai vir à tona? Mundos novos, elfos, vampiros, bruxas, e diversos outros seres sombrios. O dom de Aoife vai ajudar em algo?
Leitura rápida, interessante e instigante. O universo é rico e a história de Kittredge extremamente criativa, inovadora. A edição da Rocco está ...
Termine o último parágrafo em: http://www.cultivandoaleitura.com/2013/01/resenha-espinho-de-ferro.html
Trilogia Código de Ferro: - Caitlin Kittredge
1- Espinho de Ferro
2- The Nightmare Garden
3- The Mirrored Shard