Carla Verçoza 02/02/2021
Li Blue Nights logo em seguida da leitura do Ano do Pensamento Mágico, terminei o livro aos prantos, muito bonito e bem escrito. Diferente do primeiro livro em que o tema principal é o luto pela perda do marido, em Blue Nights Didion reflete muito sobre envelhecimento, sobre a dor de vivenciar a perda de pessoas próximas e importantes, além do absurdo que pode ser a perda da autonomia sobre o corpo e a mente e, claro, a solidão e a morte da filha. Que escritora incrível, com uma vasta obra, ainda pouco traduzida aqui no Brasil (tem um livro de ensaios chegando agora em 2021, pela Todavia, que será uma leitura que farei em breve).
Também vale a pena ler a pequena biografia dela presente no livro Afiadas (editora Todavia), e assistir ao ótimo documentário Joan Didion: O Centro Não Consegue Suster-se.
"'Você tem suas recordações maravilhosas', disseram as pessoas mais tarde, como se recordações fossem um consolo. Não são. Recordações referem-se por definição a tempos passados, coisas passadas. Recordações são os uniformes da Westlake no armário, as fotos desbotados e marcadas, os convites de casamentos de gente que já não está mais casada, cartões de missas de corpo presente de pessoas cujos rostos você não lembra mais. Recordações são aquilo que você não deseja mais recordar."