leonardo.capis 24/06/2021
Influenciado pela matéria de uma revista há mais ou menos 14 anos, adquiri esse livro na esperança de que ele me trouxesse alguma luz sobre o seriado que eu assistia na época: Lost. Logo nas primeiras páginas fechei o livro, deixando acumular poeira. Até que ano passado, sem razão nenhuma, resolvi dar mais uma chance para o romance do escritor Flann O’Brien, do qual eu não conheço nenhuma outra obra. Misturando um crime e muito surrealismo, sua história nos leva a situações difíceis de tomar forma em nossa mente, mas que nos prende para que possamos, enfim, desvendar o final.
Tudo começa com o personagem central (que "não tem nome") relembrando sua amizade com John Divney, um homem que cuidava de sua fazenda, e como acabaram matando um velho chamado Philip Mathers na intenção de roubá-lo. Apesar do crime em conjunto, Divney esconde o conteúdo roubado de Mathers, se recusando a revelar sua localização para seu cúmplice. Essa é a porta de entrada para o começo do surrealismo que toma conta do restante do livro.
Nas páginas seguintes, a tormenta começa. A introdução de elementos confusos e que beiram o non-sense, como a delegacia e os policiais de comportamento excêntrico, me deixaram no escuro várias vezes. Quando as coisas pareciam estar tomando forma, mais confusão e falta de lógica. Tinha a impressão de estar lendo sobre um sonho, onde coisas impossíveis acontecem. Apesar disso, não tive vontade de abandonar o livro.
Apreciei a leitura, mas não sem sentir uma enorme dificuldade em me inserir naquela atmosfera surrealista. Os acontecimentos não são só absurdos, como são difíceis de enxergar um sentido, se é que tem algum. Junto à minha perplexidade ao ler a história, há também a do próprio personagem, que também não entende muito bem o que está acontecendo ao seu redor, o que fez me sentir menos sozinho.
Tive um grande medo de terminar o livro e ficar sem respostas, o que, felizmente, não aconteceu. Talvez esse tenha sido também um truque do autor, de fazer o leitor devanear sobre uma imensa confusão e não enxergar a saída mais simples. Portanto, se tiveres paciência, serás recompensado!
site: https://trincheirasdoocio.wordpress.com/2021/01/21/o-terceiro-tira/