Selma 09/03/2022
Livro curto, mas ritmo lento por conta do vocabulário rebuscado
"Meu sino de mergulho se torna menos opressivo e minha mente voa como uma borboleta. Há muito a se fazer. Você pode passear no espaço ou no tempo, partindo para a Terra do Fogo ou para a corte do rei Midas."
Esse livro saiu na frente de todos os outros da minha lista de leitura logo depois que eu assisti a adaptação cinematográfica. Jean-Do já tinha ganhado meu coração nos minutos iniciais do filme, vivendo em seu escafandro particular com borboletas a percorrerem-lhe a mente. No livro, a poética do autor é ainda mais tangível: os dias passam sem muita sequência, mas criam um encadeamento de sensações que nos conecta ao hospital Berck à beira-mar que abriga outros tantos que sofrem com problemas vitalícios. É um livro tocante, daqueles que facilmente podem listar em algum ranking sobre obras necessárias para a vida. No entanto, para quem não viu o filme ou escolhe o livro sem muito embasamento pode parecer uma obra difícil de digerir num primeiro momento: são dezenas de palavras rebuscadas do vocabulários – algumas das quais nunca havia lido na vida! – e é necessário algumas pausas no ritmo para consultar o significado. Ainda assim, principalmente no Kindle, não é algo que prejudique a leitura, acrescentou a experiência de certo modo.
Sobre o filme inspirado no livro, segue aqui também a minha resenha publicada no Letterboxd:
Que grata surpresa! Esse foi um daqueles filmes que eu não fui muito atrás de saber sobre ele antes de dar o play. Bastou a sinopse curta do MUBI, seu país de origem e o poster para que eu me interessasse. Não sou lá muito acostumada com a estética dos filmes europeus, exceto àqueles que se tornam praticamente blockbuster de tão comentados (como O Fabuloso Destino de Amélie Poulain), mas acho que esse daqui consegue extrair bem o que se espera de um filme francês. Seus planos que fogem do que se tem como comuns e listados por teóricos, seu quase sempre presente granulado da fotografia, sua música milimetricamente adicionada, seus cortes secos que também cortam a nossa expectativa a cada cena e seu jeito de contar uma história de maneira que prende tão bem que mal vimos o tempo passando. A gente ri, chora, sente-se frustrado, põe-se no lugar e vive cada segundo, ora como Jean-Do, ora como os profissionais que o cercam e a família que o visita. Que obra-prima! ❤