Lu. Franzin 15/10/2012
Diferente e empolgante!!!
Entre o Céu e o Mar – Uma odisseia além do oceano.
Autor: Robson Gundin
Editora: Multifoco
Categoria: Literatura Brasileira / Ficção - Aventura
Sinopse:
Mediante a revelação de um segredo, em nome do capitão Vincent Martinez, os irmãos Annette e Vasseur Legrand se lançam na maior aventura de suas vidas, navegando por águas estranhas e intranquilas para cumprir uma dificultosa missão. Ao que tudo indica, o segredo lhes apontará a direção de um mapa, cujo desígnio é a lendária fortuna dos Rackham, soterrada em uma ilha do Caribe. Para isso, deverão realizar incríveis proezas, na tentativa de conseguir um navio e, pior; uma bem suprida tripulação. Através das páginas passaremos a descobrir mais sobre a personalidade de Annette, uma mulher que abandonou uma vida tranquila, assomada pelas lembranças de sua inesquecível infância, para viver livremente ENTRE O CÉU E O MAR.
Resenha:
De antemão preciso confessar agora, por que não vou conseguir manter a minha opinião para o final dessa resenha: O Livro Entre o Céu e o Mar é de uma grandeza tão avassaladora e sublime ao mesmo tempo, que destoa de tudo o que vi até agora dos autores nacionais e até estrangeiros, visto que a “moda literária” da vez ainda são os vampiros e seres sobrenaturais, e o erotismo pornográfico.
Estou meio zonza, ainda sentindo náuseas da viagem marítima a qual fui arrebatada sem minha total permissão. Desejava embarcar, mas aos poucos e meu desejo sucumbiu indefeso, quando fui sugada e destinada a ser cumplice dos irmãos Annette e Vasseur Legrand.
Mas não se assustem achando que minha náusea seja um mau sinal, pelo avesso do contrário, do outro lado, do reverso! É de empolgação e mais uma vez orgulho em afirmar que esta obra é fruto de mais um brasileiro, é da casa, é da nossa terra.
O texto é extremamente envolvente, daquelas histórias que nos aprisionam nas primeiras paginas e somente devolvem a nossa liberdade, após o leitor seduzido e transmutado para dentro do livro, voltar a respirar de maneira mais compassada quando ao final chegar. E para quem gosta de histórias cheias de ação, aventura e reviravoltas de tirar o fôlego, a obra de Robson Gundin é um prato cheio! Transbordando para ser mais concisa!
Existem na história pontas soltas que ao invés de depreciar o contexto achando que o autor esqueceu-se de elucidar esses fatos, nos faz apenas abrir a mente e desejar com desespero e ansiedade a continuação que está por vir. E os fatos e feitos narrados, com destreza e sutileza de detalhes, nos obrigam a estarmos presentes na ação enquanto nos embriagamos com suas descrições, detalhadas e vivas.
E os desenhos? E as imagens feitas pelo próprio autor que recheiam as páginas e que por vezes entendi-as como subtítulos de capítulos que não eram quebrados. Detalhes a mais que colaboram sutilmente para o nosso completo deleite.
Em muitos momentos me vi com um sabre na mão e duelando contra uma criatura grotesca, um homem barbado e sujo, com hálito fétido a exalar por entre seus dentes enegrecidos pelo tempo, suando em bicas enquanto me desvencilhava de suas investidas. E, além disso, e melhor ainda, senti o cheiro da água salgada do mar, o gosto do rum envelhecido em barris de carvalho vermelho e da carne curtida. E a melhor parte, foi descer pela corda da fortuna, tendo o desconhecido a minha espera!
“Bem á frente, se aproximavam as ribanceiras dos altos picos montanhosos, forrados pela mesclagem de arvoredo com a série envelhecida das giestas.” Pag. 197
Um fato que me chamou a atenção surpreendentemente foi o uso de palavras diferentes ao nosso vocabulário cotidiano. Sentenças como: areia visguenta, encalistrar, compatrícios, laivos, caturrar, rezingando, açambarcava, baldadamente, estiolado, além de muitas outras me deixaram estupefata com tamanho leque de conhecimento de nossa língua portuguesa. Confesso que por vezes busquei o dicionário e me maravilhei com a aquisição de mais um membro ao meu livro de conhecimento da nossa língua pátria.
Se alguém já assistiu a um filme chamado a Ilha da Garganta Cortada, de 1995, com a atriz Geena Davis no papel da capitã de uma nau corsária, pode até pensar que pode haver alguma semelhança entre o filme e a obra de Gundin, mas garanto que os fatos e ações de ambos não se assemelham em nada!
Tramas, duelos entre navios com direito a tiros de canhão e desespero dos tripulantes quando a pólvora chegava ao final, espadas, sabres, facas, fragatas e naus submergindo sobre a espuma manchada de sangue... E bombordo e estibordo... Que maravilha! Piratas, trapaças, segredos, mapa do tesouro, e mais Piratas!
Ah!
Admito que estava me sentindo um pouco saturada de vampiros, anjos, bruxarias e feitiçarias, mesmo sendo fiel seguidora da literatura fantástica.
Entre o Céu e o Mar, explora uma parte influente do nosso imaginário. Mesmo sem confessarmos, em algum momento, nos encantamos com as aventuras, talvez imaginárias, porém mais plausíveis e soberanas da trajetória dos desbravadores dos mares.
Lu. Franzin