Quando a Novo Conceito anunciou o lançamento de "Charlotte Street" foi o maior barulho. Nome charmoso, capa charmosa e sinopse que deixa aquela curiosidade no ar, isso para não dizer que ela é charmosa. Londres, com o tempo aprendi a admirar Londres. Que cidade! Quanta história, quantos séculos, ela é tão, seria abuso dizer charmosa de novo? Mas é verdade. Charlotte é um nome charmoso. Não foi minha paixão platônica pela cidade que me conquistou. Foi o conjunto. Até perdoei aquele quadrado de código na capa estragando o charme do todo. Algumas horas depois fico feliz em dizer que Danny Wallace construiu uma história a altura das minhas expectativas e que justificam o uso proposital da palavra charme e seus derivados.
Jason Priestley, que não é o ator de Barrados no Baile está com a vida em decadência, terminou um namoro de quatro anos de forma mal resolvida com Sarah, que para piorar já está noiva de outro em menos de seis meses. Jason era professor, atualmente faz críticas diversas para um jornal, mas sem nenhum preparo verdadeiro, divide um apartamento com Dev, dono da loja de vídeo games antigos e mais bebe do que tudo. É nesse meio tempo que vê uma garota toda enrolada com pacotes tentando entrar no táxi, na esquina de Charlotte Street, sem deixar nada cair. Jason em um impulso nada londrino oferece ajuda e só quando o táxi partiu percebe que ficou com uma pequena câmera descartável nas mãos. Nada de extraordinário se um tempo depois no meio de um jantar ele vê a mesma moça de casaco azul passando apressada pela Charlotte Street em direção de um táxi. Ele a segue, mas paralisa apenas a observando ir embora de novo. E é a partir daí que a trama realmente começa.
O dilema de Jason de procurar ou não a garota, revelar ou não as fotos, continuar ir a Charlotte Street na esperança de vê-la ou não. Dev acha que sim. A narrativa de Wallace é muito boa, os toques de humor e as conversas com o leitor deixa tudo com um toque especial. As descrições são o ponto alto do livro, um verdadeiro passeio por Londres aliado a história de Jason. A partir dessa simples premissa e com uma narrativa em primeira pessoa extremamente agradável que conhecemos Jason e acompanhamos as mudanças que uma simples câmera com doze fotos promoveu em sua vida. O ritmo é algo crescente, à medida que a vida de Jason saiu da inércia o clima muda de forma sutil e animadora. Você pode pensar que o livro é sobre um herói imperfeito, uma garota misteriosa e um amor certo no final, mas não é. A história construída por Danny Wallace é sobre amizade, sobre transformação, sobre como momentos são importantes.
Os personagens são todos ótimos, bem caracterizados e com uma personalidade que evolui de forma muito natural durante a história. Jason por exemplo não sofre aquela mudança radical que vai do extremo fracasso para o extremo bem-estar. Foi mais como sair da inércia e da rotina. Foi muito bom como os pequenos encontros do início do livro se mostraram parte da trama principal. Bem criativo, aliás, o final do livro foi uma surpresa agradável para quem esperava algo mais comédia romântica cosmopolita. Não se é exagero meu, mas o autor conseguiu uma história com a cara de Londres. Entra na lista dos livros que quando termina queremos mais, a conclusão está ali, mas o clima é tão bom que porque não um pouco mais? Ainda mais com aquela última parte...
Leitura rápida, de ritmo agradável e surpreendente. Não espere amor, espere amizade, descubra uma cidade e deixe-se levar, não se frustre no caminho por alguma falsa impressão. A história deve ser descoberta e não imaginada. A edição (...)
Termine de ler o último paragráfo em: http://www.cultivandoaleitura.com/2012/08/resenha-charlotte-street.html