O espírito da prosa

O espírito da prosa Cristovão Tezza




Resenhas - O Espírito da Prosa


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Paulo1584 10/12/2021

Um convite para perceber a prosa
Cristóvão Tezza faz um mergulho. É um traçado de memórias a respeito de sua formação artística. Não se trata de um livro teórico sobre escrita. É mais uma reflexão a respeito do que se passou e do que se aprendeu. Essa obra foi uma ótima companhia nesse momento em que me percebo envolvido tão profundamente com a escrita, em especial com o espírito da prosa.
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phddelavia 14/03/2020

Teoria demais
Então. Já tinha lido um romance do Tezza e adorei. Quando peguei esse em mãos imaginei que seria tão bom quanto. Veja bem, é um livro bom, mas é teórico demais. Eu pensei que leria um livro de formação, mas no sentido romanesco, mas o que eu li foi um tratado teórico sobre literatura com algumas partes biográficas e de experiências próprias.

Esse livro parece uma cadeira de graduação, onde eu estudaria o sentido da prosa e do verso, da narrativa e da personagem.

O livro não é ruim, mas é muito massante, cansativo e realmente um pouco chato. Se Tezza se focasse em contar sua trajetória eu teria gostado muito mais.

Absorvi algumas boas dicas e aprendi com isso, espero ler outros de seus romances daqui pra frente, porque de teoria o mundo acadêmico tá cheio.
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Paulo Sousa 14/10/2020

Leitura 45/2020
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O espírito da prosa - uma autobiografia literária [2012]
Cristovão Tezza (Brasil, 1952-)
Record, 2012, 224 p.
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?Volto ao começo. O que me levou a escrever foi um misto de infelicidade e esperança, embora eu não soubesse disso no momento em que produzi a minha primeira frase literária: o nascimento da obra, digamos assim, para definir com alguma pompa o que não tinha nenhum valor autônomo além de um desejo. Comecei, de fato, copiando formas de livros? (pág 31).
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Depois de ler ?O filho eterno?, publicado em 2007, o relato contundente onde o escritor catarinense (radicado em Curitiba) Cristovão Tezza aborda os desafios da relação de um pai com o filho portador de Síndrome de Down, eu vi que estava defronte de um grande escritor! A sensibilidade do livro, narrando as dificuldades diárias, as redescobertas, a esperança nascedoura onde florescem os mais nobres sentimentos, tudo ali aflige e alegra.
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Antes de ler o volume que agora pontuo minhas impressões, eu também já havia lido dele o ?Beatriz?, volume de contos publicado em 2011, alguns interessantes, outros nem tanto. O cenário sempre é a cidade de Curitiba, onde floresceram a pena e a verve de Tezza, terreno propício para encontros e desencontros explorados sempre pela protagonista Beatriz.
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Então, a minha natural curiosidade pela vida dos escritores. Que costumam legar em volumes de não-ficção toda a sua trajetória que culminou com o ofício de escrever - me levou a ler a sua autobiografia. É um livro cheio das memórias, dos mais erros que acertos, das referências culturais, dos caminhos alternativos, de fato um exercício honesto de redescoberta e reimersão nas trilhas que o levaram ao encontro da literatura. Ali, o autor também desabafa mais de uma vez a frustração das primeiras obras, livros fracos, sem identidade, sem a presença do autor. ?Um escritor ausente de sua frase é a derrota do texto?, diz Tezza. Relata a auto-construção do escritor, num ambiente ideológico e culturalmente efervescente, a cuja atenção Tezza despendeu muito de si e que acabaria refletindo no que então escrevia.
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O bom de livros como este é fuçar na origem de tudo, do porquê e do como aquele autor acabou se tornando um artífice da palavra. Gosto particularmente de saber o ambiente onde foram criados, quais as lembranças que recheiam os livros que escreveram, quais fantasmas procuram ser purgados com algum tipo de redenção literária. Também vemos que todo bom escritor leu muito e muitas coisas, que, em geral, teve uma existência difícil e desengajada de alguma forma (aqui reitera meu ponto do porquê Hemingway é um escritor medíocre: um cara que curtiu a vida como ele, que fez o que amou, que viveu de forma intensa, que estava tão apegado à vida que no momento em que percebeu a ruína, se deu um tiro fatal, não poderia produzir nada bom em matéria de literatura. ?O sentimento de inadequação parece ser o primeiro motor de quem escreve a sério. O que nos leva a um paradoxo interessante, que é em si uma inadequação metafísica: a felicidade não produz literatura?, diz uma vez mais o Tezza.
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Depois de uma frase dessas, o que mais dizer? Vale!
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 03/12/2012

Cristovão Tezza - O espírito da prosa
Editora Record - 224 páginas - lançamento 2012.

Cristovão Tezza escreveu este ensaio sobre romances e criação literária com uma característica autobiográfica muito rara no mercado editorial. De fato, é louvável a coragem com que o premiado autor descreve não apenas as suas influências literárias, fato bastante comum no ramo mas, sobretudo, o caminho espinhoso dos primeiros romances que nunca chegaram a ser publicados, as dúvidas e impasses até a descoberta do próprio estilo e o esforço para descobrir o que leva alguém a escrever. No caso do próprio Tezza: "um misto de infelicidade e esperança", como ele declara em uma das definições brilhantes deste livro e explica: "pessoas felizes não escrevem. Há um milhão de coisas mais interessantes à disposição dos felizes — por que diabos iriam eles largar os prazeres tranquilos da felicidade pela incerta e terrível solidão da escrita que, quando de fato assumida, é uma viagem sem volta?".

Por sinal, esta é uma daquelas resenhas em que deixo o próprio texto do autor exemplificar o teor do livro, isto ocorre normalmente quando existem várias citações geniais no livro resenhado, como nesta outra parte em que Tezza fala sobre a busca pela autenticidade: "o ato de escrever, ou de fazer arte, tem sempre uma dose necessária de vaidade às vezes francamente infantil; e dessa infância do gesto também há o invencível desejo de agradar, que é uma armadilha perigosa, especialmente pra quem escreve". Ou aqui, onde ele alerta para o perigo do sentimentalismo gratuito: "o sentimento é o ácido da literatura; extrato caro e difícil, só pode ser usado em gotas, para criar relevos sutis na chapa de metal.".

Sobre a poesia, o autor confessa francamente uma certa frustração por não ter conseguido atingir em sua carreira o nível de qualidade que ele consideraria adequado: "Como eu jamais consegui dar conta das exigências da poesia, que são terríveis e enigmáticas — nunca escrevi um único poema que me deixasse realmente feliz —, reservei meus versos apenas para o humor e, eventualmetne, às encomendas do amor, sempre pouco exigente, quando o foco da alma está mais na pele que na literatura.".

Tezza também não se furta a comentar a influência de nossa era digital na literatura, chamando a atenção para o fato de que hoje ninguém mais escreve cartas e mesmo o e-mail que já está aos poucos se tornando obsoleto "é quase sempre guardado numa gaveta de vento, que desaparece ou se apaga a cada mudança de programa ou computador" e está sendo substituído por "notas taquigráficas digitais que se espalham e se multiplicam sem direção, endereço ou destinatário pelo twitter e pelas colônias superpovoadas de redes sociais, a todos e a ninguém.". Um cenário assustador para um escritor, mas também um desafio na busca de novas formas de expressão artística e uma grande interrogação sobre o futuro da palavra escrita, ou melhor, novamente nas palavras do autor: "uma nova página em branco para escrever".
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Coslei 13/10/2015

A literatura que não vende a alma
“Este não é um trabalho acadêmico. Mas como pertenci à Ordem durante mais de 20 anos e estou longe do claustro ainda há pouco tempo, certamente muitas marcas do mundo acadêmico vão transparecer na minha linguagem…”

“(…) dois ou três sucessos momentâneos – na escala brasileira – e nasce uma certa sensação de que sou romancista, o que é um lugar marcado em geral no mau sentido, se estamos no Brasil, mas somando tudo confere uma certa ilusão de autoridade…” (O espírito da prosa, de Cristóvão Tezza – Ed Record)

Conheci Cristóvão Tezza em 2014, durante o evento Vozes Contemporâneas, realizado na Academia Brasileira de Letras. Era uma tarde amena de terça-feira, dessas em que a gente anseia por beber um pouco das paixões que nos consolam. A aparente primeira impressão foi a de estar diante de um homem reservado e simples, que chega a nos despertar certo sentimento de ilusória intimidade, um contraponto que conflitava com a admiração que guardo pelo gigantismo do autor. No entanto, nossas preferências pessoais nunca devem obscurecer a visão crítica e eu estava ali para testemunhar a palestra de Tezza sobre a sua obra.

É inegável que atravessamos um momento em que a liturgia de escrever tomou ares de uma atividade fashion, um modismo que desfila pelas passarelas do Word. Há uns poucos que escrevem por vocação, outros pela trivial necessidade de se expressarem, alguns pela solidão e muitos pela carência vaidosa de reconhecimento. No século 21 a arte literária aluga suas virtudes para o discurso egocêntrico.

Tezza afirma que a boa literatura não brota dos felizes; diz que livros são frutos de um desconforto íntimo de pessoas que abdicam dos divertimentos mundanos e se trancam solitárias para engendrarem suas produções. Para Tezza, escrever é um verbo produzido por um substantivo: infelicidade. Escrever não é ação, é reação.

No circo regado por holofotes onde a literatura agora se apresenta, Tezza figura como um personagem em extinção. É um operário que ergueu seu nome a partir da obra. Um artesão que esculpe as palavras, é a joia que reluz entre o brilho fosco dos empresários autores que constroem a obra a partir do nome. Literatura é o que nasce da lapidação, um autor não é uma fábrica de livros.

“Um leque de ansiedades felizes”

“Tentei de novo falar com você esta madrugada, mas o quintal estava povoado de lobos ganindo contra minha sombra…” (Trapo, Cristóvão Tezza – Ed Rocco).

Em Trapo tive o primeiro contato com a obra do autor, num enredo que inquieta. Trapo, um poeta marginal e suicida. Morto, deixa um calhamaço de mil páginas que termina nas mãos de um rigoroso professor. Chamam o livro de romance metapoético, mas quando me recordo da leitura o que me ocorre é a imagem singular de uma narrativa apneica.

“Outra frase ao acaso, no meio do que parece ser uma carta: A poesia é uma merda. A dele, naturalmente. Dois pronomes oblíquos na mão desses poetas e eles morrem atropelados pela língua” (Trapo, C. Tezza – Ed Rocco, pág. 50).

Vocação é um coice pressentido em nossas costas, não nos deixa desistir, atormenta. E, acumulando mais de uma dezena de romances, Cristóvão Tezza nunca fraquejou. Lançou-se à frente, construindo uma trajetória sólida, preservando a paciência e a determinação que conquista espaço. Então, chega a hora e nasce O filho eterno, a catapulta que o arremessou à merecida fama.

“Sim, distraído quem sabe! Alguém provisório, talvez; alguém que, aos 28 anos, ainda não começou a viver. A rigor, exceto por um leque de ansiedades felizes, ele não tem nada, e não é ainda exatamente nada” (O filho eterno, C. Tezza – Ed Record).

Uma timidez indisfarçável

Assim discorrem as primeiras linhas de O filho eterno, um folhear de tantas páginas que nos levam por uma incômoda reflexão sobre o fracasso e o amadurecimento através dele. Não nos estranha ser esse livro a marca de maior sucesso do autor.

“Tudo bem: escritor. Aceito o título. Melhor: prosador. Escritor é uma boa definição, a meu favor – cabe tudo. Prosador é mais preciso, e também nele cabe quase tudo, exceto a poesia. Já romancista é uma coisa antiga, para determinada faixa de compreensão” (O espírito da prosa, C. Tezza – Ed Record).

Tezza define o realismo como a sua escola. Idolatra o cientificismo do russo Mikhail Bakhtin (1895/1975). Talvez haja nisso o autoengano de um autor que ordenha poesia da prosa. Quem, além de um poeta, largaria o idílio nacional de um emprego público como professor universitário para mergulhar de corpo inteiro no oceano incerto da literatura? Cristóvão Tezza o fez.

O espírito da prosa não é um manual de escrita, muito menos um tutorial para romances, coisas que andam em voga por aí, mas com certeza é um guia imaterial obrigatório e inevitável para aqueles que se sabem artesãos.

Cristóvão Tezza sobe ao palco do auditório da ABL e revela sua indisfarçável timidez ao puxar um maço de papéis e anunciar que prefere ler o que pensa a discursar de improviso. É o velho clichê do escritor avesso à fala. Tudo bem. De que serve a veneração se não para perdoar? Nós compreendemos, ele pode.

site: http://observatoriodaimprensa.com.br/armazem-literario/a-literatura-que-nao-vende-a-alma/
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regifreitas 13/09/2019

O ESPÍRITO DA PROSA: UMA AUTOBIOGRAFIA LITERÁRIA (2012), de Cristovão Tezza.

Como o próprio subtítulo da obra já entrega, Tezza discorre aqui sobre sua trajetória como escritor. Os anos de formação, as dúvidas sobre a vocação e a carreira, as frustrações iniciais até encontrar finalmente o seu caminho, a sua forma de escrever e de contar histórias.

Para quem se interessa pelo tema, é uma boa pedida.
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