Minha Vida Agora

Minha Vida Agora Meg Rosoff




Resenhas - Minha Vida Agora


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naniedias 17/07/2012

Minha Vida Agora, de Meg Rosoff
Elizabeth prefere ser chamada de Daisy. A mãe morreu no parto e o pai parece ocupado demais com sua nova mulher, que está grávida. Daisy desenvolve transtornos alimentares graves e, sem ter mais o que fazer, o pai manda a menina para morar com uma tia no interior da Inglaterra.
Lá Daisy encontra seus primos, crianças estranhas, que parecem ter algo de sobrenatural, conseguem se virar bem sem a supervisão de um adulto e se tornarão a sua família depois que a guerra estourar, já que sua tia vai ficar presa fora do país.
Além de encontrar uma família, a menina ainda irá se deparar com o primeiro amor e vai descobrir que é mais forte do que pensava.

O que eu achei do livro:
Sabe quando você começa a ler um livro e ele é tão diferente e intrigante e ruim, mas é bom, e você simplesmente acha que não vai gostar e daí a leitura é pesada e um tanto arrastada e o livro até pode parecer que é legal, só que você não consegue gostar? Foi assim e eu só falava Nossa, esse livro é muito ruim e Eu não vou conseguir chegar até o final. Eu estava errada. Muito errada.
Esse parágrafo foi uma tentativa (totalmente mal sucedidade, fiquem cientes) de escrever um pouquinho com o jeitinho de Meg Rosoff e tentar explicar o turbilhão de sentimentos contraditórios que Minha Vida Agora gerou em mim.
A primeira sensação que tive ao ler esse livro foi de estranhamento. A narrativa em primeira pessoa, feita por uma menina de 15 anos, era muito mais do que inusitada, diferente, complicada. Não parecia uma menina de quinze anos escrevendo - era ruim demais, bagunçado demais, transtornado demais. No final das contas, tudo isso faz muito sentido, mas no início da história só deixa o leitor meio perdido. A construção é realmente parecida com o primeiro parágrafo dessa resenha - frases bem longas e meio bagunçadas, com diálogos perdidos no meio da narrativa. Eu detestei isso durante quase as primeiras cem páginas do livro - é difícil definir exatamente o momento em que eu passei do ódio para o amor.
A história vai contando o cotidiano das crianças de maneira despretensiosa - como se não houvesse uma guerra, como se não existissem preocupações. Sutilmente as coisas vão mudando, não só a situação dos protagonistas, mas também o meu sentimento para com o livro - eu estava detestando a história, me arrastando pelas páginas e de repente eu devorava cada pedacinho da narrativa, ansiando por mais, querendo mais, precisando de mais.
O livro é narrado em uma época de guerra, mas não há uma definição cronológica exata. É próximo da nossa época, afinal de contas existem os celulares e os emails, mas ao mesmo tempo a loucura da guerra remete aos tempos passados. A autora ainda brincou (se é possível usar essa palavra em um contexto de guerra) com os motivos de tal guerra e as maneiras como tudo aconteceu - Daisy não sabe explicar e dá a entender que ninguém mais sabe explicar essa guerra, todos apenas sabem que suas vidas foram viradas de pernas para o ar por causa dela - e isso é admiravelmente incrível!
Quando li a citação na capa, "Poderoso e envolvente, um futuro clássico", eu me animei com a leitura. Depois, quando olhava para essa citação, por volta da página 40, eu pensava que a editora pode colocar a citação que quiser na capa e isso faria qualquer livro parecer bom. E mais para o final do livro eu finalmente entendi que o The Observer tinha total razão em afirmar aquilo: o livro é mais do que poderoso e envolvente, é dilacerante, esmagador, delicioso - um clássico do presente.
Meg Rosoff me enganou perfeitamente! Me fez pensar que estava lendo só mais uma história qualquer, com o agravante de, além de ser chatinha, ainda ser complexa para ler. Só que não. Minha Vida Agora é um livro maravilhoso - que levou lágrimas aos meus olhos e esquentou o meu coração.
Acho que a perfeição do livro está justamente em ter várias e várias coisas das quais eu não gostei, mas ainda assim ter conseguido me tocar de maneira tão pungente. Eu não gosto do fato de Edmond, com apenas 14 anos, ter ido buscar a prima dirigindo. Gosto menos ainda do fato dele fumar com essa idade. Desgosto da displicência de sua mãe para com os filhos, da confiança que ela deposita em quatro crianças para cuidar de si mesmas e da prima estrangeira que também é uma criança. Não gosto do descaso do governo para com essas crianças que vivem sem a supervisão de um adulto no meio da guerra. Não posso dizer que fiquei feliz ao ver os primos se relacionarem de forma tão intensa, mesmo sendo tão novos. E ainda assim, não posso dizer que nada disso tenha sido realmente ruim ou desnecessário... parece muito mais com peças de quebra-cabeças: mesmo que você não goste de alguma, você nunca conseguirá completar a figura se não usar todas as peças. Foi assim com esse livro.
A leitura é um pouco pesada para crianças, pelas situações impostas aos personagens, mas também pela narrativa pouco tradicional. Entretanto, leitores mais experientes (e aqui uso a palavra experiente não ligada à idade do leitor mas sim ao quanto ele já leu na vida) irão apreciar muito essa imperdível leitura.

PS: Neste post - http://www.naniesworld.com/2012/07/leitura-aleatoria-24.html - você encontra algumas citações do livro, que irão dar uma ideia melhor da narrativa de Meg Rosoff.

Nota: 10
Dificuldade de Leitura: 7

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