Jubiabá

Jubiabá Jorge Amado




Resenhas - Jubiabá


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Fabio Shiva 05/06/2020

perfume de dendê
Esse livro é impressionante por muitos motivos. Publicado em 1935, foi o quarto romance de Jorge Amado, quando o autor contava apenas 23 anos. Trata-se de um dos primeiros romances brasileiros que tem um negro como protagonista – e não se enganem, não é o Pai-de-Santo Jubiabá, mas Antônio Balduíno, aventureiro, imperador mendigo, sambista, boxer, lavrador e, finalmente, ativista político. E por falar em Jubiabá, esse também é um dos primeiros livros a descrever de forma consistente alguns rituais e tradições do candomblé.

Aqui, nesta obra de juventude, é possível perceber em nível embrionário alguns dos elementos mais marcantes da prosa de Jorge Amado, esse Avatar da Literatura Mundial que escolheu a Bahia como cenário de sua manifestação. Se ainda não alcançou a sublime perfeição de obras como “Tenda dos Milagres” e “Os Pastores da Noite” (só para citar histórias que trazem heróis do povo, assim como Antônio Balduíno), e aqui e ali se deixa seduzir por ingênuas passagens panfletárias, o autor já permeia as páginas de Jubiabá com um inconfundível perfume de dendê. Não o dendê real, do tabuleiro da baiana, mas um dendê imaginário, literário, lírico, que só existe na Bahia inventada por Jorge Amado.

Salve Jorge!

https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2020/06/jubiaba-jorge-amado.html


site: https://www.facebook.com/sincronicidio
Raimundo.Sales 02/07/2022minha estante
Lindíssima análise Fabio! O perfume do dendê ficou magnífico! Acabei de fazer mais uma leitura!




Rodolfo Vilar 27/05/2021

Mundo baiano em expansão!
Na sequência de leituras que venho fazendo do Jorge Amado o romance "Jubiabá" abriu muito os meus olhos para a grandiosidade do autor. Aqui ele expande o seu universo baiano para além das ruas de Salvador, expande o seu lado poético e observador dos costumes e cria um personagem tão multidimensional que se torna o nosso amigo. Aqui temos farra, aqui temos macumba, aqui temos sonhos, aqui temos a história (quase um romance de formação) de Antônio Balduíno, nosso personagem principal. Isso mesmo, uma vez que Jubiabá, nosso pai de santo tão famoso, é apenas uma das estrelas da constelação de muitas que formam esse livro. Conforme avançamos na leitura, vemos a redenção do preto Balduíno que encontra o seu lugar de fala, seu lugar de dor, a dor de muitos outros que também enxergam a necessidade da quebra das engrenagens do sistema de pobreza de sua cidade. E é essa mesma redenção que torna o personagem tão cativante e tão único dentro de muitos criados por Jorge Amado.
Karol Mello 18/03/2024minha estante
Olá, Rodolfo

Você terminou sua sequência de leitura do Jorge Amado? Estou lendo os livros dele em ordem cronológica, comecei Capitães da Areia na semana passada.




Psychobooks 01/12/2011

Jorge Amado foi um dos escritores brasileiros de maior sucesso, tanto aqui quanto no exterior. Seus livros foram publicados em mais de 50 países e adaptados para rádio, cinema, teatro, televisão e quadrinhos. Jorge Amado morreu em 2001 e deixou um acervo de 45 livros escritos.

Jubiabá foi publicado em 1935, quando o autor tinha 23 anos. Na época, era membro do PCB, pelo qual foi eleito deputado federal em 1945. Suas obras, nesse período, eram panfletárias.

Antônio Balduíno cresceu nas ruas de Salvador. Aprendeu a mendigar, roubar, lutar e cantar. Um vagabundo que vivia pelo orgulho, prazer e liberdade. Foi mendigo, sambista, pugilista, artista de circo e estivador. Seu senso de moralidade foi influenciada por Jubiabá, o pai-de-santo e pauta-se numa metáfora simples: a de que os homens têm um olho da crueldade e outro da piedade. Quando o da piedade vaza, o caráter do sujeito debanda para a crueldade pura.

Assim como outros heróis dessa fase panfletária de Amado, Balduíno está em busca de algo que não sabe mensurar e trafega perigosamente entre a bondade e a vilania. Nos últimos capítulos, ao participar ativamente de uma greve e vislumbrar a perspectiva de futuras lutas, encontra sua vocação e sua redenção. Essa intenção propagandista de Jorge Amado soa um tanto ingênua nos dias de hoje, pelo menos em alguns detalhes, mas vale lembrar o distanciamento histórico, afinal, o livro tem mais de 70 anos.

A partir da década de 1950, depois de se desligar do partido comunista, os livros de Jorge Amado perderam essa característica e passaram a carregar no desfile de tipos, na sensualidade debochada e no humor. É o caso de Gabriela, Tieta do Agreste e tantos outros, mais populares nas adaptações de cinema e TV.

Jorge Amado dominava como poucos o discurso indireto livre. Com elegância crua, seu texto guia o leitor através das ruas de Salvador, de seus becos e janelas e por dentro das mentes de seus personagens, que são movidos a sofrimento, orgulho e paixão. Sem ter que recorrer a descrições minuciosas, ele convida a assistir a um ritual num terreiro de umbanda, a deitar na areia e imaginar que maravilhas existiriam além do mar, berço de mistérios e suicidas. Ler um livro de Jorge Amado é catártico. Talvez em Jubiabá as leitoras se incomodem com o papel secundário das mulheres: não passam de causadoras das desventuras amorosas de Antônio Balduíno. Mas esse papel secundário não é contínuo no trabalho de Jorge Amado. Basta conferir suas obras pós-PCB, como Gabriela e Tieta do Agreste.

Jorge Amado estava inspirado pelas certezas da juventude, pelo trabalho de Gilberto Freire e por ideais que se pretendiam transformadores. Jubiabá é um livro intenso, sensual e idealista. Se você foi vítima da obrigatoriedade - algumas vezes, desanimadora - de ler autores clássicos nacionais e, por isso, riscou Jorge Amado de sua lista, repense. Vale sair um pouco das fórmulas “fáceis” de roteiros importados que se pretendem livros e conhecer um pouco do trabalho de um dos mais representativos autores brasileiros.

Link: http://www.psychobooks.com.br/2011/11/resenha-jubiaba.html
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Rodrigo 31/08/2022

Antônio Balduíno, presente
Preto, favelado e forte. Não estou falando de força física, mas de resistência. Foi preciso sobreviver em um país racista e que não aceitava mudanças.
Regionalismo, religião, política, boxe, malandragem, prostituição, são ingredientes amadianos para esse grande livro.
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Antonio 16/05/2022

A epopeia de um negro baiano
O livro conta a história de Antônio Balduíno, desde a sua infância, de moleque no morro cuidado por uma tia, que depois passa a viver com uma família de classe média, foge e vira menino de rua em Salvador, depois foge para o interior e vai trabalhar em fazendas de fumo e termina como estivador grevista. O livro narra toda sua história de vida, em que o pai de santo Jubiabá é uma referência e uma forte influência. A narrativa é fluida e a história é cativante, sobre as agruras de um negro pobre na Bahia dos anos 30. Um ótimo livro!
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Renata (@renatac.arruda) 23/06/2020

Um Jorge Amado em início de carreira, tratando da situação da população negra da Bahia no pós-escravidão.

Confesso que não conhecia o romance e li porque precisei escrever sobre a música "Lanterna dos Afogados", dos Paralamas, cujo título faz referência ao livro.

A história acompanha a vida de Antonio Balduíno, desde sua infância no morro do Capa-Negro, até a maturidade, quando adquire consciência política e acaba se tornando um líder da greve geral. Balduíno, ou Baldo, tem desde pequeno o anseio pela liberdade e considera o trabalho formal uma forma de exploração análoga à escravidão. No entanto, ele chega a se enquadrar nas regras sociais durante a adolescência, após ficar órfão e ir morar com um casal de benfeitores que assume a sua educação. Mas um episódio grave de racismo rapidamente acaba com suas ilusões e daí nasce a revolta que irá acompanhá-lo pelo resto da vida.

A única autoridade respeitada por Baldo é Jubiabá, um pai de santo que parece ter respostas para todas as coisas (e que existiu de verdade). Mas Jubiabá responde às questões do espírito, o que se torna insuficiente para os dilemas políticos que Baldo passa a enfrentar. Há aí um conflito e, a meu ver, uma espécie de crítica, com a intenção de chamar a comunidade negra para a organização política por melhores condições trabalhistas.

É um romance que mostra como viviam as pessoas pretas e pobres no início do século XX nas cidades e nos campos, tratando de questões atuais até hoje: precarização do trabalho, falta de assistência médica, violência, violência contra a mulher, prostituição, miséria, racismo, suicídio. Mas há também o outro lado, aquele que faz a vida ser sustentável, apesar de tudo: as festas, a camaradagem, o amor, os terreiros, a luta e a esperança. Um belo livro.

@renatac.arruda
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Catarine Heiter 18/11/2021

Como em todo romance de Jorge Amado, é sempre gratificante fazer um passeio ao dia a dia da sociedade baiana do passado! Através do Baldo, neste (quase) romance de formação, vários temas são abordados (religião, cultura, trabalho) e a sua maturidade vai sendo conquistada, partindo da crença na força bruta até a compreensão da força do diálogo. A crítica ao capitalismo e as diferentes relações e formas de trabalho são pontos altos da obra. Claro que é sempre difícil se deparar com registros do machismo da época, mas ainda assim a escrita e a relação que tenho com o autor tende a me confortar neste sentido (mesmo quando não consigo me conectar tanto com o protagonista, como foi o caso).

Esta resenha foi motivada pelo desafio DLL 2021, na categoria ‘Uma palavra no título’
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Jeff_Rodrigo 12/03/2024

"Quando está escuro
E ninguém te ouve
Quando chega a noite
E você pode chorar

Há uma luz no túnel
Dos desesperados
Há um cais de porto
Pra quem precisa chegar

Eu estou na Lanterna dos Afogados
Eu estou te esperando
Vê se não vai demorar

(...)"


Sim, eu li esse livro por causa dessa música, pensando em sua origem. Me deparei com uma história incrível.
Igor 12/03/2024minha estante
Não sabia que essa música tinha expiração num livro, nossa! Acho que também vou ler. Entrou na minha lista. ?


Jeff_Rodrigo 12/03/2024minha estante
"Herbert Vianna logo ao chegar a um restaurante em Ipanema pede rapidamente ao garçom "Por favor, uma caneta e papel", pois no trajeto, andandando de moto, lhe veio a melodia e os primeiros versos da música Lanterna dos Afogados.


Ela foi inspirada de um capítulo do livro ?Jubiabá?, de Jorge Amado, que retrata o bar Cais do porto, na Bahia, onde as mulheres dos pescadores esperavam os seus maridos com lanternas, para ajudá-los a achar o caminho de volta do mar.


Em uma entrevista à revista Vinho Magazine, Herbert relata que a letra fala do cuidado que as mulheres têm com seus maridos, pescadores, guiando-os com a luz da lanterna na praia para saber o caminho de volta do mar, a assim não ficassem desorientados, como se fossem faróis. Pois, com os perigos no mar, alguns pescadores nem sempre voltam."


Fonte:

https://blocodofua.com.br/blog-do-fua/musica/de-onde-vem-a-lanterna-dos-afogados 


Ainda que sútil, é uma ótima inspiração.




Cristiane 26/07/2023

Jubiabá
Jubiabá é um líder religioso negro e bem idoso da comunidade do morro do Capa Nego: ele faz orações, chás, banhos e outros rituais religiosos para curar doenças do corpo, da alma, do coração. Ele aconselha e conta histórias, mas não é a personagem central desse romance de Jorge Amado, a personagem central é o Negro Balduíno.
Um menino órfão, criado pela tia... Quando a tia morre ele é entregue para uma família de brancos, é expulso desta casa e viverá inúmeras aventuras e sofrimentos: será um lutador de boxe, vai compor sambas, vai trabalhar em plantações de fumo, num circo e no final perceberá a importância da união dos pobres trabalhadores.
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Sara.Goncalves 04/02/2024

Do sino da igreja vêm as batidas das nove horas.
Do sino da igreja vêm as batidas das nove horas, e apesar da miséria, da fome extrema, dos poucos resquícios que restaram de fé,
o povo levanta-se e dança como se a pobreza fosse extinguida em dado momento.
Escuta-se somente um baticum, um movimentar de pés
o cheiro doce do fumo,
o corpo com corpo que encontra-se e logo se vai.
Às gargalhadas está um homem negro, forte, bom de violão, artista de circo, fazedor de sambas, boxeur
nem parece que sofre,
o que para ele fora destinado uma vida desgraçada,
não contenta-se com a ousadia do branco,
levanta, luta, bate, faz greve
impõe-se.
Ele não quer ver mais os seus morrendo em becos sórdidos,
tirando a própria vida porque o futuro é o mesmo: a morte gradual, definhando de fome, de maleita, de precariedade, insalubridade,
quem olhará por nós, pobres desgraçados?
injustiçados pelos brancos,
escravizados até que se chegue a
essência d'alma encarcerada.
Pisoteados e mortos,
nós, homens, que temos o
Sol tapado com a peneira,
que dançamos,  sobrevivemos e gargalhamos
e amamos mulheres moças feito dos Reis, Rosenda Rosedá, que amamos Lindinalva
Que perdemos o olho da piedade
por tanto ódio no coração,
trazido forçosamente.
Quem olhará por nós, pobres desgraçados?
with Z 11/02/2024minha estante
Caralhos! Sim! Seu texto tem alma! E muita personalidade! Eu amei mt, sério, mt bom mesmo! Eu li umas 5 vzs, parabéns ^-^


with Z 11/02/2024minha estante
Eu sabia que vc tb era feita da matéria das letras!


Sara.Goncalves 12/02/2024minha estante
muito obrigada, amigo, dessa forma fico sem saber como agradecer, muito obrigada mesmo:))




Marcelo.Alencar 23/10/2020

Orfeu da Bahia
Esplêndido. Em JUBIABÁ, Amado, aos 25 anos, retrata a história da luta dos negros na Bahia, pós-escravos que viraram operários despertando para a luta de classe.
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MARI 11/08/2023

Um tanto decepcionante
Já havia lido jorge amado anteriormente e sou uma admiradora do mesmo, entretanto "jubiabá'" não muito me agradou. primeiramente tópicos ligados à sexualização muito grande fizeram da minha leitura desconfortável e massiva. o final foi repentino e um vira-casaca ocorreu nas últimas 30 páginas, sem grandes construções. existem pontos interessantes, como sempre jorge amado tem descrições interessantes, ambientação incrível e um estilo próprio marcante...ao final, não gostei tanto...acontece.
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Paula1882 30/12/2022

Estou lendo os livros do Jorge Amado em ordem de publicação e agora já sei mais ou menos o que esperar das obras dele, mas mesmo assim consigo me surpreender com a forma que ele aborda em cada livro os temas que ele gosta de repetir.

Balduíno é um personagem complexo, é impossível não torcer pra ele já que ele tem toda uma história triste por ser um homem preto e pobre e já que conhecemos ele desde criança. Mas em questão de relacionamentos amorosos ele me enojava várias vezes. A trajetória dele é muito interessante e inesperada.
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Rond 24/12/2023

O ABC de Baldo
"Jubiabá", escrito na década de 30, quarto livro na carreira de Jorge Amado, é uma obra vibrante que destaca o autor como um mestre da narrativa, imergindo os leitores na vida e nos costumes dos negros baianos da época.

Eu penso que o título "Jubiabá" parece deslocado, considerando que o personagem homônimo, embora forte e respeitado, não ocupa um papel central na narrativa.

Gostei muito da desenvoltura narrativa impressa na história, principalmente na construção do núcleo envolto da personagem Lindinalva, uma figura constante no pano de fundo, que ocupa um lugar de destaque no imaginário de Baldo, o protagonista negro da história. Seu trágico destino não apenas molda profundamente a jornada de Baldo, mas também reflete a sagacidade do grande Amado em desnudar a elite branca, com seus vícios, soberba, rodeada de puxa-sacos e falência moral na sociedade da sua época.

Contudo, é notável que, apesar da riqueza de detalhes e narrativas paralelas, algumas histórias secundárias podem parecer exaustivas e menos contributivas para o enredo principal. Estas múltiplas camadas, embora enriquecedoras, às vezes desviam a atenção da trama central.
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