O Livro de Julieta

O Livro de Julieta Cristina Sánchez-Andrade




Resenhas - O Livro de Julieta


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Ana Ferreira 17/07/2012

Cruel e delicadamente verdadeiro
"[...]o tipo de pessoa em que estamos nos transformando, tudo isso são escolhas íntimas e pessoais, que só devemos a nós mesmos.
Por mais que não se escolha, não podemos cruzar os braços e fechar os olhos. Existe um dever de amor a ser cumprido."
p. 41

Se tivesse que definir “O Livro de Julieta” em uma palavra, acabaria por classificá-lo como ambíguo. De todas as maneiras possíveis. Cristina Sánchez-Andrade, jornalista espanhola e escritora, apresenta-nos aqui um pouco de sua difícil história quando, na 3ª ida à maternidade, descobriu que a filha era portadora da síndrome de Down e como, a partir daquele momento, todas as suas perspectivas de vida caíram por terra, obrigando-a a viver uma nova e duríssima realidade materna.

Ao ler o subtítulo presente na capa do livro, “Uma menina com síndrome de Down e a ternura de sua mãe”, imaginei que se tratasse total e puramente de um causo repleto de belos momentos vividos em família e do amor inabalável entre pais e filhos. O que não deixa de ser em nenhum instante, naturalmente, porém com alguns toques mais dramáticos típicos de uma descoberta amarga de que a doença não está na vizinhança, mas no próprio núcleo, tendo que ser enfrentada dia após dia num esforço coletivo, um esforço muito humano que fará com que centenas de mães na mesma situação de Cristina a compreendam por completo.

A jornalista não nos priva dos sentimentos que passam por sua cabeça, alternando a narrativa de cunho psicológico em diversos momentos, desde o nascimento de Julieta até os 7 anos da menina, aproximadamente, avançando e retrocedendo conforme suas ideias, situações vivenciadas e cartas de seus outros três filhos nas quais estes fazem um retrato da relação com a irmã e as eventuais dificuldades de convivência.

Temos, então, Julieta, que é por si só a estrela do livro. Uma menina teimosa, fã de maiôs da Hello Kitty e da irmã caçula (Inês), bagunceira, extremamente curiosa - como qualquer outro pupilo de sua idade -, que adora ser o centro das atenções, aos 6 anos tem atitudes de crianças de apenas 4 e que, acima de tudo, é dotada de uma imensa capacidade de perdão, invulnerável a quaisquer rancores, estando sempre, sempre pronta para amar de todo coração, o que apenas resulta em mais ternura por parte de sua mãe, contradizendo cada ambiguidade responsável por lhe fazer amaldiçoar a doença. Cristina não se esforça para esconder do leitor a raiva e o medo dos quais foi assolada ao diagnóstico, nem tampouco tenta provar que tudo depois daquele momento foi belo e comum. De seu compromisso jornalístico com a verossimilhança dos fatos, a autora faz um relato fiel das noites insones de choro, dos desagradáveis comentários daqueles que tentavam agradar ao receber a notícia de que sua filha é portadora da síndrome de Down, das visitas rotineiras a hospitais, do progresso exageradamente lento no crescimento psicológico de Julieta, das vezes em que a menina, por pirraça, urinou nas próprias roupas... E também nos fala, em contrapartida, de cada conquista, de cada tarde no parque com uma Julieta a brincar sorridente, do fascínio pela música e do simples prazer de ser capaz de amá-la.

Com uma narrativa fluida, períodos curtos e capítulos com certa independência entre si, “O Livro de Julieta” é uma afirmação sincera do renovado afeto materno. Aquele que deve ser cultivado a cada dia, que vem da alegria em ver o filho feliz e também da obrigação contínua de zelar por ele. Cristina Sánchez-Andrade traduz muito habilmente, numa centena e algumas dezenas de páginas repletas de passagens de sua vida, o quão humana Julieta - uma menina, acima de tudo, especial - a fez ser.

“Hoje, vendo-a sozinha na água, nadando como se fosse uma rã e gritando para o professor “Olha, elou kitty”, penso nas outras recompensas que tive ao longo da vida após grandes esforços. Terminei o curso de direito pela UNED, publiquei meu primeiro livro...
Mas nenhuma delas se compara a ver Julieta na água.
Às vezes, a felicidade é uma cosquinha.”
p. 62
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isab4._ 30/10/2022

O livro é um apanhado de depoimentos de uma mãe desde o momento em que descobre que dará a luz a uma bebê com síndrome de Down.
Às vezes, a sinceridade crua da autora choca, ao mesmo tempo que tem uma conversa franca com o leitor, expondo seus pensamentos, cansaços e anseios quando ao futuro de Julieta.
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may.reader 19/02/2021

O livro é um apanhado de depoimentos de uma mãe desde o momento em que descobre que dará a luz a uma bebê com síndrome de Down.
Às vezes, a sinceridade crua da autora choca, ao mesmo tempo que tem uma conversa franca com o leitor, expondo seus pensamentos, cansaços e anseios quando ao futuro de Julieta.
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Psychobooks 15/10/2012

Esse livro chegou em minhas mãos por indicação da Bianca Briones, do Redoma de Cristal, que afirmou que após ler algumas páginas já tinha se conectado completamente com a história e afirmou que a narrativa me conquistaria. Agradeço também à Diana da Cia das Letras por ter me cedido essa cópia para resenha.

Daí vocês podem estranhar essa forma de início de resenha, já que não costumo citar como me interessei na leitura ou mesmo agradecer já em meus comentários a Editora; pois bem, quebrei minhas regras por achar necessário agradecer já que o texto me tocou tanto e casou MUITO com os pensamentos que tenho acerca do modo que a mãe de uma criança especial lida com seu filho e encara essa luta. Para quem não sabe ou não me conhece: Prazer, meu nome é Alba Milena, tenho 34 anos e um filho autista o Lucas de 16 anos.

Agora apresento a vocês Julieta. Julieta nasceu no dia 27 de março de 2003, a terceira filha de Cristina, que, em momento algum da gravidez, teve conhecimento de que seu bebê tinha Síndrome de Down. A autora já me conquistou nas primeiras palavras ao confessar que o nascimento de Julieta foi uma morte: a morte de uma filha sem problemas, normal. A partir da revelação da síndrome, ela teve que se acostumar com a realidade e se preparar para viver com as diferenças.

A narrativa não é linear, a autora optou em contar sua história com Julieta por meio de crônicas, pedaços e fatos interessantes que pontuam bem as dificuldade e alegrias que sua filha trouxe à sua vida. Me senti como se estivesse em uma conversa com uma amiga, praticamente ouvia Cristina tomando ar e começando uma frase com os dizeres me lembro certa vez, para então contar uma peripécia da menina ou apontar alguma atitude da sociedade em relação à ela.

O que gostei bastante e aqui peço licença para falar como mãe de uma criança especial é a forma que a autora se posiciona frente a algumas atitudes, sejam elas de Julieta ou daqueles que a cercam (e atenção que ela própria se insere nessas críticas). Posicionamentos, observações, olhares Nada é deixado de lado. Cristina aponta tudo o que a desagrada e também dá ênfase a tudo que a deixa contente e ciente de estar no caminho certo: darei exemplos.

Há na sociedade uma vontade absurda de autoafirmação e até hipocrisia. Como se houvesse a necessidade de tapar o sol com a peneira e, se uma mãe diz que tem dificuldade com relação a um certo comportamento ou se despe e resolve falar abertamente que preferia que seu filho não fosse portador da síndrome (veja bem, seja ela qual for, não falo agora apenas na Síndrome de Down), logo aparecem os protetores da moral e do bom costume para dizer que uma mãe que briga com um diagnóstico não aceita seu próprio filho; afirmam que para amar seu filho é necessário amar a síndrome. Aí é que mora o erro: é preciso lutar, é necessário não aceitar! Não aceitar a síndrome, que fique claro. E por lutar entendam dar suporte por meio de terapias, e não ignorar o diagnóstico.

Cristina se posiciona, se despe de convenções. Aponta o dedo para os hipócritas e conta cada situação que a deixou fora do eixo. Cada situação em que se decepcionou com as limitações de Julieta e cada situação em que se deleitou com seu jeito de ser. Aí é que mora o equilíbrio: saber que seu filho não pode ser rotulado pela síndrome, é necessário separar os dois, e trabalhar para que ele cresça e se desenvolva da melhor forma possível. Acredito que a palavra seja, acima de tudo, amparo. É necessário dar o suporte, apoiar, fazer a criança crescer independentemente desse rótulo.

Há um ano, escrevi uma frase aqui no site que acho que descreve bem o que sinto em relação a ter um filho especial: A notícia do autismo quando chega é difícil de aceitar, mas com o tempo você percebe que é apenas diferente do que estamos acostumados. E o diferente não é ruim, devastador, ou motivo de depressão O diferente é só isso: diferente.

Qualquer coisa que o rotule de outra forma, seja ela para o bem ou para o mal, é dispensável. Por isso que o trecho que deixei como citação logo aí embaixo se faz tão importante:

É um fenômeno estranho, mas bem comum: às vezes as pessoas que não nos conhecem (na rua, no ônibus, num parque, no médico) ao ver que temos um filho com deficiência, fazem o possível para nos agradar, ainda que sem necessidade. Quando isso acontece, elas costumam causar o efeito contrário, ou seja: te deixam muito pior.

Página 133

Adorei a história, me senti inserida e companheira de Cristina e Julieta. Inés, a caçula da autora, me conquistou completamente, com seu jeito protetor e aproveitador. Inés é uma criança esperta que cresce tendo uma irmã especial e por isso não sofre com os rótulos. Ela ama Julieta incondicionalmente, mas não se furta de aproveitar de sua ingenuidade em algumas situações.

Julieta foi um caso à parte. Ri muito com as descrições de suas peripécias e também me emocionei enormemente com a forma que ela encontrou para lidar com suas limitações.

O enredo é cativante. Leitura rápida, dessas que quando chega ao fim, dá aquela vontade louca de indicar pra alguém. Recomendo.



Odeio escrever observações, mas acho que no final dessa resenha, isso se faz necessário: me despi, como Cristina, de papas na língua e coloquei um pouco de minha opinião sobre ter um filho especial, por isso, na resenha de hoje, não aceitarei comentários que rechacem essa visão ou que sejam de alguma forma agressivos. Hoje uso o direito de afirmar com todas as letras que esse é sim um blog de opiniões pessoais e como tal será devidamente moderado.

http://www.psychobooks.com.br/2012/07/resenha-o-livro-de-julieta.html
Renata CCS 22/01/2013minha estante
Gostei de sua resenha. Fiquei interessada em ler o livro!




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Gabriela 20/06/2022

Uma leitura reflexiva
Gostei, em partes, desse livro.
Em alguns momentos, achei um pouco ríspida a forma como a mãe, que é a própria autora, fala sobre o assunto. Mas, também, é um livro que traz uma ótima reflexão e que nos faz pensar sobre a vida.
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nathmeira 29/04/2022

Muito lindo!
Esse livro me fez visitar os pensamentos de uma mãe que está aprendendo a viver a maternidade de maneira única e diferente. Também me ensinou a entender um pouco do mundo pelos olhos da pequena Julieta. Se tornou um dos meus livros favoritos pela simplicidade da leitura, mas sem esquecer da profundidade dos assuntos tratados nele.
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Luiza.Andrade 05/02/2021

Um Sincero relato de uma mãe
Quantas dúvidas, revoltas e dilemas, ser mãe de uma menina com síndrome de down é todo dia ter uma experiência nova, aprender a conviver com as negações e as bênçãos de ser uma mãe especial.
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Mah Mac Dowell 28/03/2020

Fofinho
Hiatória contada por uma mãe de uma criança com Síndrome de Down. Apresenta uma sensibilidade que só quem vive entende. Vale a leitura.
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Sarah 18/12/2013

Relato direto e sensível de uma história real
Julieta é uma menina com síndrome de Down e a autora, Cristina, é sua mãe. Em capítulos curtos e que não seguem uma ordem cronológica direta, a autora nos conta sua história real por meio de suas memórias, cartas e seus pensamentos. Conhecemos seus sentimentos no momento da descoberta da síndrome, no dia do nascimento de Julieta. Como a mãe responde às reações das pessoas ao conhecerem a filha. O desenvolvimento mais lento e a constante alegria da menina. A convivência com os irmãos. Um livro que é direto, por tratar a síndrome sem rodeios e, ao mesmo tempo, sensível.
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Fran283 16/11/2019

Doce e leve como Julieta
"Antes do nascimento de Julieta, eu me lembro de Daniel ter dito que não seria capaz de conviver com um filho com deficiência, que desmoronaria. Ele falava com sinceridade... e eu, escutando tudo aquilo, sentia um frio na espinha..."

Esse livro é um relato real de uma mãe sobre suas experiências após receber a notícia de que sua filha nasceu com síndrome de Down. Cristina (autora e mãe de Julieta) fala de maneira franca sobre a relação com a filha desde o diagnóstico que lhe despertou "medo e negação", já que aquela não era a filha que ela havia idealizado durante a gravidez.

De forma leve e descontraída ela relata acontecimentos do cotidiano, seus sentimentos diante dos desafios dessa maternidade e, sobre como é difícil lidar com a estupidez das pessoas, que vai desde negligência profissional a preconceitos que vêm, muitas vezes, disfarçados de boa vontade em frases como "É um presente de Deus", "Ela vai te fazer companhia a vida toda" ou "Você é forte, vai superar".
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Senna 15/01/2014

O livro de Julieta
O livro é um imenso desabafo que a autora gentilmente compartilha conosco. Ler essa obra nos faz colocar no lugar dela, sentir um pouco do que ela sentiu, mas também nos contagia com força para encarar os desafios semelhantes que a vida nos coloca. Quem tem algum parente com necessidades especiais entende bem o que foi dito.

Ao longo da leitura nos deparamos com retalhos biográficos de uma mãe e sua filha, somos apresentados a uma aflição inicial que logo se transforma em diversas alegrias. Ter um filho com síndrome de Down -ou qualquer outro contexto que torne seu desenvolvimento atípico- é uma dádiva, desafio que proporciona um enorme crescimento.

Inúmeros são os episódios contados na obra, todos divertidos e inusitados, revelando as mais diversas emoções que mãe e filha vivem juntas. Essa é a maior mensagem que o livro pode passar, a felicidade que ambas descobrem nas pequenas coisas do dia-a-dia; elas se amam do jeito que são e vivem felizes apesar das dificuldades.
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Raffafust 01/09/2014

Tem gente ingênua que acha que a gente que escolhe o livro, mas eu acredito que muitas das vezes é o livro quem escolhe a gente. Afina , dentre milhões no meio da Bienal do livro de SP eu me deparei com esse. Ao ver qual era o tema comprei 2, um para mim e outro para dar de presente. A história da mãe e de uma filha que tem síndrome de down não era somente um assunto que me interessa, faz parte da minha vida há 3 anos .
Em O livro de Julieta, a jornalista Cristina Sánchez-Andrade nos conta como é ser mãe de alguém com a síndrome. Não admite que lhe digam que é um presente de Deus, porque para ele presente é ter um filho normal e ela teve doi antes de Julieta e uma menina depois : Inéz. Aliás, é com a irmã mais nova que Julieta vive suas aventuras, mesmo com uma diferença de idade de 3 anos de uma para outra a síndrome faz com que a mais nova tenha o mesmo tamanho e aja como a mais velha.
Julieta tem os traços característicos de quem tem a síndrome, ela não á carinhosa como a maioria diz que eles são, sua mãe não suporta que chamem quem tem a síndrome de " eles", tão pouco aceita que seja doença...mas confessa que não queria ter uma filha assim, que não sabe o que teria acontecido se tivesse descoberto tudo antes, de ela teria tirado ou não; a vida de Cristina virou de cabeça para baixo. Ela não só tme uma filha diferente mas também tem uma filha arteira na qual uma boa dose de paciência se faz necessária todos os dias. Ela faz xixi o tempo todo, ela fica nua no meio da casa, ela faz pirraça e ela não entende muita coisa, e as vezes entende tudo e finge que não .
Sua mãe sofre vendo que ela não é como as demais: ela não cresceu como as outras, ela nem sequer fala com elas e tudo em sua Julieta tem um delay que ela sabe o como é duro viver comparando mas não consegue evitar.
A luta, o amor, a aceitação...tudo está no livro e não por acaso me emocionei, ri e terminei encantada ao saber que é quando estamos nos sentido fracas que encontramos nossa força para defender quem amamos. Julieta sempre será dependente. Mas ela tem deficiência mental e não emocional. Ela ri, chora e quer carinho. Ela sabe que ser fizer o que pedem ganha presentes e ela o faz. Mas regride no dia seguinte.
O livro é lindo, é sincero e não teve como não me identificar . Não tenho filhos, mas há 3 anos atrás minha prima ganhou uma Julieta. A Julieta dela é minha afilhada e por mais que eu ou você não saibamos o como é ter um filho com síndrome, minha prima sabe . E acho ela uma vencedora. Porque ela não esconde a filha, porque ela trata como o outro filho, porque a Julieta dela é tão feliz que não deixa que a tristeza fique estampada no rosto de ninguém por muito tempo.
Não é o ideal , não é o que escolhemos, não é nem sequer o que sempre aceitamos, mas vida nem sempre é feita de escolhas . Algumas coisas uma força superior escolhe para gente e como diz a Cristina que escreveu o livro não é porque você é especial , porque é uma boa pessoa ....ela mesmo diz que preferia não ser e Julieta ser normal. Mas é que uma coisa a gente sabe: mãe de verdade não analisa o filho, não encontra defeitos e se o vê , disfarça e foca na qualidade. Por isso mães são especiais. Fica minha admiração por essas guerreiras e um beijo imenso para todas as Julietas
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