Fábulas Fabulosas

Fábulas Fabulosas Millôr Fernandes




Resenhas - Fábulas Fabulosas


6 encontrados | exibindo 1 a 6


jota 09/06/2022

Nosso gênio do humor atualizou e abrasileirou algumas conhecidas fábulas e suas lições de moral, também inventou outras
Lido entre 03 e 07 de junho de 2022.
Avaliação da leitura: 4,7/5,0

Mais uma leitura de Millôr Fernandes (1923-2012), dessa vez com textos (e desenhos) que ele criou a partir de algumas fábulas conhecidas, outras nem tanto e outras ainda que ele parece ter inventado, mas sobre isso não tenho tanta certeza. As fábulas, como todo mundo sabe, encerram uma moral, uma lição, e talvez a mais famosa de todas seja a da cigarra e a formiga, criação do fabulista e poeta francês Jean de La Fontaine (1621-1695).

A primeira levava a vida cantando, a segunda trabalhava arduamente o ano todo. Chega o inverno, a cigarra pede alguma comida à formiga que, sabendo que a primeira passou o verão cantando, diz a ela que agora passe o inverno dançando. E a moral dessa fábula é que “Os preguiçosos colhem o que merecem.” Curiosamente Millôr não brincou com essa fábula de La Fontaine, mas com uma outra dele, bastante conhecida também, a da raposa e as uvas.

Que, se me lembro bem, terminava com o seguinte dito, “Quem desdenha quer comprar.”, porque no fim, não conseguindo comer as uvas maduras, que estavam altas demais para ser apanhadas, a raposa diz que elas estavam verdes, desdenhando-as. Millôr dá sua versão dessa fábula e constrói para ela sua própria moral: “A frustração é uma forma de julgamento tão boa como qualquer outra.” É, pode ser.

No que seria uma pequena introdução ao livro, Millôr escreve que suas fábulas “não pretendem ensinar nada senão que a paz na terra independe de nossa boa vontade, que a vitória na vida vem mais de nossos defeitos do que de nossas qualidades, e que só no dia em que um industrial espirituoso chamar de FÉ às suas escavadeiras, a FÉ moverá montanhas.” São todas lições que as fábulas ensinam. É esse o espírito do livro, brincar com os preceitos morais que elas encerram.

Os animais que falam são, em grande parte, os personagens das fábulas de La Fontaine e por consequência, também das de Millôr. Então, além da cigarra, da formiga e da raposa, temos um gato que aprendeu a falar depois que sua dona o obrigou a comer um papagaio para adquirir sua voz, que é uma das melhores histórias do livro, encerrada com a seguinte lição: “O mal do artista é não acreditar na própria criação.” Tem a história da tartaruga que morreu e o seu dono, um menino, fica desesperado, mas quando o pai promete um festivo velório e enterro para o animal, as coisas mudam rapidamente e daí temos que “O importante não é a morte, é o que ela nos tira.”

São 71 histórias, ou fábulas, e mesmo que nem sempre a lição final -- ou a moral e algumas fábulas aqui têm até submoral, pois é – seja lá muito engraçada, não importa, porque os textos em si são bastante engraçados, inventivos, criativos. Um deles tem o título A baposa e o rode, evidentemente a raposa e o bode, que já começa engraçado antes: Fopos de Esábula (ou Fábulas de Esopo), e seria o jeito de contar uma fábula do francês “na linguagem do tempo em que os animais falavam.” Não apenas falavam, também aprontavam.

E quem ama o feio bonito lhe parece? Para Millôr, não: “Quem ama o feio tem algum outro objetivo.” Nem tudo ele inventa. Aqui Millôr toma como moral uma frase famosa do dramaturgo inglês George Bernard Shaw (1856-1950): “O único homem que se comporta de forma sensata é meu alfaiate. Ele tira minhas medidas novas todas as vezes que me vê, enquanto todos os outros continuam com suas medidas velhas e esperam que eu caiba nelas.”, que aplicou em “O tamanho do homem”, que é sobre um corte de seda recebido de presente por um sátrapa oriental.

Bem, é isso: Fábulas Fabulosas traz diversão para animais de quatro patas que falavam, mas especialmente reflexão para os de duas com algum grau de inteligência e bom humor, claro. Porque, no fundo o que Millôr fez com suas histórias a maior parte do tempo foi tecer comentários irreverentes sobre a vida cotidiana. E como já diziam os antigos, rindo castigamos os costumes.
comentários(0)comente



Adjuto 04/02/2021

que falta o senhor faz, Sr. Millôr
Fico imaginando o Millôr hoje, vendo essa esculhambação política à torto e a direito. Esquerda e Direita seriam detonadas pelo humor ácido, feroz, inteligentíssimo e sutil deste MESTRE.
Ah, que falta o Sr. faz, Sr. Millôr.
De onde você está, por favor, manda uma mensagem via algum médium pra nós (à moda Brasileira)..
Precisamos voltar a sorrir, Mestre
comentários(0)comente



pirulita 11/07/2009

a maioria das fábulas eu achei engraçadas e legais, as outras que falam sobre política nâo gostei nem entendi.Apesar disso recomendo!!!
comentários(0)comente



Aline Rita 14/06/2010

Muito divertido
Curtir muito ler esse livro, tanto que li duas vezes. Realmente tem algumas fábulas que são difíceis de entender. O sou fã daquela do feio.
Charles.Chaves 16/09/2016minha estante
A do feio, é de doer!




Ana 08/02/2018

Riso intelectual
A maiorias destas fábulas maravilhosas e divertidas tem um quê de política e crítica a certas instituições , mas isso nem de longe tira a graça delas.
Millôr é um dos melhores escritores que temos, consegue com sua genialidade tirar graça de situações que ninguém imaginaria, não raro apelando para o politicamente incorreto (adoro).
Algumas dessas fábulas são bem antigas mesmo, a impressão que tenho é que ele apenas as readaptou para um contexto mais próximo do leitor brasileiro.
O engraçado são as ''lições de moral'' que ele coloca no final de cada fábula, tipo:
'' Quem está na merda não filosofa. Submoral: Da discussão nasce a luz. E da luz?'' kkkkkkkkk. Nossa.
Outra : ''Quando o pecado é grande não importa uma feijoada a mais ou a menos.''
Deu até vontade de reler esse livro, escrevendo essa resenha aqui. Li aos dezesseis anos, e como nessa época eu era meio oca para política, talvez eu entenda melhor agora aos 28.
Recomendo para esquerda e direita.
Aliás, para finalizar, mais uma moral do livro: ''Cuidado quando esquerda e direita estão de acordo''.
comentários(0)comente



6 encontrados | exibindo 1 a 6


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR