Não tenho medo

Não tenho medo Niccolò Ammaniti




Resenhas - Não tenho medo


13 encontrados | exibindo 1 a 13


Gustavo Araujo 11/06/2013

Um Fôlego Só
Em Acqua Traverse faz um calor infernal. Mesmo na atmosfera sufocante desse lugarejo perdido no interior da Itália, onde pessoas anseiam por uma vida melhor, o garoto Michele Amitrano, 9 anos, encontra tempo para andar de bicicleta e explorar os campos de trigo com seus amigos Salvatore, Antonio, Remo e Barbara, além de sua irmã, Maria.

Quando resolve aceitar um desafio ao entrar em uma casa abandonada, Michele descobre um segredo incrível demais para repartir com os outros. O problema é que isso acabará, inevitavelmente, fazendo com que ele perceba a exata fronteira que separa adultos de crianças, o limite da monstruosidade.

Tendo como pano de fundo a Itália dos anos 70, “Eu não tenho medo” é uma história curta mas pungente. Atinge o leitor de modo certeiro, tornando impossível largar o livro. Suas duzentas e poucas páginas brilhantemente escritas contêm os elementos essenciais para tornar a leitura obsessiva.

Pelos olhos de um menino de nove anos, extrai-se o valor da verdadeira amizade e a dor da decepção. Como não se comover com o sacrifício alheio? Como encarar o fato de que às vezes aqueles em quem mais confiamos são os primeiros a nos desapontar? A verdadeira face de quem nos cerca nunca é o que parece. Por trás de um sorriso há sempre intenções que desconhecemos. E essa descoberta pode ser muito dolorosa.

Tal realidade, despida de eufemismos, percebida pelo pequeno Michele à medida que o livro avança, termina por arrancá-lo do universo ingênuo que o envolve, fazendo-nos cúmplices de sua angústia, de seu esforço e de sua esperança de que tudo termine bem.

O maior mérito do autor Niccolò Ammaniti é levantar questões perturbadoras, diante da ética típica de uma criança, fazendo-nos perceber as raízes de nossa própria moralidade. É impossível não indagar a si próprio “o que eu faria no lugar do pequeno Michele?”

E o final do livro? Talvez seja um dos melhores que já tenham sido criados. Evitando estragar a surpresa, dá para dizer que Ammaniti é mestre em criar suspenses e situações que vão se tornando cada vez mais urgentes. É exatamente o que ocorre no fim de “Não tenho medo”. Página a página o leitor sente o fôlego roubado, como se as letras e linhas impressas o agarrassem pelo pescoço. E tudo termina de repente, mas de modo perfeito.

Um livro sensacional.

A propósito, o livro deu origem a um filme com o mesmo nome. Não perca tempo com ele. Aqui cabe a regra geral de que filmes são sempre inferiores nesse tipo de comparação. Neste caso chega até a ser covardia.
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Rodrigo1001 13/02/2023

Tensão non-stop! (Sem Spoilers)
Título: Não Tenho Medo
Título original: Io Non Ho Paura
Autor: Niccolò Ammaniti
Editora: Companhia das Letras
Número de páginas: 208

Não Tenho Medo foi lançado em 2001 e abocanhou o Viareggio Rèpaci, um dos maiores prêmios literários da Itália. Dois anos depois, foi adaptado ao cinema pelas mãos do diretor Gabriele Salvatores, tendo sido indicado a melhor filme no Edgar Award de 2005.

Minha experiência com esse livro foi frenética. Pelo pouco que sabia antes de abri-lo, tratava-se de uma história contada por uma criança durante o verão italiano. Assim, esperava um enredo inocente, jovial e leve.

Ledo engano.

A verdade é que Não Tenho Medo injeta uma grande quantidade de pavor e angústia no leitor. Um nó no peito e uma aflição crescentes, latejantes, que começam já na página 34 e se estendem por todas as 174 páginas restantes. De leve não tem nada; pelo contrário é pesado, cruel e soturno. Como se não bastasse, tivemos dias muito quentes aqui onde moro nessa última semana, beirando os 40C, e a história inteira do livro se desenrola durante uma onda de calor escaldante na Itália. Assim, não só me senti atraído pelo livro, como tive a impressão de estar sendo arrastado para dentro dele.

Deu certo: devorei em 2 dias... não conseguia largar e, quando largava, ansiava por voltar.

Dosando muito bem o drama sem cair no pieguismo, o autor faz descrições econômicas, bem acuradas, dos ambientes e dos personagens. A narrativa é fluída, com um único narrador, descomplicada e envolvente. Não há formalismos e não se abusa das entrelinhas. De fácil entendimento, cai bem para todos os públicos. O único porém fica por conta da efervescência do enredo: leitores mais sensíveis terão dificuldades em avançar, principalmente para a parte final.

Falando sobre a edição em si, ponto positivo para o projeto gráfico. Essa capa em amarelo ouro é muito bonita e evoca muito bem a atmosfera de calor intenso, de uma Itália essencialmente rural, que se vê nas páginas. Não há erros ortográficos, o espaçamento é padrão e o papel é de boa qualidade e gostoso ao toque.

Por fim, recomendaria esse livro para todos que tiverem estômago pra mexer com temas sensíveis. Um livro difícil de discutir sem revelar o enredo. Ammaniti, em um sentido incomum, escreveu um thriller psicológico convincente e criou uma história que não termina com a página impressa, mas dentro da própria imaginação do leitor.

Leva 4 de 5 estrelas.
Débora 13/02/2023minha estante
Resenha sensacional!?


edu basílio 13/02/2023minha estante
puxa, deu vontade, rods :-)




spoiler visualizar
Aline Stechitti 20/12/2012minha estante
Eu sou apaixonada pelo filme, agora me deu mta vontade de ler o livro, bela crítica ;)




Dudu Menezes 24/02/2021

Uma lição sobre empatia narrada em ritmo alucinante
Como disse, agora há pouco, ao concluir a leitura, se eu tivesse que resumir em uma palavra esse livro seria: ANGUSTIANTE!

A história se passa em um minúsculo povoado, ao Sul da Itália, onde faz um calor insuportável. Um grupo de seis crianças costuma brincar pelos arredores do povoado, no momento em que uma descoberta muda tudo na vida do protagonista, que narra a história 20 anos depois.

É um livro que, se você tiver tempo, lê de uma vez só. Terminei de ler com as mãos suando e nauseado. Vale muito a leitura pela reflexão que provoca sobre afetos, prioridades e limites. O ser humano colocado à prova pelos seus desejos mais primitivos de ganhos pessoais. Você faria aos outros o que não quer a si mesmo? Você é capaz de se colocar no lugar dos outros?
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Marcus.Santana 05/07/2023

História macabra contada através dos olhos de um garoto.
Um livro surpreendente, escrito com mestria, nos permite mergulhar na mente e sentimentos de uma criança - um exercício belo e que fisga o leitor. Essa obra ainda é pouco conhecida por aqui.
A história acontece em uma pequena cidade da Itália, onde o garoto Michele vive com sua humildade família. Em meio às brincadeiras com as demais crianças do vilarejo de Acqua Traverse nos anos 70, Michele acaba se deparando com um segredo extremamente sombrio. Um segredo que vai transformar sua vida em um grande pesadelo, além de desafiar todas as convicções que tinha na vida.
Pelos olhos de um menino de nove anos, extrai-se o valor da verdadeira amizade e a dor da decepção. Como não se comover com o sacrifício alheio? Como encarar o fato de que às vezes aqueles em quem mais confiamos são os primeiros a nos desapontar? A verdadeira face de quem nos cerca nunca é o que parece. Por trás de um sorriso há sempre intenções que desconhecemos. E essa descoberta pode ser muito dolorosa.
O maior mérito do autor Niccolò Ammaniti é levantar questões perturbadoras, diante da ética típica de uma criança, fazendo-nos perceber as raízes de nossa própria moralidade.

Belo e triste ao mesmo tempo, "Não tenho medo" é um excelente livro sobre a infância, sobre valores, sobre humanidade ou a falta dela. É um livro curto, sem muitos rodeios, mas não menos marcante. E o final do livro muito bem escrito. Tudo termina de repente, mas de modo perfeito.
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Tah_baddauy 14/12/2020

Leitura envolvente e fluída, mas achei o final muito lacônico.
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Ricardo 06/03/2021

Infância versus humanidade (ou a falta dela).
Por incrível que pareça, essa belíssima obra ainda é pouco conhecida por aqui. A história acontece em uma pequena cidade da Itália, onde o garoto Michele vive com sua humildade família. Em meio às brincadeiras com as demais crianças do vilarejo de Acqua Traverse nos anos 70, Michele acaba se deparando com um segredo extremamente sombrio. Um segredo que vai transformar sua vida em um grande pesadelo, além de desafiar todas as convicções que tinha na vida.

Belo e triste ao mesmo tempo, "Não tenho medo" é um excelente livro sobre a infância, sobre valores, sobre humanidade ou a falta dela. É um livro curto, sem muitos rodeios, mas não menos marcante.
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Clarispectiana 17/12/2023

"Não tenha medo" me fez mergulhar fundo na história. Logo nas primeiras páginas as imagens ficam fortes no seu pensamento, é como se estivesse lendo um filme.

Simplesmente incrível essa sensação.

História com narrador criança incrível. Leiam ?
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Paulo Sousa 12/03/2020

Não tenho medo
Lista #1001livros ?
Título lido: Não tenho medo
Título original: Io non ho paura
Autor: Niccolo Ammaniti
Tradução: Roberta Barni
Lançamento: 2001
Esta edição: 2003
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 208
Classificação: 3/5
?????????????
"- E onde estamos então?
- Num lugar onde a gente espera.
- E o que a gente espera?
- Ir para o paraíso? (pág. 137).
.
Pelos olhos de um menino de nove anos, extrai-se o valor da verdadeira amizade e a dor da decepção. Como não se comover com o sacrifício alheio? Como encarar o fato de que às vezes aqueles em quem mais confiamos são os primeiros a nos desapontar? A verdadeira face de quem nos cerca nunca é o que parece. Por trás de um sorriso há sempre intenções que desconhecemos. E essa descoberta pode ser muito dolorosa.
.
Tal realidade, despida de eufemismos, percebida pelo pequeno Michele, o nosso personagem e narrador de ?Não tenho medo?, à medida que o livro avança, termina por arrancá-lo do universo ingênuo que o envolve, fazendo-nos cúmplices de sua angústia, de seu esforço e de sua esperança de que tudo termine bem.
.
O livro traça uma quase trágica história num pequeno vilarejo no sul da Itália. Tendo como pano de fundo a Itália dos anos 70, é uma história curta mas pungente. Atinge o leitor de modo certeiro, tornando impossível largar o livro. Eu mesmo li quase de uma sentada, tamanho o desejo de ver desvendado o suspense que o livro vai construindo. Suas duzentas e poucas páginas, escritas com um bom dinamismo, contêm os elementos essenciais para tornar a leitura fluida. O maior mérito do autor Niccolò Ammaniti não está exatamente no enredo do livro, mas em levantar questões perturbadoras, diante da ética típica de uma criança, fazendo-nos perceber as raízes de nossa própria moralidade. É impossível não indagar a si próprio ?o que eu faria no lugar do pequeno Michele??
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E o final do livro? Talvez seja um dos melhores que já tenham sido criados. Evitando estragar a surpresa, dá para dizer que Ammaniti é mestre em criar suspenses e situações que vão se tornando cada vez mais urgentes. É exatamente o que ocorre no fim de ?Não tenho medo?. Página a página o leitor sente o fôlego roubado, como se as letras e linhas impressas o agarrassem pelo pescoço. E tudo termina de repente, mas de modo perfeito. Mais não digo para não estragar a saga de quem queira ou tenha a oportunidade de lê-lo, mas adianto que, apesar de causar-me estas reflexões, dificilmente é um volume que eu leria, por faltar, em minha modesta opinião, um estofo mais robusto, mais profissional. Paciência.
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Amanda.Cristina 08/04/2020

A perda da inocência
O livro explora as concepções de mundo de um menino, que aos poucos vai descobrindo as duras realidades da vida.
Acompanhamos as relações entre as crianças e entre pais e filhos, para quem teve uma infância de passar o dia em "aventuras" com amigos na rua, provavelmente vai perceber semelhanças em algumas dinâmicas. Apesar de ter como centro um personagem na fase da infância, não o considero um livro infantil, me prendeu o tempo todo, aquele tipo de leitura que não se esquece rapidamente!
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Nani 21/07/2012

Não é tão apavorante.
Antes de ler este livro uma pessoa me disse que lembrava "O menino do pijama listrado".
As semelhanças iniciais são o fato de que é a historia de um menino quando criança. A relação do menino com o pai é meio inexistente como a do outro livro.Ele conhece um outro menino em situações inusitadas, e há muito mais acontecendo do que ele entende e percebe.
Na verdade, pelo que eu entendi, ele conta a história quando adulto, mas as vezes usa a linguagem da ápoca de criança. Não ficamos totalmente sem noção do que é, mas eu fui pega de surpresa ao saber o que era. E a coisa em questão não era tãoooo horrorosa quanto ao que acontece no "O Menino...".
Não achei surpreendente e pra falar a verdade me chateei com a historia da metade para o fim. O "medo" da historia não ficou tão claro para mim. O fim não ficou claro. E o tema principal para mim - a destruição da imagem de pai herói que temos quando criança - foi mal explorada.
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Beto Bavutti 17/10/2019

Tensão e suspense num livro surpreendente.
O autor italiano nos conta uma história que gira em torno de 6 crianças, Michele (o protagonista) e sua irmã Maria, Remo, Salvatore, Antonio (Caveira) e Barbara que moram na cidade fictícia de Acqua Traverse, próximo a Lucignano, Itália.
O vilarejo conta somente com 4 ou 5 casas escondidas em meio à zona rural, local destinado à monocultura do trigo, com vastas plantações onde as crianças passam o tempo andando de bicicleta ou apostando corridas em meio aos pés de trigo.
Caveira, o menino mais velho, é o líder do pequeno grupo e responsável por aplicar o pagamento de castigo aos perdedores das corridas.
Um certo dia resolvem apostar uma corrida até o topo de uma montanha um pouco distante de Acqua Traverse. Todos correm até o cume e acabam se deparando com uma casa abandonada e praticamente em ruínas. A pequena e gordinha Barbara é quem perde (como sempre), mas Michele, ressentido por sempre vê-la perdendo, assume seu lugar e resolve pagar o castigo que é entrar na casa abandonada enquanto os outros aguardam do lado de fora.
Michelle então entra na casa, percorre caminhos perigosos, paredes caindo, teto desabando e termina seu trajeto no lado posterior da casa onde se depara com um buraco na terra, tampado por um velho colchão. Ao retirar o colchão um segredo é revelado.
Contar qual é o segredo seria spoiler que estragaria toda a experiência da surpresa.
O que posso contar é que, a partir da revelação desse segredo, o livro cresce em suspense numa trama muito bem elaborada e verossímil.
Indico MUITO esse livro. O final é verdadeiramente triste e melancólico, fazendo pensar.

https://youtu.be/fK6Y-Ld8Y8s
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Carina109 27/06/2022

Eletrizante
Não consegui largar o livro enquanto não acabou. Surpreendente, eletrizante, desesperador. Recomendo.
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