Sete Mitos da Conquista Espanhola

Sete Mitos da Conquista Espanhola Matthew Restall




Resenhas - Sete Mitos da Conquista Espanhola


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Tori 23/04/2022

História
Li esse livro em um dia e achei muito muito bom!
A pesquisa do Restall é bem instigante, ele aponta diversos mitos da conquista e da nossa visão de conquista. Recomendo demais pra quem gosta de história da América latina como eu gosto! :)
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Tiago 13/04/2012

A [des]Construção do Mito
A [des]Construção do Mito
Tiago dos Santos Antunes – Graduando do curso de Engenharia Elétrica pela Universidade do Vale dos Sinos – UNISINOS-RS
RESTALL, Matthew. Sete Mitos da Conquista Espanhola, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2006.
A história da conquista espanhola tem sido mal interpretada e difundida ao longo do tempo com inexatidões que com o trabalho do historiador Matthew Restall podem ser relidas, repensadas e resinificadas. E isso se deve porque o autor domina plenamente as fontes consultadas e, além das ditas originais e “verdadeiras”, domina também as ditas não originais, as “sem valor” (as que não trabalham o eurocentrismo), que são as de visão nativa. Os nativos viram e interpretaram os acontecimentos que os envolveram. Restall busca entender essa visão nativa relendo e interpretando velhas fontes primárias que ele mesmo busca fazer traduções. E a partir destas traduções verifica que velhos paradigmas podem e devem ser quebrados, como o da bravura espanhola, na crença de que os espanhóis eram tidos como deuses, que apenas poucos espanhóis subjugaram milhares de nativos e etc. Com essas novas releituras entende-se que o quê os espanhóis viram foi muito difícil para que eles próprios (naquele momento) conseguissem descrever (e que na posição de “conquistadores” deveriam eles levar o mérito de tal bravura e coragem). Viram que o mundo nativo era bem mais complexo do que uns simples aldeamentos e agrupamentos humanos. Fato este que tendenciou para que se fizessem inadequações tentando achar comparativos no “velho” mundo, aplicando assim descrições europeizadas do “novo” mundo e difundindo-as. Dos complexos populacionais nativos e sua estrutura os espanhóis relatam o que viram e o que fizeram nas Américas, moldando-se, inevitavelmente, aos conceitos e linguagens de sua própria cultura, gerando “mitos” de sua própria superioridade.
A critica de Restall sobre a história da conquista é embasada em dois pontos: como é contada e como foi contada a história da conquista. Sabendo-se que a objetividade perfeita é uma impossibilidade o que fazer? Buscando a desconstrução destes mitos, das personagens e seus eventos para abrir uma brecha para novas releituras como o próprio autor coloca.
A noção do papel decisivo desempenhado pelos aliados africanos orientais e nativos dos espanhois enriquece a história da conquista e ajuda a explicar seu desfecho. As revelações de que a maioria dos conquistadores não eram soldados e de que os americanos nativos não acreditaram que os invasores espanhóis fossem deuses levantam a necessidade de investigar o emaranhado de fontes que produziram tais equívocos ao mesmo tempo que possibilitam leituras alternativas.
RESTALL, 2006, p. 17-18.
Destas leituras alternativas das velhas e novas fontes, mas com um olhar desconstrutivo, pode-se distanciar o mito (o que foi contato e escrito) do fato histórico real (o que aconteceu em suma) e assim deseuropeizar a visão de conquistador bravio e superior que se tem até hoje do espanhol. Ainda destas releituras criticas sabe-se que os espanhóis tiveram seu papel principal dividido com os africanos que levaram para as Américas e com os nativos que aliaram-se a eles. Só há a “conquista” porque houve o auxílio destes, pois, à época haviam poucas armas e além disso não funcionavam bem na umidade tropical, ao levarem animais desconhecidos para o “novo” mundo (cachorros, cavalos) conseguiram amedrontar os nativos e imporem-se. Esta contradição sobre o que aconteceu e o que se diz que aconteceu é a temática de Restall. Ele cita o antropólogo Michael-Rolfh Trouillot dizendo que há “duas historicidades” (RESTALL, 2006, p.18) a falsa e a que vai além. E que está ciente que ele próprio sofre influência dos conceitos e liguagens de sua própria cultura. Uma mentira sempre traz algo de verdadeiro. Todo mito traz algum fato histórico em seu emaranhado e cabe ao historiador penetrar e peneirar o mito até que sobre apenas o grão da “verdade” (ou das verdades) e do real. E esse real e verdade tem infinitas possibilidades interpretativas o que faz do fato, do momento, um mito e do mito um fato histórico. Parafraseando Valle Inclán toda cena é bem mais bonita quando recordamos, não tal como a vemos neste momento. Por isso a interpretação histórica de mito, fato histórico, verdade(s), falsidade(s), o que é, o que foi, o que se contou, o que se publicou, porque se publicou, quem publicou, quando publicou, deve ser estudada, relida e desconstruída para que de pequenos fragmentos extraíam-se grandes fatos, reais, históricos.
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