gleicepcouto 25/05/2012Menos é maiswww.murmuriospessoais.com
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A graphic novel O Gosto do Cloro (LeYa/Barba Negra) é o primeiro trabalho de destaque do francês Bastien Vivès, que já publicou mais de 15 álbuns. A obra já foi editada para vários países e ganhou o prêmio de revelação no Festival d'Angoulême de 2009 (evento francês dentre os mais relevantes para as histórias em quadrinhos na Europa).
Recentemente, seu álbum Polina ganhou tanto o prêmio dos livreiros quanto o grand prix da crítica, e também começa a circular o mundo. É torcer para que chegue aqui.
Em O Gosto do Cloro, Bastien conta a história de um rapaz que sofre de escoliose (desvio na coluna vertebral) e que, por indicação de seu fisioterapeuta, começa a praticar natação para tenta minimizar seu problema.
Ao chegar no ginásio, após uma adaptação ao local e ao esporte (ele quase desistiu), ele conhece uma garota que nada muito bem - diferente dele, que sabe o basicão. A princípio, fascinado pela menina, somente a observa. Até que um dia, quando seu amigo vai nadar com ele, esse amigo puxa papo com a tal garota. Ele fica enciumado, claro. Mas nos dias seguintes consegue se aproximar dela e, aos poucos, vai tratando da sua escoliose e também de seu coração.
Lendo a sinopse, pode não parecer, mas se for resumir o livro em uma palavra, seria: genial. Apesar de Vivès ser famoso no meio, eu não conhecia o seu trabalho. Mas posso dizer, sem sombra de dúvidas, que todos elogios que recebe são merecidos.
Ele desenha com detalhes absurdos, expressões únicas. São tão verossímeis que não tem como não entrar na história. Eu nadava junto com o protagonista, me entediava com ele nas primeiras braçadas, e depois me animava quando pegou o jeito da coisa.
Os pontos de vista que Bastien desenha são diversos e meticulosamente estudados. Quem pratica natação, com certeza vai perceber isso. Às vezes, somos apresentados a pontos de vistas do protagonista, às vezes externos a ele, fazendo com que a história flua de maneira abrangente.
Os movimentos dos personagens são perfeitos. Vivés tem uma noção muito grande de anotomia e movimento do corpo. Assim como sabe dosar nas cores utilizadas. São poucas e em tom pastel - o que dá um ar de intimidade e introspecção ao ambiente.
A graphic novel possui poucos diálogos e é aí que está o barato: o silêncio entre os desenhos se comunicam com o leitor. Nem de nomes precisamos. É isso mesmo: em momento algum da história existe a menção dos nomes dos personagens. Isso faz com que a identificação seja palpável e, principalmente, mostra como a comunicação não-verbal cumpre seu papel muito bem.
A história em si é simples, mas Bastien consegue deixá-la extraordinária e prova por A+B que menos é mais.
O Gosto do Cloro (Le Goût du Chlore)
Autor: Bastien Vivès
Editora: LeYa
Ano: 2012
Páginas: 143
Valor: $40 a $50
Avaliação: Simplicidade extraordinária