The Casual Vacancy

The Casual Vacancy J.K. Rowling




Resenhas - The Casual Vacancy


29 encontrados | exibindo 16 a 29
1 | 2


Psychobooks 07/03/2013

Classificado como 3,5 estrelas
(resenha feita pela colaboradora Sabrina Inserra)


Antes de começar a falar sobre o livro de fato, cabe um adendo: eu sei que vocês já sabem disso, mas nunca é demais enfatizar: esqueçam Harry Potter!!!! Essa história não tem absolutamente nada a ver com a saga que tanto amamos nem no conteúdo, nem na escrita! Aliás, já fica a dica de que o livro não é indicado para menores! (Sério, já teve gente que me perguntou e eu não aconselho. Tanto pelo conteúdo de violência, sexo e drogas, quanto pela escrita mesmo... Se você está na faixa dos 12 aos 15, 16... Espere mais um pouquinho!)

Tendo dito isso, também vale dizer que quando ouvi falar sobre o lançamento de The Casual Vacancy fiquei com um pé atrás. Não queria criar muitas expectativas e tinha até um certo receio do que leria. E foi melhor assim! Consegui desvincular uma coisa da outra e focar apenas no livro!

A história se inicia no dia fatídico da morte de Barry Fairbrother. O fato de ele ser um dos cidadãos mais queridos de Pagford já poderia ser uma tragédia por si só... Mas o acontecimento tem um agravante: Barry era um membro do Conselho da cidade e a vaga casual deixada por sua morte vai ser o estopim para uma verdadeira disputa política entre os moradores da região.

E que moradores! Um dos fatores que fizeram este livro ser bastante abandonado foi justamente a forma com que a autora foi introduzindo os personagens na história. Visualizem: Pagford é uma microcidade, com poucos habitantes. Porém, em vez de irmos os conhecendo aos poucos, ao longo da narrativa, já somos apresentados a todos de uma vez sério, acredito que as primeiras 50, 60, ou 70 páginas iniciais se resumem à introdução de cada um, com direito a família, filhos, profissão e, é claro, a sua reação à morte de Barry. Isso tornou a primeira parte do livro um tanto maçante.

Aliás, a impressão que tive é que essa cidadezinha não possui uma única alma que se salve, digamos assim. Se por um lado as suas complexidades, duplicidades e segredos fazem com que eles se aproximem bastante da realidade, por outro passam um sentimento de desilusão na humanidade. Não sei vocês, mas a imagem mental que fiz deles são de pessoas constantemente frias e infelizes (me julguem). Cabe aqui uma curiosidade que percebi logo no começo: o trocadilho com o nome do morto: Fair (justo) brother (irmão)... Já é meio que uma pista, afinal, pelo que vamos percebendo ao longo da leitura, ele era uma das poucas pessoas gentis e legais da cidade.

E talvez seja justamente por isso que os outros personagens sofrem um impacto tão grande com a sua morte... A cidade acaba se dividindo entre aqueles que admiravam Barry e lutam pelos seus ideais e por aqueles que, por causa de disputas políticas, o execram.

Mas, para que vocês possam entender melhor esse racha, vale a pena dar uma contextualizada. Entre as fronteiras de Pagford e Yarvill (a cidade vizinha que é vista basicamente com desprezo pelos pagfordianos) existe uma região chamada Fields. Ali acabou se concentrando a parte da população vista como a escória: drogados, desempregados, bandidos, pessoas que vivem apenas com o subsídio do governo... É claro que o rótulo não serve para todo mundo, mas ele já é o suficiente para que as duas cidades fiquem uma empurrando a responsabilidade do lugar para a outra. Atualmente ela faz parte dos domínios de Pagford, mas o Conselho, liderado pelos Mollison, quer devolvê-la para Yarvill. Já a corrente defendida por Barry e sua turma é a de que em vez de se abster da responsabilidade pelo local, a cidade deve realizar medidas sociais e integrar os moradores da região à sociedade. Mas, com a morte de Barry o seu lugar ficou vago e é claro que os dois lados querem colocar uma pessoa com o seu ponto de vista no lugar!

Acho que já deu pra perceber a disputa, certo? Mas, se você está esperando por uma batalha épica pelo poder no estilo de Game of Thrones, vai ficar desapontado. Em The Casual Vacancy esse entrave vai se dando de forma bastante diluída e até um pouco arrastada. São muitos detalhes, muitas cenas cotidianas, muitos conflitos pessoais.

Como já disse anteriormente, o principal trunfo da narrativa é a verossimilhança com o mundo real. É inegável o trabalho que a autora teve na construção dos personagens e na representação das suas personalidades. Uma coisa que eu achei bem interessante foi que, apesar de a história ser contada por meio de diversos pontos de vista e em terceira pessoa, os personagens não escondem nada: seus medos, suas loucuras, suas obsessões e psicoses estão ali, destrinchados para todo mundo ver.

Porém, apesar disso tudo, não consegui ser fisgada pelo livro. Não me entendam mal, não é um livro ruim. É muito bem escrito, aprofundado, construído... Mas não possui aquela centelha viciante, que nos faz perder noites em claro, curiosos para saber o que vai acontecer. Em alguns momentos tive que me forçar a virar as próximas páginas mais por uma questão de preciso terminar do que por estar com vontade de ler. Mas, apesar disso, me surpreendi bastante com o final! Não esperava pelo que aconteceu!

A impressão que tenho é a de que, na tentativa de provar que pode escrever algo completamente diferente de Harry Potter, a J. K. Rowling acabou forçando um pouco a mão e carregando em partes desnecessárias. Continuo a admirando e gostando muito de sua escrita mas, infelizmente, The Casual Vacancy acabou não entrando no rol dos meus favoritos. Vamos ver o que virá a seguir...!

""Ah", said Howard. "Well now. That's the question, isn't it? We've got ourselves a casual vacancy, Mo, and it could make all the difference"."
comentários(0)comente



Dani 16/02/2013

Mais uma vez J.K Rowling me mostra do que é capaz . Talento , habilidade de mexer com a emoção , boa escolha de palavras e uma lição de moral no final de um livro triste , mas que acelerou meu coração de um modo que não é comum .
A cidade de Pagford me parece com o mundo real , como as pessoas realmente agem e Joanne ao escrever me deixou com uma pergunta na cabeça , como ajudar ? Precisamos de ajuda , todos nós . Terri precisava de ajuda . Krystal precisava de ajuda . Robbie ... Nem se fala . E a única pessoa capaz de estender uma mão , Barry Frairbrother , morta . O livro é de quebrar o coração .
Não chorei lendo , mas agora ao lembrar as linhas finais me parece que nunca li algo tão forte antes . Mexeu muito com meu emocional . Todos nós temos responsabilidades perante a sociedade . Todos nós precisamos de outras pessoas . Todos nós sofremos e vemos coisas como The casual vacancy se tornarem realidade sem fazer nada . Precisamos mudar isso . Grande J.K Rowling , já tinha minha admiração , mas agora conseguiu mais ainda .
comentários(0)comente



Igor Moretto 09/10/2012

Autenticidade: Jo Rowling, palavrões e reflexões
Quem está acostumado com a linguagem, os temas e os interesses que J.K. Rowling transpassa na série Harry Potter com certeza não se familiarizará com as novas intenções da autora. Um fuck aqui e outro bitch ali nos fazem perceber que uma discussão quanto a uma clínica de re-habilitação de usuários de drogas não é tão diferente assim do que se discute no mundo real, principalmente com personagens calorosos, e que, de uma forma ou de outra, vão conseguir atingir o mais profundo pensamento filosófico que já passou na cabeça de cada leitor.

Fats, pra mim um dos personagens mais chamativos do livro, nos leva por uma viagem intelectual que nunca se fez presente em nenhuma obra da onisciente narradora e esplendorosa escritora J.K. Rowling, que parece conhecer como ninguém o que se passa na mente de um adolescente. Fats sente um comprometimento com a autenticidade que muitas vezes passa pela nossa cabeça quando discutimos com nossos pais ou tentamos avaliar nossos méritos. É como ver minha mente retratada no papel, com um nome (ou apelido), inclusivo os pontos mais autênticos da adolescência e que, talvez, pareçam, a nossos olhos, as melhores experiências da vida: o experimento, a dúvida, a necessidade pela certeza e pela autenticidade. Por mais que com Krystal Weedon Fats pareça fugir de seus conceitos.

Krystal, a personagem que liga todos os outros. Odiada por muitos e amada por poucos, pois é assim que é no mundo real, e é isso que a autenticidade demanda. Krystal demonstra através de muitos pontos e personagens o ponto negativo da fofoca, da especulação, do interesse na vida dos outros pelo simples prazer de ter no que falar. Ela demonstra que por mais que é odiada, tem um amor gigantesco pelo irmão e pela mãe viciada. Mostra que cada um tem seu valor, que cada um tem suas coisas preferidas, seus amores, seus ódios, suas singularidades. Mostra que tudo o que cada um tem não merece ser avaliado por bocas preconceituosas e fofoqueiras.

As fofocas, que são o ápice do final do livro, nos levam a certo entendimento e nos fazem pensar até onde podem chegar as verdades explícitas e as mentiras aumentadas. O prejuízo que isso causa e que parece não transparecer. Para citar um trecho do livro: “...todos parecem compreender tudo o que acontece dentro da casa daquele que é facilmente alvo de julgamentos, mas é nesse momento que perdem a verdade do que acontece dentro de suas próprias casas.”

The Casual Vacancy (Uma Morte Súbita) nos faz refletir sobre as nossas atitudes, nos faz pensar no que fazemos ao julgar os outros, nos faz querer entrar em concordância com um mundo que não está em concordância com sigo mesmo. Nos faz perceber que a meta, que naturalmente sempre é a perfeição, na maioria dos casos não é alcançada e acabam indo para um ponto onde a perfeição é supérflua e tudo que existe pra quem vê de longe por desmoronar a qualquer momento, com um pequeno e revelador post no site da comunidade. J.K. Rowling nos faz refletir por meios únicos, assim fez em Harry Potter, e assim está fazendo em The Casual Vacancy.
comentários(0)comente



nathiconti 04/01/2013

JK não é JK sem matar personagens que gostamos. Gostei bastante do livro. Como tinha previsto, a primeira metade dele é mais parada para que conheçamos bem os personagens para que suas ações futuras façam sentido. Adoro como nós conseguimos visualizar cada um deles e como eles parecem muito reais. Quem não tem uma tia Shirley na vida? Também gosto da narrativa da JK, mudando de narrador a todo momento, sem nos confundir. A obra é muito verossímil e não traz nenhum grande plot twist (fora a parte do ghost), mas mesmo assim nos prende, principalmete no final. Isso acontece justamente por essa primeira parte do livro. Nós nos apegamos aos personagens o suficiente para nos importarmos com o que acontece em suas vidas e não somente com grandes reviravoltas mirabolantes. Ainda gostaria que a o começo tivesse sido um pouco mais animador, mas como o ritmo é justificável, tudo bem. "Good girl gone bad, take three, action
comentários(0)comente



Adan 28/12/2012

Um novo lado de JK Rowling
Terminei ontem mesmo de ler e acho esse livro um dos melhores de JK Rowling. Eu sou potterhead e acho que até a lista de compras que ela escreve deve ser perfeita mas esse me surpreendeu. Ele é mais ágil, já que ela tem só 503 páginas para apresentar os personagens e desenvolver as histórias, e não 7 livros. E na minha opinião ele é muito surpreendente (deve ser pelo fato de que em Harry Potter, graças aos filmes, eu já sabia tudo o que ia acontecer nos livros na hora que as situações chegavam, com The Casual Vacancy não tem isso).
É um livro maravilhoso tanto pela história quando esteticamente: tem uma capa dura linda, um papel rico, letras grandes... nem me interessei muito por ler a tradução.
Eu sou potterhead, mas não me limito a ser fã só dos livros e filmes como de todo elenco e principalmente da autora.
Agora vou fazer uma confissão: JK é uma assassina fria. Ela nos faz amar os personagens e puf, os mata. Não vou falar quem são porque seria spoiler e eu não quero estragar a leitura de ninguém, mas ela continua cruel. Como por exemplo o que ela foi com o Dobby e Fred Weasley. Ela me fez me apaixonar pelos personagens e os mata (inclusive minha personagem favorita, que não posso falar quem é porque seria spoiler).
É um livro maduro, realista, e que nos faz pensar e repensar em várias coisas do nosso dia a dia.
Se ainda não leram, leiam! É um novo lado de JK Rowling mais ácido e mais maduro que eu amei conhecer.
comentários(0)comente



Mari 15/11/2012

É inegável uma certa expectativa sobre o primeiro livro fora do universo do Harry Potter e completamente oposto à história que consagrou J. K. Rowling.

Mas sinceramente acho que o livro não entraria nem na lista dos best-sellers se não tivesse o nome da autora. Demorei um pouco mais de um mês para terminá-lo, simplesmente porque a história não te prende, não tem um clímax, não te faz perguntar "e agora, o que acontece?".

Nennhum personagem é carismático, são todos falhos e com problemas de relacionamento em suas respectivas famílias. É o garoto problemático adotado por um pai perturbado e uma mãe que tenta pôr panos quentes na relação entre os dois; uma indiana que sofre bullying (do menino adotado) na escola e é vista como a 'ovelha negra' pela mãe que não lhe dá carinho; uma garota-problema que tem a mãe viciada em heroína e tem que cuidar do irmão mais novo; uma mulher casada insatisfeita com sua vida; um cara que é apaixonado pela viúva do seu melhor amigo; e outros personagens dignos de uma novela das 21h.

Não sou falsa moralista, mas achei desnecessário o estupro e o sexo no cemitério. É p/ chocar? O máximo que pensei foi "WTF?"..

Enfim, as duas estrelinhas são pela consideração à autora que criou a melhor história da minha adolescência.
comentários(0)comente



Jojo 06/11/2012

A Presença em The Casual Vacancy
E o que é essa tal de Casual Vacancy?

A história começa com a morte de Barry Fairbrother, conselheiro da paróquia de Pagford, no interior da Inglaterra. Sua morte gera, como explicado no início do livro uma casual vacancy, ou seja, uma vaga aberta no conselho.

Mas não é disso que o livro trata. A partir das reações a morte de Barry e as atitudes dos personagens nos dias seguintes a esse evento, Rowling apresenta uma análise profunda do comportamento humano além de mostrar como uma única vida atinge a tantas outras e as consequências das escolhas de cada um.

A história é contada a partir do ponto de vista de 17 personagens. Todos eles com suas consciências e um certo nível de envolvimento na história de Barry Fairbrother e seu, agora, vazio espaço no conselho.

A incomum vida comum

Na verdade, não existe realmente uma história grande por trás do livro, um enredo. São somente os personagens, seus pensamentos, suas relações, seu cotidiano. Mas é exatamente aí que está a pérola do livro. A construção magistral de cada um dos 17 personagens principais (e mais alguns secundários).

Em termos de enredo, temos basicamente o seguinte: Pagford é uma cidade muito pequena que responde ao maior distrito de Yarvil, vizinho da cidade. Algumas décadas antes, Yarvil deu uma enganada em Pagford e desenvolveu um bairro pobre que acabou como responsabilidade de Pagford, com todas as suas crianças mal educadas e seus viciados em drogas. Agora, Pagford tem a oportunidade de devolver esse bairro para Yarvil. Fairbrother, que nasceu e cresceu nesse bairro sabe os benefícios que ter oportunidades pode dar para pessoas destituídas e quer manter o bairro em Pagford que, como cidade pequena, tem mais possibilidade de dar atenção a essas pessoas. Uns apoiam, outros não. Com sua morte, como fica?

Não parece muito, né? Mas, quando entramos na mente dos personagens, dos envolvidos nessa politicagem, muita coisa acontece. Sentimentos bons, sentimentos nobres e, principalmente, sentimentos horrorosos são mostrados, sem nenhum pudor.

A resenha ficou imensa. Pode continuar lendo em: www.asletras.com.br
comentários(0)comente



Tercetto 25/11/2012

"Morte, que talvez seja o segredo dessa vida."
J.K. Rowling mostrando que é uma ótima escritora para um público bem diferente do começo de Harry Potter. Aliás, nada da saga do bruxinho está presente aqui. Outro mundo, totalmente diferente. O mundo real, cruel, onde injustiças são cometidas e não há um barbudo montado numa moto voadora pra ajudar.

O assunto MORTE é muito presente aqui e mais marcante, pois a sensação de que isso pode acontecer (e provavelmente está acontecendo, em algum lugar do mundo) é real, física. Ficamos tristes quando perdemos herois e personagens que nos acompanharam a tanto tempo, morrendo em batalhas épicas em Harry Potter. Mas a tristeza que bate quando a velha companheira morte chega em Pagford é algo mais sentido.

Enfim, J.K. Rowling continua mostrando sua genialidade, não importa o assunto. Perfeito.
comentários(0)comente



Thaise 16/11/2012

Logo que fiquei sabendo que J.K. Rowling ia lançar um livro, me animei e fiquei contando os dias para ele ser lançado; porém logo que o lançamento aconteceu li péssimas críticas sobre o livro, e como o meu ainda não havia chegado, fiquei com um pé atrás como livro, antes de ler, com um não, com os dois!

Quando o livro chegou resolvi ler com calma para apreciar a história e para ver se era tão ruim como muita gente tinha falado; e surpreendentemente começei a me envolver com a leitura e com os personagens, não achei o livro cansativo; para quem está pensando em ler associando com Harry Potter esqueça, nesse livro encontramos a escrita da J.K. Rowling mais intensa, cheia de gírias, palavrões, cenas fortes; gostei muito como ela trata o drama individual de cada habitante da cidade. Nesse livro nos deparamos não só com a vida do povo de pagford, mas também dos habitantes de um povoado que fica entre pagford e a cidade vizinha de yarvil, esse povoado é referido com “fields” no livros, e é lá que se encontra os viciados em drogas, e a personagem que mais mexeu comigo: Krystal, ela é uma personagem forte, que vive com a mãe drogada e um irmão de apenas 3 anos que vive nesse ambiente precário que é a casa deles.

Com esse livro Rowling mostrou atravésde um drama o lado ruim dos habitantes, como também o lado frágil, o egoísmo, e até onde eles podem ir para conseguir o que querem, sem ter respeito pelo próximo....


http://igotlostinpages.wordpress.com/2012/11/16/resenha-the-casual-vacancy/
comentários(0)comente



Czar 05/10/2012

A interna batalha de Pagford
The Casual Vacancy é uma ruptura no estilo de Rowling que, em seu primeiro romance após a série Harry Potter, nos traz uma trama repleta de “problemas de gente grande”, além de palavrões, violência, sexo, drogas e Rihanna. A narrativa é pujante e imediata. O ponto de vista varia com incrível facilidade, sendo que um mesmo parágrafo pode conter pontos de vista de mais de um personagem, tudo muito bem conduzido por um narrador onisciente.

Na história, Barry Fairbrother morre inesperadamente deixando vago seu cargo no conselho administrativo da charmosa cidadezinha de Pagford, que está para decidir o futuro de um bairro problemático e de uma clínica de tratamento de dependentes químicos, assuntos que, segundo alguns, deveriam estar nas mãos da cidade vizinha, Yarvil. A família Mollison, tradicional e exemplar, lidera esta opinião e não vai economizar esforços para atingir seus objetivos. Lutando contra mudanças estão os amigos de Fairbrother, com destaque para Parminder Jawanda e Colin Wall, que defenderão os desejos e o legado do falecido. Mas nem tudo é o que parece em Pagford. Uma verdadeira guerra está acontecendo em todas as áreas: existem brigas de classes, disputas familiares, problemas individuais e muitos outros conflitos que, mais cedo ou mais tarde, acabam emergindo, saindo da esfera privada para a esfera pública, causando traumáticas consequências.

A trama é conduzida a conta-gotas, percebem-se ótimas escolhas da quantidade de informação a ser transmitida sobre cada personagem e em que momento isso se dá, algo que mexe positivamente na nossa percepção sobre os indivíduos da narrativa. Rowling, que é uma mestra no desenvolvimento de personagens, vai desconstruindo e mostrando ao leitor o lado mais sombrio de cada um ali. Tempestades internas viram furacões a partir do momento em que os segredos deixam de ser segredos. Como os cidadãos de Pagford lidam com informações destrutivas sobre seus vizinhos e conhecidos? Como cada um lida com seus demônios? Analisando os acontecimentos, o inferno são os outros ou o inimigo está dentro de cada um de nós? E ainda: qual a parcela de culpa e responsabilidade de cada cidadão na sociedade? Para esta última pergunta a resposta da autora é clara e óbvia: todos são responsáveis por tudo e por todos, direta ou indiretamente.

Com The Casual Vacancy testemunhamos a versatilidade da autora e sua capacidade de manter uma narrativa sólida também num mundo realista (aliás, existem pessoas que não recebem a carta de Hogwarts!). J. K. Rowling é, de fato, uma das grandes storytellers de nosso tempo.
comentários(0)comente



Si 13/12/2012

ϟ THE CASUAL VACANCY - quotes (citações)
"Their reward for enduring the awful experience was the right to tell people about it."
"A recompensa por vivenciar uma experiência horrível é o direito de contar as pessoas sobre ela."


"Kay had read the file from cover to cover. She knew that nearly everything of value in Terry Weedon's life had been sucked into the black hole of her addiction; that it had cost her two children; that she barely clung to two more; that she prostituted herself to pay for heroin; that she had been involved in every sort of petty crime; and that she was currently attempting rehab for the umpteenth time.
But not to feel, not to care... 'Right now', Kay thought, 'she's happier than I am.'"
"Kay tinha lido o arquivo do começo ao fim. Ela sabia que quase tudo de valor na vida de Terry Weedon tinha sido sugado pelo buraco negro de seu vício; que isso já a tinha custado dois filhos; que ela mal conseguia dar conta de outros dois; que ela se prostituía para pagar pela heroína, que ela já tinha se envolvido em muitos tipos de crimes mesquinhos; e que, atualmente, ela estava tentando a reabilitação pela enésima vez.
Mas ela não sentia nada, não se preocupava com nada... 'Nesse momento', Kay pensou, 'essa mulher está mais feliz do que eu.'"


"The mistake ninety-nine percent of humanity made was being ashamed of what they were; lying about it, trying to be somebody else. (...)
The difficult thing, the glorious thing, was to be who you really were, even if that person was cruel or dangerous, particularly if cruel and dangerous. There was courage in not disguising the animal you happened to be."
"O erro que noventa e nove por cento da humanidade cometia era o de sentir vergonha de quem era; mentir sobre isso, tentar ser outra pessoa.
(...)
A coisa difícil, a coisa gloriosa, era ser quem você realmente era, mesmo se tratando de alguém cruel e perigoso, principalmente se cruel e perigoso. Havia coragem em não disfarçar o animal que se era."


"It was so good to be held. If only their relationship could be distilled into simple, wordless gestures of comfort. Why had humans ever learned to talk?"
"Era tão bom ser abraçado. Seria tão diferente se o relacionamento se resumisse em simples, gestos mudos de conforto. Por que os humanos foram aprender a falar?"

"She wanted to cry so much that the muscles in her throat were painful."
"Ela queria tanto chorar que os músculos de sua garganta estavam doendo."

"It was strange how your brain could know what your heart refused to accept."
"Era estranho como o cérebro podia saber o que seu coração se recusava a aceitar."
comentários(0)comente



Potterish 26/02/2013

Uma cidade, um homem, uma divisão
“Morte Súbita”, de J.K. Rowling

Em uma cidade pacata, uma morte inesperada faz com que as pessoas comecem a mostrar o pior lado de suas personalidades. As máscaras de polidez e boas maneiras são jogadas para o alto. Intrigas políticas, sexo, drogas, sentimentos desencontrados, críticas a sociedade, personagens marginalizados formam a complexidade da vida no idílico vilarejo de Pagford.



Na noite do seu aniversário de casamento, Barry Fairbrother cai morto na frente da esposa e de todos os freqüentadores do clube que, aquela hora da noite, estavam jantando e se divertindo no local. No dia seguinte, a notícia já correu toda a pequena cidade de Pagford: um dos conselheiros mais importantes havia morrido, e o choque para muitos é grande, enquanto para outros, a morte de Barry pode ser considerada até bem vinda. É o caso de Howard Mollison, que vê na nova situação uma chance de “devolver” definitivamente o bairro de Fields a Yarvil e de fechar a clínica de reabilitação para dependência química que atende, na maioria, pessoas de Fields, além do fato de a escola local ter que aceitar alunos de caráter duvidoso, também originários de Fields. A morte de Barry deixa a briga mais acirrada, já que seus partidários defendem a permanência da clínica, enquanto o lado oposto, liderado por Howard, seu opositor mais ferrenho, defende o contrário. A partir daí, a vida dos moradores de Pagford e Yarvil é mostrada nas figuras de, não somente, mas principalmente, Krystal, Bola e Andrew, adolescentes com seus próprios problemas que, de uma forma ou outra, têm a vida afetada pela morte de Barry.

Não posso dizer que foi uma leitura fácil. Li mais da metade do livro em um dia, principalmente porque queria saber qual era o tal clímax da história. Infelizmente, não consegui perceber nenhum. Os personagens não são marcantes, pelo menos não da forma que como o leitor está habituado nas histórias de Rowling, mas a história segue os moldes já conhecidos pelos fãs da autora: todos eles têm um lado obscuro que vem à tona no pior momento; existe uma história e um motivo que justifica suas personalidades egoístas. Um ponto negativo: o enredo falha quando começa a se alongar. Mesmo não se perdendo em detalhes, a história se arrasta demais ao longo de mais da metade do livro, e só começa a melhorar nas últimas partes. Mesmo assim, vale a pena ler porque, como sempre, Rowling consegue surpreender o leitor.

Resenhado por Natallie Alcantara

501 páginas, Editora Nova Fronteira, publicado em 2012. *Título original: The Casual Vacancy.
comentários(0)comente



29 encontrados | exibindo 16 a 29
1 | 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR