Lodir 31/01/2010Um dos livros mais mal escritos que já líSe você ler a minha resenha para o primeiro livro da série O Vendedor de Sonhos, e depois ler a minha resenha para o segundo, vai notar uma tremenda diferença.
Esse segundo livro trás muitos dos erros do primeiro livro, só que em quantidades maiores. Vamos começar pelo próprio título: enquanto o primeiro se chamava "O VENDEDOR DE SONHOS - O CHAMADO", assim, sem ser um único título (ou seja, título e subtítulo), Augusto Cury optou por batizar o segundo livro de "O VENDEDOR DE SONHOS E A REVOLUÇÃO DOS ANÔNIMOS", ou seja, fez um único títitulo e não usou subtitulo, como no anterior. Mais certo seria "O VENDEDOR DE SONHOS - A REVOLUÇÃO DOS ANÔNIMOS". Isso dá um descompasso quando você vai nomear a série, já que pelos títulos ela não seria uma continuação. Esse problema é visivel aqui no Skoob (que separa título do subtítulo no cadastro de cada livro) por exemplo, já que para poder encaixar o livro no cadastro do site, colocaram ele da forma que sugeri acima, ou seja, com título e subtítulo, e não um título só, já que surgiria um problema na pesquisa quando alguém procurasse o nome da série no campo de busca.
Bem, os problemas não param por aí. Augusto Cury é um péssimo romancista. Ele parace um autor de não-ficção (ou livros de auto-ajuda) que se atraveu a escrever um romance sem ser fâ do estilo. Existem erros colossais no livro, que mostram que nem o próprio autor nem a editora fez um revisão do livro antes de publicá-lo. É como se o autor tivesse escrito tudo de uma vez, e o livro fosse direto para a gráfica. Editores profissionais não passaram por ele.
Augusto coloca aspas onde não precisa, destaca palavras em inglês de forma desnecessária, usa vírgula quando deveria usar ponto e vírgula e esquece da vírgula quando necessário. Também esquece de colocar travessões quando um personagem começa a dialogar e faz outros erros do tipo. Algumas horas você se confunde se o texto é do narrador ou de um personagem, já que ele começa sem o travessão, mas depois percebe que é mesmo uma fala. Diversas vezes notei que uma frase ou parágrafo começava com aspas, mas depois não havia outra que fechasse mais a frente. Ele simplesmente esquece de colocar as duas aspas na frase, e a editora não revisa!
Como se não bastasse, o livro é cheio de repetições do primeiro livro, tanto de cenas quanto de pensamentos. Algumas cenas são tão parecidas com as do primeiro volume que você tem a sensasão de estar lendo o mesmo livro duas vezes. Os mesmos temas e pensamentos do livro anterior vontam a ser discutidos.
Na contra-capa do livro há a seguinte frase: "Os livros da série O Vendedor de Sonhos não precisam ser lidos em sequência." Como? A frase já é estranha. Como pode uma série de romance em que os livros não precisam ser lidos em sequência? Basta ler o segundo livro para entender o erro. O livro tenta narrar em alguns parágráfos todos os acontecimentos do primeiro, para o leitor que não o leu. Pior: ele simplesmente ignora o climax do primeiro livro e o repete no segundo! Isso mesmo! O autor faz mistério e no final do livro desvenda o que já havia revelado no primeiro, fazendo o leitor que já leu o primeiro volume de idiota. Sinceramente, gostaria de ter ficado sem seus mistérios.
Mas se você já está desanimado com o livro, espere: a ainda uma grande contradição. Em certa parte, o livro critica o que o autor chama de "a geração Harry Potter", dizendo que os jovens de hoje não leem ou só leem o que a escola manda e a série, tornando-se mimados, respondões para os pais e blablabla. Os fãs da série Harry Potter devem ficar bem ofendidos com essa parte, ainda mais aqueles que como eu sabem que o mesmo autor publicou há alguns anos um livro chamado Harry Potter e a escola da vida (ou algo do tipo) em que, acreditem, ele usa os ensinamentos dos livros da série Harry Potter para educar os jovens!! Inacreditável. Se você ler o livro, percebe que Augusto Cury só usou o nome e a imagem do pesonagem (digo imagem por que o livro usa um dos posters dos filmes Harry Potter na capa) apenas para vender livros de carona em um fenômeno do momento. E se ainda não bastasse, critica os fãs da série, anos depois, em seu O Vendedor de Sonhos. É para acabar, mesmo.
Augusto Cury desceu muito no meu conceito, e por diversos motivos, como podem ver acima. Só um motivo explica o sucesso dessa série na lista dos mais vendidos: a boa intensão do autor de corrigir diversos pensamentos errados da sociedade. Mas, mesmo assim, se você procura ler um romance bem escrito, passem bem longe quando for a um livraria. Se antes os críticos detestavam Paulo Coelho, o mais vendido dos autores brasileiros, agora eles tem Augusto Cury fazendo sucesso.