Flavio Assunção 28/06/2012O lugar errado, na hora errada. É a partir disso que tudo acontece na vida de Spencer Grant. Ao se apaixonar por Valeria Keene após encontrá-la em um bar, ele segue seu instinto de que ela era a mulher certa para ele. Mas mal sabia que seus instintos também lhe guiariam para uma experiência aterradora, já que, ao invadir a casa da moça (após não ser atendido), é surpreendido por um batalhão paramilitar que chega com tudo para executá-lo. Ao conseguir escapar, só existem duas coisas a serem feitas: encontrar a mulher que ama, descobrindo assim o que ela esconde para ser perseguida, e continuar fugindo, já que ao criar essa ligação com Valeria ele também se transformou em alvo.
Como é comum nos livros de Koontz, a história é alternada entre mocinho e vilão a cada capítulo. E o vilão em questão é Roy Miro, que está a frente desse grupo paramilitar, que possui a finalidade de "fazer justiça com as próprias mãos" nas mais diversas situações. E Miro não medirá esforços para capturar o casal por representarem uma ameaça ao bom funcionamento da organização. O porque disso só vai ser explicado no decorrer da narrativa.
Assim como se alterna entre mocinho e vião, o livro também tem outra alternância, mas esta mais desagradável: alterna bastante entre momentos de ação e descrições excessivas. São muitos os momentos em que o ritmo é quebrado abruptamente para páginas cansativas e passagens extensas. Não que não sejam interessantes, pois o são. Mas seriam melhores se mais enxutas. Faltou polimento nesse quesito. No final das contas, a impressão que dá é que das quase 600 páginas do livro, apenas algo em torno de 60% importa.
No mais, destaco a construção psicológica dos personagens como sendo algo de destaque (o que não é novidade, já que estamos falando de um livro de Dean Koontz) e do importante aprendizado sobre tecnologias que estão fora do alcance dos meros mortais. Falo dos equipamentos de última geração, utilizados em espionagem e que na história servem para auxiliar o grupo paramilitar na perseguição dos fugitivos.
Sim, Dean Koontz criou uma ótima trama, mas é fato que faltou polimento. Indico para os leitores assíduos do autor. Mas para quem inicia, indico outras obras, como "Velocidade", "Intrusos", "Intensidade" e "Meia-Noite". "Os Caminhos Escuros do Coração" pode esperar um pouco. Fica a dica.